O CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), por meio de seu presidente, Marco Antonio Rey de Faria, negou a informação divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta quinta-feira (9) de que teria feito críticas ao novo anúncio da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), elaborado pela Leo Burnett Tailor Made e veiculado nos jornais Metro, Folha de S.Paulo e Destak; e na revista Época.
A peça, que tem como objetivo incentivar a doação de órgãos, simulava um “recall” de córneas de pessoas nascidas entre 1988 e 2010. Nela, o público era convocado a substituir o órgão, sob alegação de que correria o risco de desenvolver ceratocone, doença grave que pode levar à cegueira. “Constatada a necessidade de substituição da córnea, os serviços serão realizados em, aproximadamente, sete dias úteis”, dizia a peça, que, em seguida, explicava a brincadeira com a mensagem “Não é tão simples assim substituir um órgão doente”.
Segundo o veículo, Paulo Augusto de Arruda Melo, membro do CBO e da câmara técnica de doação de órgãos do Ministério da Saúde, teria afirmado que o anúncio, além de confuso, “mais afasta que traz doadores”, pois “traz uma imagem negativa e dá a impressão de que o transplante pode dar errado”. No entanto, garante Rey de Faria, trata-se de uma opinião isolada, não corroborada pelo conselho e erroneamente divulgada pelo jornal. “Nós não fizemos nenhum tipo de crítica à campanha”, afirma.
A ABTO, que alega não ter recebido pedidos de alteração do anúncio por parte de nenhuma instituição, dispôs-se a corrigir qualquer possível confusão causada. “O anúncio busca mostrar que fazer um transplante não é tão simples quanto trocar uma peça quebrada, como muitos pensam. A peça foi muito bem feita e só recebemos elogios até agora, principalmente por chamarmos a atenção do público de uma forma tão inusitada, que sai do ‘morno’ das campanhas tradicionais. Até estudamos realizar algumas pequenas alterações, para que confusões sejam desfeitas”, afirma José Osmar Medina Pestana, presidente da ABTO.
“A gente trabalha com a ABTO há muito tempo e temos muito orgulho do que fazemos. É uma honra produzir peças que ajudem as pessoas a discutir o tema da doação de órgãos. A intenção das peças é sempre essa: gerar debate. Quanto mais gente estiver falando de doação, melhor”, declarou Marcelo Reis, vice-presidente de criação da Leo Burnett Tailor Made. De acordo com a agência, o plano de mídia já foi encerrado e não haverá a veiculação da peça novamente.