Celebração memorável
A SRCOM, sob o comando do Flavio Machado, que tem como desafio estar à frente da produção das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Rio 2016 e outros eventos olímpicos que vão projetar o país para bilhões de pessoas ao redor do mundo, se uniu à holding italiana Filmmaster Group, para formar a Cerimônias Carioca 2016, agência criada para atender o Comitê Olímpico. Com 28 anos de atuação, a SRCOM de Machado e os sócios Sheila Roza, Abel Gomes, Paulo Cesar Ferreira e Guili Alves tem em seu portfólio projetos memoráveis como Réveillon de Copacabana evento que produz há nove anos, FIFA Fan Fest™ Rio, Jornada Mundial da Juventude, com a visita do Papa Francisco, as cerimônias dos Jogos Mundiais Militares, entre outros de repercussão mundial. Já a Filmmaster Group tem centros operacionais em Milão, Roma, Madri e Dubai. Entre as suas produções internacionais, estão: Entrega da Bandeira na Cerimônia de Encerramento dos XIX Jogos Olímpicos de Salt Lake City 2002; Cerimônias de Abertura e Encerramento dos Jogos Olímpicos de Turim 2006; Cerimônia de Abertura dos IX Jogos Paraolímpicos de Turim 2006; Cerimônias de Abertura e Encerramento dos XVI Jogos do Mediterrâneo (Itália, 2009); Cerimônia de Inauguração da Donbass Arena (Ucrânia, 2009), entre outros. Com crescimento de 37% no último ano, a SRCOM superou o crescimento do mercado de eventos no Brasil que cresce a média de 14% ao ano e movimentou R$209,2 bilhões em 2013, segundo a ABEOC (Associação Brasileira de Empresas e Eventos). Entre os países onde a empresa já atuou destacam-se a China (Casa Brasil nos Jogos de Pequim 2008), México (A maior árvore de Natal do mundo, segundo o GuinessBook) e Estados Unidos (Brazilian Day em NY).
Qual é o desafio de produção das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Rio 2016 e dos demais eventos olímpicos, considerando que irão projetar o país para bilhões de pessoas ao redor do mundo?
O tamanho da responsabilidade de fazer um trabalho dessa magnitude. Nós já realizamos projetos grandes, expressivos, vistos por milhões de pessoas como a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Mundiais Militares, em 2011, o lançamento da camisa oficial da seleção brasileira para a Nike, em 2013, e o Réveillon de Copacabana há nove anos, mas nada se compara a uma cerimônia de abertura olímpica ou paralímpica. Esse é o ápice de qualquer agência do nosso segmento. Com o fato de ser em casa, a cobrança será grande. Temos que pensar em cerimônias que agradem prioritariamente os brasileiros.
Tem expectativas em relação ao retorno que este trabalho pode trazer à SRCOM?
O nosso foco é fazer as melhores cerimônias possíveis. Se forem bem recebidas, vão surgir oportunidades e novos caminhos para trabalhar em outros países, assim como disputar grandes produções com as melhores agências do mundo.
Quais as particularidades na realização de uma cerimônia dos Jogos Olímpicos em relação aos trabalhos que a SRCOM já fez?
Certamente a complexidade da operação e a responsabilidade. É desafiador unir uma equipe com diversos talentos do mundo que estão trabalhando juntos pela primeira vez e diretores criativos que foram selecionados, mas não necessariamente já trabalharam em um projeto dessa magnitude. É totalmente diferente de tudo o que fazemos regularmente. O desafio de fazer toda essa engrenagem funcionar, essa orquestra não desafinar, não tem como comparar a outro projeto já desenvolvido pela SRCOM.
Qual o investimento necessário para produção dos eventos Olímpicos? E qual a estrutura que isso demandará em termos de profissionais, materiais, parcerias, tempo de preparação…
Serão 800 voluntários de produção, 10 mil figurinos, três mil quilos de pirotecnia, dois mil canhões de luz, 14 km de cabos, 205 países participando com atletas, 400 mil horas de trabalho, equipe com 250 pessoas, 500 horas de ensaio, oito mil inscrições recebidas e 12 mil voluntários.
Qual a importância dos eventos realizados pela SRCOM, como Réveillon de Copacabana; os Atos Principais da Jornada Mundial da Juventude com a visita do Papa Francisco para a imagem do Brasil lá fora?
Esses projetos têm muita visibilidade internacional. O Réveillon de Copacabana, por exemplo, ajuda a promover a imagem da cidade pelo mundo e traz um volume grande de turistas, resultando em arrecadação. Por exemplo, esse ano foram 857 mil turistas que movimentam uma renda de US$ 686 milhões na cidade. A ocupação hoteleira foi superior a 90% na orla da Zona Sul.
E qual é, atualmente, a importância dos eventos para as marcas em tempos que se valoriza o conteúdo e busca-se relacionamentos com os consumidores?
A importância dos eventos para as marcas é absoluta e só tende a crescer. Para falar com autenticidade, você precisa fazer ações que fortaleçam o seu discurso e as ativações de marca e patrocínios atendem esse objetivo. Através de projetos próprios, você gera conteúdos que podem ser usados de diversas formas. Os consumidores hoje tendem a ficar cada vez mais dispersos diante de diversos pontos de contato desde mídia tradicional até as redes sociais, sempre em busca de conteúdos que eles curtem e que tenham a ver com eles. Algumas marcas já estão antenadas e as que não estão devem ficar mais atentas, olhando esse ponto com inteligência. Quando as marcas proporcionam ao público consumidor a oportunidade de vivenciar algo, a chance de aquilo ficar marcado na memória é muito maior. Por isso o nosso slogan é “ideias que marcam”, porque temos ideias para serem experimentadas e vivenciadas, transformando um momento em algo memorável, fazendo com que o público lembre do que vivenciou por um período longo.
Qual foi o evento mais difícil de realizar? Por quê?
O evento mais difícil é sempre o último (risos). Temos a capacidade de esquecer dos problemas passados e lembrar das coisas boas, sempre com um desafio a frente.
Como será o Réveillon de Copacabana, alguma novidade em relação ao ano passado (a revista só sairá na segunda quinzena do mês de janeiro, antes disso não publicaremos)?
A maior festa a céu aberto do mundo, o Réveillon de Copacabana, celebrou esse ano um momento de grande expectativa pelo qual o Rio de Janeiro passa, com a realização dos primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul. A festa homenageou ainda um dos principais ritmos brasileiros: o samba, que celebra seu centenário em 2016 e apresentamos, pela primeira vez, um espetáculo teatral, o SamBRA. O tradicional espetáculo de fogos ainda contou com um rufar de dois mil tambores que acompanhou um momento memorável: todo o céu de Copacabana foi iluminado pela cor branca, causando um grande impacto e uma mensagem de paz. Todo o espetáculo pirotécnico foi sincronizado com uma trilha sonora desenvolvida especialmente para a chegada de 2016. Composta por Beto Villares e Antonio Pinto, os responsáveis também pela trilha das cerimônias olímpicas, a trilha da virada contou com ritmos que exaltaram, sobretudo, o espírito esportivo. O palco principal, com 65 metros de extensão, ainda teve mais uma surpresa: telas de projeção com luzes de LED, formaram um grande relógio digital, entusiasmando ainda mais o público durante a contagem regressiva nos últimos segundos de 2015.
Qual o investimento realizado para o Réveillon de Copacabana?
Números só com a prefeitura.
Quais os desafios deste tipo de operação no Brasil? E quais as oportunidades?
O primeiro desafio é sincronizar tudo. Ter certeza que todo o espetáculo funcione na mais perfeita sincronia com o horário. A queima de fogos não pode atrasar um segundo sequer, temos que ter uma precisão muito grande.
Qual sua análise da abertura e encerramento da Copa do Mundo aqui no Brasil?
As cerimônias da Copa do Mundo no Brasil, apesar das críticas, não são cerimônias piores do que outras copas do mundo. Elas não têm tanta tradição como as cerimônias olímpicas, elas acontecem de dia, numa superfície praticamente intocável, que é o gramado, e que poucos segundos depois recebe a primeira partida de futebol, que é na verdade a grande estrela do espetáculo. As cerimônias olímpicas acontecem na noite anterior e é a protagonista daquele dia, recebendo pessoas que foram até o estádio para assistir exclusivamente aquele evento. Na Copa do Mundo existem várias restrições técnicas. Ainda por cima, acontece durante o dia, o que limita os efeitos de iluminação e pirotecnia, por exemplo. Não dá para comparar a abertura da copa do mundo com uma abertura olímpica.
A SRCOM possui escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro, mas atende em todo país? Alguma expansão prevista?
Não existe um planejamento de expansão física. Vamos manter os escritórios do Rio e em São Paulo, mas realizando projetos em outros estados caso surjam oportunidades.
Como será feito o revezamento da Tocha?
A tocha olímpica vai percorrer 300 cidades brasileiras, em 26 estados e o Distrito Federal, contando com a participação de 12 mil pessoas. A chama sairá de Brasília e irá percorrer o território brasileiro durante quatro meses, até chegar ao estádio do Maracanã, quando a pira olímpica será acesa na festa de abertura dos jogos, no dia 5 de agosto. Quando a tocha chegar ao Rio de Janeiro, ela vai carregar a energia positiva do Brasil inteiro engajado, de Oiapoque ao Chuí, até chegar na cerimônia de abertura.
Qual o ingrediente indispensável para se ter como resultado um evento memorável?
Uma mistura de momentos de emoção com uma equipe experiente e qualificada para entregar tecnicamente o melhor. Criatividade com capacidade de emocionar.
Trabalha em parceria com agência de publicidade?
Trabalhamos eventualmente, de acordo com oportunidades que surgem.
Qual o diferencial da SRCOM?
Com o know-how de grandes espetáculos que temos, até quando realizamos um pequeno projeto corporativo, levamos a mesma emoção de um grande evento para o público, tornando-o memorável.
Como se dá a parceria da SRCOM com a holding italiana FilmmasterGroup, para formar a Cerimônias Carioca 2016?
Essa foi uma parceria necessária para as duas agências e está funcionando muito bem. Somos agências muito complementares, eles têm experiência prévia, nós temos conhecimento do Brasil, com eventos de grande porte e estamos trabalhando com uma afinidade muito grande.