CEOs esperam ano difícil, mas acreditam em retomada da economia
A consultoria internacional PwC (PricewaterhouseCoopers) apresentou nesta terça-feira (19), durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, uma pesquisa que revela a preocupação dos CEOs das maiores empresas globais com o cenário da economia no mundo e também no Brasil.
De acordo com os resultados da 19ª Pesquisa Global com CEOs da PwC, que ouviu 1.409 líderes de grandes companhias, são poucos os executivos que estão confiantes a curto prazo. E no Brasil os otimistas estão abaixo da média global. Entre os brasileiros, apenas 24% declaram estar muito confiantes no crescimento das empresas que lideram este ano, mostrando uma queda de 6% em relação ao ano passado. Além disso, a expectativa é mais baixa do que a média global. No mundo, 35% acreditam que viverão um bom ano.
Em relação à economia do país, 39% dos líderes empresariais do Brasil preveem melhoria no cenário macroeconômico em 2016. No entanto, demonstram altíssima preocupação com temas como déficit fiscal e o peso da dívida (93%), e o aumento de impostos (89%), além da corrupção (83%), custos altos e inesperados com energia (74%) e regulação excessiva da economia (83%). Entre os brasileiros, 72% dos executivos observam mais ameaças para a saúde das empresas hoje do que viam três anos atrás.
Ao analisar o desempenho do governo, 98% dos CEOs do país consideram que os gestores públicos têm sido ineficientes no trabalho de promover um sistema de impostos claro, estável e efetivo. Em relação ao trabalho de formar mão de obra qualificada, 91% reclamam do país.
A gestão federal da presidente Dilma Rousseff tem sofrido críticas de empresários por aumentos de impostos
Outra questão apontada por 48% dos líderes da iniciativa privada como um problema para o desenvolvimento de seus negócios no Brasil é a falta de infraestrutura, tanto física como digital.
Otimismo só no longo prazo
Em contraste ao pessimismo para 2016, no longo prazo a maioria acredita que haverá uma virada considerável para melhor. Segundo o estudo, 54% dos CEOs de empresas que atuam no Brasil acreditam em uma retomada dos lucros de suas empresas nos próximos três. A expectativa dos brasileiros a longo prazo está acima da média global, que ficou nos 49%.
“A despeito do momento conturbado pelo qual passa o Brasil, nossa economia tem enorme potencial de crescimento”, diz Fernando Alves, sócio presidente da PwC Brasil. “Temos uma população jovem, um mercado consumidor com potencial para crescer ainda mais e necessidade de investimentos em infraestrutura, que devem ser realizados nos próximos anos. Os fundamentos para retomar a trajetória de crescimento permanecem”, acrescenta, diz.
Cenário internacional
No âmbito internacional, questões políticas e socais como guerras civis na Síria e no Iraque, deslocamentos de refugiados para a Europa e conflitos entre país como Rússia e Ucrânia tem preocupado cada vez mais os presidentes de grandes empresas. A pesquisa da PwC aponta que 74% dos entrevistados demonstraram inquietação com questões geopolíticas, que no momento só estão preocupando menos do que a regulação dos mercados que tem sido considerada excessiva pelos executivos nos últimos anos após a crise mundial eclodida em 2008. A preocupação com o aumento da regulação se mantém em primeiro lugar pelo quarto ano consecutivo, este ano apontada por 79% dos líderes empresariais.
“Independentemente do porte da empresa, os desafios enfrentados estão se tornando mais complexos, envolvendo geopolítica, regulação, segurança da informação, desenvolvimento social, pessoas e reputação”, diz Dennis Nally, chairman global da PwC., que comandou a apresentação do estudo em Davos e mencionou repetidamente termos como “economia em transição” e “momento de desafio”.
Denis Nally, chairman da PwC, durante apresentação do estudo a jornalistas no Fórum Econômico Mundial
Argentina promissora
Depois de mais de uma década sendo vista como imprevisível, com a eleição do empresário Mauricio Macri para a presidência a Argentina aparece no estudo como um dos mercados mais promissores em 2016. O país foi citado positivamente por 20% dos CEOs brasileiros, atrás apenas de Estados Unidos (59%) e China (39%), apesar das ameaças de desaceleração do gigante asiático.