Chupa Mc! Chupa Burger King!
Francisco A. Madia de Souza
A novidade não está no prato. Está no espaço, na forma e no tempo de comer. Pão cortado ao meio, carne moída, compactada e grelhada no recheio, catchup e ou mostarda e ou maionese e ou tudo o mais que a imaginação for capaz. O velho e ou o novo hambúrguer continuam fundamentalmente os mesmos, mas o espaço, a forma e o tempo agora são outros. Mudamos!
No mundo velho, o de ontem, a moda era comer depressa na crença de que valia a pena acelerar para aproveitar mais o dia e fazer mais negócios. Quarenta anos depois se chega à conclusão de que não vale. “Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles num pão com gergelim” virou vintage. Volta-se a ele de vez em quando para matar a saudade, mas agora hambúrguer virou prato chique, sofisticado, servido com gosto e arte, e comido vagarosamente por pessoas sentadas em mesas e acompanhado por uma boa cerveja ou taça de vinho.
Em paralelo, cresciam e prosperavam as redes de casual dining. Apostando em comer devagar e gostoso e em ambiente acolhedor com os da família de casa e os da família da empresa, apostando em saladas, massas, ribs ou chiken on the barbie… Rapidamente pegaram carona, aderiram à onda dos hambúrgueres gourmet e hoje voam baixo com os The Outbacker Burger, The Mad Max, Cowboy Burger, Big Apple Burger e muitos outros mais. Outback, Applebees, Abbraccio, Red Lobster, PF Chang’s, Cheesecake Factory, Olive Garden, Madero não nasceram para, mas contabilizam parcela expressiva de suas receitas na onda do hambúrgueres gourmet.
Único representante expressivo e genuinamente brasileiro na parada, o Madero, originário de Curitiba, hoje com 50 restaurantes no Brasil e mais 35 novas unidades – nos planos – até o fim de 2016, com um lucro operacional de R$ 45 milhões, atribui a adesão aos hambúrgueres gourmet o condimento que faltava para acelerar sua decolagem.
Junior Durski, o senhor Madero, nasceu em Prudentópolis. Filho de quituteira e churrasqueiro, trabalhou como madeireiro durante 15 anos em Rondônia, mas, a partir de 1999, transformou sua paixão por gastronomia em negócio. Começou com o Durski – comida polonesa –, abriu outros cinco restaurantes e, até 2005, só perdeu dinheiro. Mas ganhou experiência. Até o dia que descobriu o casual dining, lançou o Madero e, em plena decolagem, decidiu agregar ao cardápio a onda dos hambúrgueres gourmet. De lá para cá, só faz crescer.
Chora Mc, chora Burger King! Choram todos os que apostaram exclusivamente no fast e negligenciaram no food. Um dia as pessoas iriam redescobrir valores básicos e essenciais de uma vida com um mínimo de qualidade. Em que comer bem, gostoso, em lugar bonito e devagar, personalizando a comida ao gosto, libertando-se de receitas rígidas e inflexíveis em benefício da rapidez, prevalece.
Definitivamente não fomos condenados a comer Big Mac, Coke e french fries até o final de nossos dias. Thanks, God!
Francisco A. Madia de Souza é consultor de marketing, sócio e presidente da MadiaMundoMarketing