Cidades criativas
As eleições municipais definiram os novos prefeitos do nosso país. Agora é a hora de cada um dos eleitos(as) enfrentar a grande responsabilidade de fazer a gestão de uma cidade.
Uma tarefa difícil, porém nobre. Na minha opinião, é uma das funções públicas mais difíceis por causa da proximidade dos eleitores.
Proximidade que os torna mais críticos, já que o trabalho dos prefeitos impacta o dia a dia das pessoas de uma forma mais tangível e perceptível.
Um agravante é o momento econômico do país, mais particularmente das prefeituras, parte delas sem recursos até para o básico. O que fazer? Que tal mergulhar em processos criativos?
Na cidade em que vivo, a megalópole São Paulo, temos a sorte de contar com um prefeito eleito que valoriza as soluções criativas e não esconde suas intenções de mobilizar lideranças e a iniciativa privada, como um todo, para uma administração colaborativa, criativa.
Criatividade está em repensar a administração de um espaço de grande interesse popular. Um parque, por exemplo. Muitas pessoas querem curtir um parque, mas querem fazê-lo num espaço bem cuidado, seguro, com equipamentos modernos. E isso pode atrair a iniciativa privada.
Afinal, onde tem boa quantidade de público, tem negócios. E isso pode interessar aos empresários. Seja para assumir a gestão de venda de alimentos e bebidas ou simplesmente exibir sua marca.
Alguns mais puristas poderão dizer: “mas isso não é atribuição da administração municipal?”. Na minha opinião, uma boa administração municipal deve garantir o bem estar das pessoas, mas não necessariamente “bancar” todos os serviços.
Uma administração moderna e criativa pensa em parcerias, pensa em PPPs, pensa em concessões, pensa em privatização. E cobra a qualidade! O prefeito eleito já começou a trabalhar nessas iniciativas inovadoras e não demonstra receio em enfrentar problemas e as enormes demandas de uma das maiores cidades do mundo.
O fato surpreendente da semana passada foi o convite a um dos mais criativos e geniais profissionais da recente história brasileira: o Boni.
Dória convidou Boni, que deverá aceitar assumir a Secretaria de Cultura de São Paulo. Boni já fez muito pela iniciativa privada, ajudando a consolidar um dos maiores e mais premiados grupos de comunicação do mundo. Torço para que aceite.
Alguém tem dúvida do que ele pode fazer agora por uma cidade? Boni não é político, nem quer ser. O seu único interesse será fazer algo impactante pela cultura de São Paulo.
Trazer gente desse quilate, sem o vício da política, é uma iniciativa criativa. Muita gente confunde criatividade, julgando-a uma atividade restrita ao campo das artes, da cultura. Um dom de poucos. Mas isso não é verdade.
A criatividade pode – e deve – permear todas as atividades humanas. Principalmente a gestão pública. Se eu pudesse dar um recado aos novos prefeitos, não hesitaria em estimulá-los a iniciar sua gestão convocando a sociedade para um trabalho colaborativo, sob processos de criatividade. Que tal iniciar, por exemplo, com sessões de Design Thinking?
De uns tempos para cá, me aprofundei no conhecimento dessa fantástica ferramenta e tenho liderado processos de geração de insights e novas soluções para problemas antigos por intermédio do Design Thinking. Trata-se de um processo de profunda reflexão sobre os desafios a serem enfrentados, culminando com sessões de geração de ideias, prototipação de ações e sua efetivação.
Tudo isso feito de forma colaborativa, com empatia e intensa participação dos “stakeholders”. Numa prefeitura, stakeholders são os secretários, os vereadores, mas também a população.
Juntar todo mundo na geração de ideias pode ser um bom começo. Desejo muito sucesso aos novos prefeitos! Que a criatividade esteja com vocês!
Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)
alexis@fenapro.org.br