CNN NO AR
A NOTÍCIA CHEGOU
– Com o prestígio e a força do maior canal de notícias do mundo, a marca CNN desembarca no país em meio a toneladas de equipamentos, milhares de metros quadrados de estúdios e centenas de profissionais
– Anunciantes e agências se agitam diante de um novo canal de comunicação com o consumidor, assegurado pela credibilidade conquistada em 40 anos de jornalismo
– Empresa anuncia a criação de Conselho Editorial para reforçar seu compromisso com a independência. Aliada aos jornalistas brasileiros, presença marcante da companhia norte-americana soma expertise ao negócio
– Projeto apresenta ao público e ao mercado de mídia um canal com contratações de peso, inovações e sem o vale-tudo pela audiência. Objetivo é consolidar a marca e oferecer uma nova opção de jornalismo
– Lançamento no ar será em março com um evento na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, um dos edifícios culturais mais importantes do Brasil
A revista Propaganda publicou edição especial, que reproduzimos nesse link, contando os bastidores da chegada da CNN e seu projeto de consolidar no Brasil a marca de jornalismo presente em mais de 200 países. Nossa equipe conversou com a alta cúpula da empresa e teve acesso a detalhes exclusivos da construção do mais novo canal de notícias do país.
A FÁBRICA DA NOTÍCIA
A sede da CNN ocupa 4.000 m2 em plena Avenida Paulista, reunindo um time de 160 jornalistas e um total de mais de 450 funcionários
Os números são impressionantes. Três sedes nacionais, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, além de correspondentes nas principais capitais do país e no exterior. No escritório principal, situado num amplo e moderno edifício em plena Avenida Paulista, um dos principais cartões-postais da cidade de São Paulo, serão 4.000 m², sendo que 800 m² foram destinados aos estúdios para a gravação de diversos telejornais e programas.
O prédio escolhido abrigou, no passado, o antigo Banco Real. Tem diante da sua porta de entrada um dos acessos à estação Trianon do Metrô, fica a 500 metros do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, e ergue-se, imponente, em meio ao coração da maior cidade da América Latina. Mas não é só isso.
A sede da CNN traz uma inovação entre as emissoras brasileiras: os pedestres da Paulista poderão acompanhar a programação em uma tela e visualizar os estúdios em funcionamento, ao vivo, como ocorre na região da Times Square, em Nova York, e em pontos de grandes aglomerações nos Estados Unidos. Com isso, os turistas e moradores de São Paulo ganharam uma atração inédita no país.
Nove toneladas de equipamentos novos, dezenas de vidros blindados. Na produção de jornalismo, 130 estações individuais, além de 25 estações de pós-produção de conteúdo e 800 telas espalhadas para área de produção e operação do canal. Switchers e softwares foram fabricados especialmente para a CNN Brasil em diferentes países, para a integração multimídia e mais rapidez na informação.
A redação-estúdio da sede da CNN é uma das mais modernas entre as emissoras nacionais, seguindo o modelo consagrado da CNN norte-americana. Os mesmos padrões também serão adotados na linguagem visual do canal, com tarjas, vinhetas e layouts projetados a quatro mãos com os profissionais internacionais da CNN.
No comando das atrações, em todo Brasil, por trás das câmeras e na reportagem, 160 jornalistas. Ao todo, o time da CNN Brasil foi montado com mais de 450 funcionários, distribuídos pelas três sedes nacionais que darão vida à programação da maior marca de jornalismo do mundo.
O JORNALISTA EMPREENDEDOR
Como o sócio e CEO da CNN no Brasil idealizou implantar no país a marca de notícias mais conhecida do planeta. Ele revela os segredos do negócio
Entrevista: Douglas Tavolaro
Muita gente se pergunta como o maior canal de notícias do mundo, presente em 212 países e territórios, nunca havia trazido uma operação própria ao maior país da América Latina em quase quatro décadas de existência. Até hoje, mais de 210 milhões de brasileiros só puderam assistir à CNN em inglês ou em espanhol. Mas isso vai mudar a partir de março. E o responsável por trazer a marca ao Brasil, com um projeto produzido por brasileiros para brasileiros, após anos de tentativas frustradas, não poderia deixar de ser um apaixonado pela notícia – e por empreender.
O jornalista Douglas Tavolaro se formou na tradicional Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, e percorreu uma carreira com passagens em redações de vários veículos impressos e emissora de TV. “O jornalismo esclarece e forma cidadãos melhores. Cada vez mais é o pilar de sociedades desenvolvidas”, afirma Tavolaro, que cresceu em uma família de classe média e estudou grande parte da vida em escola pública.
O destino profissional do executivo o levou a criar e implantar o projeto de jornalismo da TV Record, durante 17 anos, até a sua saída do grupo, em janeiro do ano passado. Pediu demissão da empresa como vice-presidente de Jornalismo, após elevar o departamento de pouca relevância à segunda maior força do telejornalismo, com as maiores audiências e faturamentos da emissora. Sob seu comando, a Record venceu seus maiores prêmios em 65 anos de história. Com sensação de dever cumprido, partiu para trilhar o sonho de construir o próprio negócio.
Há mais de 15 anos, Tavolaro mantém relações editoriais e de negócios estreitas com os norte-americanos da CNN, período em que atuava como executivo de televisão. Dessa relação de confiança, surgiu o convite da CNN Internacional Commercial para montar o projeto no Brasil, assumindo uma participação societária na empresa e o cargo de “founder” (CEO fundador). Foi ele quem negociou com os executivos estrangeiros a participação de um investidor nacional para avançar no projeto.
As negociações em Atlanta, Londres e Nova York, sedes mundiais da CNN, foram conduzidas por Tavolaro durante meses em que elaborou, ao lado de sua equipe, o projeto editorial e o plano de negócios que deram vida à nova empresa. Então, convidou o empresário Rubens Menin, do ramo de construção e do setor financeiro digital, com quem afirma ter “relações de profunda amizade e admiração”, para entrar no negócio como seu sócio. A lei exige que empresas jornalísticas sejam de propriedade majoritária de brasileiros.
Nos últimos 12 meses, Tavolaro conduziu contratações de estrelas do vídeo, formou a liderança da empresa, selecionou executivos de jornalismo, planejou a estratégia de marketing, implantou investimentos em programação, distribuição e multiplataforma, firmou parcerias internacionais e estruturou as áreas de gestão e comercial da nova companhia. Agora, a rotina do executivo está cem por cento tomada pelos preparativos finais da estreia do negócio que está agitando o mercado de mídia brasileiro.
A revista Propaganda conversou com Tavolaro na sede da nova emissora, na Avenida Paulista. A entrevista não poderia ter ocorrido em outro lugar: a redação.
Como começou o sonho CNN para você?
A CNN é uma marca presente na formação de qualquer jornalista no mundo, admirada e reconhecida como referência máxima no conceito de produção de notícias. Ninguém se torna um profissional da nossa área sem estudar a trajetória da CNN como o primeiro canal 24 horas de jornalismo. Cresci com essa visão sobre a CNN, como qualquer outro jornalista. Esse desejo foi somado a um outro que aprendi com a minha família, que é o de buscar empreender. Meu avô, italiano, hoje com 96 anos, ex-prisioneiro na Segunda Guerra, chegou ao Brasil fugindo daquele período difícil na Europa e empreendeu. Meus pais empreenderam juntos em um pequeno comércio em São Paulo. Foram exemplos simples, mas bem expressivos para mim.
Isso parece ter sido marcante na sua vida?
Sim, muito. Essa visão empreendedora sempre esteve presente dentro de casa. Mesmo com negócios pequenos, aprendi com minha família a importância de se criar algo importante para a vida das pessoas. O objetivo maior do nosso projeto é ser relevante para o Brasil e os brasileiros, ajudar a melhorar o nosso país com a informação. A CNN nasce aqui com essa meta maior.
Quando aceitou comprar esta ideia, você se encontrava em um ótimo momento em sua carreira e com um futuro promissor. O que o fez ter coragem para dar esta guinada e encarar um novo desafio?
Como um jornalista não abraçaria o projeto de implantar no Brasil a maior marca de jornalismo do mundo? Impossível. Sou grato à Record por tudo o que vivi lá e pelas amizades que levarei sempre comigo. A honra maior agora é fazer parte de um canal que deseja ser importante na vida dos brasileiros. Fazer jornalismo com correção e qualidade para informar melhor.
O Brasil vive um momento de forte polarização política. A CNN vai se posicionar neste cenário?
Esse questionamento é normal no Brasil de hoje. Os últimos anos deixaram os extremos ideológicos muito opostos. Como tenho repetido, não seremos nem de direita, nem de esquerda. Nosso negócio é o jornalismo profissional: isento, transparente e rigoroso. O interesse que nos move é o da sociedade. Vamos trabalhar para colocar no ar as informações após cumprir um processo técnico de apuração e checagem. Teremos pluralidade de opiniões, com nossos analistas buscando sempre isenção e equilíbrio. Além disso, um Conselho Editorial, que será totalmente independente do Conselho de Administração, foi criado para reforçar a credibilidade e a imparcialidade do nosso jornalismo.
Como será a atuação desse Conselho Editorial?
Ele foi inspirado no posicionamento ético da AT&T quando realizou a aquisição da CNN nos Estados Unidos, em 2016. A companhia anunciou publicamente a independência editorial da CNN. O Conselho Editorial da CNN Brasil será formado por sete executivos jornalistas, além da minha presença, incluindo vice-presidentes, diretores, advogados especializados em mídia e consultores da CNN Internacional. Isso é garantia cem por cento de acertos? Não, mas reforça nosso compromisso em acertar. Erros ocorrem e devem ser corrigidos, com humildade e transparência. Mas seremos uma nova opção de notícia confiável para os brasileiros. Temos os melhores profissionais do mercado, na frente e por trás das câmeras, associados à marca global da CNN, para produzir um jornalismo de referência.
Como foi criada a estratégia de marketing do canal? A CNN é muito comentada mesmo ainda sem ter estreado.
Fizemos um trabalho dentro de casa. Tivemos o apoio de duas agências de comunicação: uma voltada às redes sociais e outra para atendimento à imprensa especializada no setor de TV e no mercado de mídia. As decisões estratégias e todo plano de divulgação, passo a passo, foram elaborados em encontros semanais do nosso comitê de vice-presidentes.
Como ter certeza de que a CNN vai dar certo? Quais as garantias?
Dois fatores me dão essa certeza: a competência da equipe que montamos e a convicção de que há espaço para um novo canal de jornalismo no Brasil. O público está ansioso por isso. Como empresa, temos um plano de negócios fundamentado, a longo prazo, em premissas diferentes do modelo tradicional da imprensa brasileira. A experiência dos Estados Unidos tem nos ajudado muito. Acreditamos em um caminho com rotas diferentes. Estamos prontos para disputar o mercado editorial, comercial e de distribuição com nossos grandes concorrentes. Uma de nossas vantagens comparativas é pensarmos diferente. Já nascemos cem por cento digitais, por exemplo. As empresas locais são importantes e estão estruturadas em décadas de tradição, mas há espaço para um novo player de jornalismo com a nossa bandeira e a nossa energia. Todas as pesquisas encomendadas por nós deixam isso claro.
E a curto e médio prazos? Qual a estratégia?
A nossa meta é consolidar a marca e nos apresentarmos como uma nova opção de informação para o público, sem o vale-tudo pela audiência. Vamos conquistar audiência tempo ao tempo, passo a passo, sem afobações. Esses objetivos estratégicos estão alinhados entre todas as partes que estruturam o nosso negócio. A indústria de mídia está em transformação e estamos prontos para essa nova era. Acreditamos que a tecnologia da operação, a modernidade de gestão, a qualidade dos produtos voltados ao nosso target, a marca, a força do nosso time e da nossa programação e o momento do país contam a nosso favor. O Brasil tem pedido uma nova opção de jornalismo
MARCA QUE FAZ HISTÓRIA
Criada de maneira visionária pelo empresário americano Ted Turner, hoje a CNN faz parte da WarnerMedia, uma das maiores empresas de mídia e entretenimento do mundo, e completará 40 anos em junho
Para compreender o tamanho da marca CNN no mundo, é importante que o leitor faça uma viagem no tempo, e aterrisse num período da história em que estar conectado o tempo todo, todos os dias, fazia parte apenas de sonhos delirantes e desenhos animados futuristas. Assim era o ano de 1980, quando Robert Edward “Ted” Turner, um empresário americano com então 41 anos, fundou o maior canal de notícias do mundo.
A proposta era visionária: uma emissora que transmitia uma programação de notícias 24 horas por dia. Naquela época, tratava-se não só de um passo imenso em direção a uma mídia ainda vindoura, mas também uma ousadia. Afinal, será que haveria mesmo público para acompanhar conteúdo jornalístico a qualquer hora?
Sim, havia. Foi, aliás, justamente por se dar conta de que muitas pessoas perdiam o noticiário ao chegar em casa depois das 18h30 que Ted Turner inventou a CNN. O sucesso foi imediato e só fez aumentar ao longo do tempo. Para se ter uma ideia, na virada da última década, em 2010, mais de 100 milhões de residências americanas tinham acesso ao canal.
Hoje, a CNN se espalhou pelo planeta. Suas sedes globais ficam em Atlanta e Nova York e, somadas a uma gigantesca indústria de notícias com redações em todos os continentes, incluindo empresas licenciadas, como a CNN Brasil, produzem conteúdo que cobre mais de 212 países e territórios. Nos Estados Unidos, sobre a liderança de Jeff Zucker, CEO da empresa, consolidou-se como referência absoluta de prestígio e qualidade de informação.
A CNN faz parte da WarnerMedia, que recebeu este nome em 2018, quando houve a compra da Time Warner pela AT&T, maior empresa de telecomunicações do mundo. Foram dois anos de negociação até que a fusão se completasse, dando origem ao que hoje é ao maior grupo de mídia e entretenimento do mundo em termos de receita. Entre as suas principais empresas estão gigantes de mídia como HBO, Warner Bros., DC Comics, Cartoon Netwoork e TNT.
Com a consolidação da WarnerMedia, mais uma vez a CNN ressalta sua característica visionária. É que, na opinião do mercado, o negócio, avaliado em US$ 85 bilhões, habilita o conglomerado a competir com companhias de internet como Netflix e Google.
O APOIADOR DO JORNALISMO
A trajetória de Rubens Menin, fundador de três empresas na Bolsa de Valores avaliadas em R$ 23 bilhões, e sócio-investidor do projeto que renovou o fôlego da imprensa brasileira
Quando Gabigol ergueu a taça que simbolizava seu time campeão da Copa Libertadores da América, em novembro passado, aquela vitória não era apenas do Flamengo. Estampada nas costas da camisa da melhor equipe brasileira e da América do Sul, a marca MRV também conquistava, ali, um troféu simbólico, porém repleto de mérito: o de uma das empresas que mais apoiam o esporte no país.
O campeão por trás desta conquista é o engenheiro mineiro Rubens Menin, fundador e presidente da construtora que patrocina também times como o São Paulo e o Atlético Mineiro (do qual é torcedor fanático), entre outros. A companhia se dedica, desde 1979, à construção e incorporação de empreendimentos residenciais populares em todo o Brasil.
Agora, Menin se lança rumo a mais um desafio, desta vez em um novo mercado. Ele é sócio-investidor da CNN Brasil e presidente do Conselho de Administração da nova empresa. Segundo o empresário, a iniciativa “tem como objetivo contribuir com a democratização da informação e a construção de uma imprensa plural”.
Em todos os seus negócios, Menin coleciona sucessos. Nos 40 anos de existência, a MRV já lançou mais de 400 mil imóveis, transformando-se na maior construtora do setor na América Latina. Atualmente, é a única companhia de seu ramo presente em mais de 160 cidades brasileiras, gerando seis mil postos de trabalho por ano. Foram mais de 120 mil chaves entregues nos últimos três anos. Em 2019, teve o maior lucro operacional da história da empresa e, segundo dados preliminares, as vendas líquidas totalizaram 5,4 bilhões de reais. Nos seus 12 anos como empresa listada na Bolsa de Valores, a MRV quintuplicou seu valor patrimonial.
Rubens Menin tem outros recordes. É o único empresário brasileiro a ter três companhias listadas na bolsa, todas fundadas por ele: além da MRV, o Banco Inter e a Log Commercial Properties. Mais de 200 mil brasileiros possuem ações nessas três empresas que, somadas, têm valor de mercado superior a 23 bilhões de reais.
A Log atua na construção, comercialização e gestão de condomínios logísticos que, após uma oferta de ações em outubro de 2019, já vale quase 2 bilhões de reais. E o Banco Inter, reinventado como banco digital pela família Menin, já vale quase R$ 14 bilhões e atraiu o Softbank como acionista.
Fundado em 1994, o Inter é uma das empresas do grupo que mais crescem e ganham valor. Um dos primeiros bancos digitais do Brasil, com operação totalmente neste formato desde 2015, a empresa não possui agências físicas. Com uma carteira de 4,1 milhões de clientes em 2019, o banco também não cobra anuidade de cartões nem taxas em suas contas correntes. Oferece serviços de investimentos e home broker. Nos campos de futebol, é o patrocinador máster do time do São Paulo.
As duas últimas investidas de Rubens Menin vieram no fim de 2019. A primeira foi ter conseguido a aprovação junto às autoridades municipais de Belo Horizonte para a construção da Arena MRV, o novo estádio do seu time do coração, o Atlético-MG. O terreno de 130 mil metros quadrados foi doado por Menin e a MRV pagará uma parte da construção como naming rights. O estádio tem previsão de ficar pronto em 30 meses e terá capacidade para 46 mil pessoas.
A segunda cartada foi a aprovação de um grande aporte financeiro da MRV na AHS Residential, uma incorporadora fundada por Menin nos Estados Unidos. A companhia compra terrenos, desenvolve projetos, constrói e aluga imóveis de médio custo. Hoje já possui mais de 2 mil apartamentos, em construção ou já prontos, no sul da Flórida e se expande em alta velocidade e com grande sucesso para outros estados norte-americanos.
NO COMBATE ÀS FAKE NEWS
Conselho Editorial independente e o conceito da “tríade”, criado pela emissora americana, reforçam a autonomia do projeto CNN no Brasil
Qualquer que tenha sido a tendência expressa na cobertura, a indiferença foi o único sentimento do qual a imprensa brasileira passou longe ao tratar da chegada da CNN ao país. Com matérias que narraram passo a passo a construção da nova emissora, jornais, sites e revistas retrataram, ao longo do último ano, toda a agitação que o canal causou ao mercado antes mesmo de fazer sua estreia no ar.
Nomes de vídeo e grade da TV anunciados, o projeto editorial permaneceu como uma curiosidade do público. Um comunicado recente ajudou a elucidar o que balizará o conteúdo do novo veículo: a criação de um Conselho Editorial independente da gestão administrativa da empresa.
O grupo será composto por jornalistas brasileiros da CNN, consultores da CNN Internacional e um advogado que auxiliará em dúvidas legais sobre reportagens, que se reunirá semanalmente para as decisões editoriais estratégicas da redação. Os padrões e práticas da CNN Internacional são baseados em credibilidade, profundidade e extremo rigor na apuração.
“Vamos seguir todos eles”, diz Leandro Cipoloni, vice-presidente de jornalismo. Com 23 anos de experiência em jornais e emissoras de TV e conquistas como o Prêmio Esso (o mais importante do jornalismo brasileiro), ele assegura que a busca pelo jornalismo de excelência praticado pela CNN será uma obsessão. “Estamos aqui para fazer bom jornalismo: equilibrado, independente, imparcial.”
Pois é com o objetivo de noticiar o mundo com isenção e de maneira inteligente que a CNN fundamenta seu projeto editorial, desenhado em detalhes pelos executivos locais após imersões na emissora americana, que incluíram encontros com o fundador do canal, Ted Turner, e o presidente mundial da marca, Jeff Zucker.
De lá, importaram a tríade, conceito composto pelos pilares “the row”, “the legal” e “standard e practices”. O primeiro pilar, traduzido como “a linha”, é composto por editores-executivos da CNN Brasil. O segundo conta com advogados que analisam as implicações jurídicas de cada material a ser veiculado. Já o terceiro, de padrão e práticas, é constituído de diretores que verificam se o conteúdo da reportagem segue o manual de normas da CNN.
“Este pilar da tríade tem como função confrontar temas sensíveis a três perguntas-chave, cujas iniciais remetem à sigla do canal: ‘Como fazemos isso?’ (editorial); ‘Nós podemos fazer isso?’ (jurídico); e ‘Nós devemos fazer isso?’ (manual)”, explica Cipoloni. Na esteira da importação do conceito, veio um ineditismo: no Brasil, pela primeira vez, a CNN terá a tríade no centro da newsroom, de forma cenográfica aos olhos do telespectador. Todos os caminhos da redação convergem na mesa triangular.
“O rigor de checagem da CNN será seguido à risca e fará diferença para o público brasileiro, em tempos de proliferação de notícias falsas”, garante Cipoloni. Segundo o que ele adianta, o projeto editorial da CNN não vai, jamais, divulgar fatos em primeira mão sem que tenha havido uma ampla checagem.
Para ele, a ideia é, sim, chegar antes à notícia – o momento certo de publicá-la, no entanto, será apenas depois de ter absoluta certeza de que ela foi confirmada em todos os seus aspectos. Na nova emissora, o combate às fake news tem o mesmo peso de um furo.
CNN BRASÍLIA PRESTIGIA LINHAS DE NIEMEYER
Escritório na capital federal fica localizado a poucos metros da Esplanada dos Ministérios, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto
No ano em que Brasília completa 60 anos de sua fundação, a cidade projetada por Oscar Niemeyer ganha um novo veículo jornalístico, que honra sua criação em toda a concepção de seu projeto. É o escritório da CNN na capital federal, que emoldura sua programação com uma arquitetura que se vale, em todo o estúdio, das linhas das obras do grande mestre.
“Brasília representa uma parte importante do projeto CNN. Estaremos muito presentes na programação diária, temos um time diferenciado trabalhando na frente e atrás das câmeras, e um escritório estrategicamente instalado no centro do poder, com fácil acesso às fontes mais importantes”, explica André Ramos, diretor-geral da emissora em Brasília.
Ramos tem em seu currículo emissoras como EPTV, afiliada da Globo no interior paulista, e SBT. Na Record, Ramos atuou como editor-chefe de telejornais até ser promovido, em 2011, a gerente de jornalismo em Brasília, onde chefiou coberturas de eleições e posses presidenciais. “Vamos informar com qualidade e pluralidade. Mostrar o jornalismo que podemos fazer e o telespectador merece consumir”.
DIRETO DO CARTÃO-POSTAL DO RIO
Escritório onde funcionará a sede carioca da CNN tem vista para o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara
Da janela, vê-se o Pão de Açúcar e todo o contorno da Baía de Guanabara. O que podia ser um poema de Tom Jobim é, na verdade, o dia a dia dos estúdios da CNN Rio de Janeiro, onde a moldura de vidro vai se valer do que a cidade tem de mais bonito na hora de dar as notícias.
“O escritório do Rio de Janeiro terá uma importância estratégica no projeto da CNN. Além de ser o cartão-postal do país, a capital fluminense tem setores e agentes políticos, de economia e pesquisas que serão fontes geradoras de pauta e conteúdo importantes para a vida dos brasileiros”, avalia Givanildo Menezes, diretor do escritório carioca.
Antes de receber o convite do novo canal, Menezes coordenou a cobertura de grandes eventos internacionais como a Rio+20 e chefiou debates políticos e coberturas de eleições, tudo durante sua experiência no departamento de jornalismo de emissoras abertas como a TV Record, onde trabalhou por quatro anos. O objetivo, segundo o executivo, é a participação da CNN Rio se espalhar por toda a grade de programação nacional, com âncoras e comentaristas fixos na bancada além de repórteres espalhados pela cidade.
ANUNCIANTES COMO COCRIADORES
Vice-presidente comercial da CNN conta tudo sobre o projeto que coloca empresas, marcas e serviços no lugar de protagonistas
“Há 115% de resposta positiva”. É assim, extrapolando a matemática e todas as expectativas, que Marcus Vinicius Chisco define a forma com que o mercado vem reagindo à chegada da CNN. Para o vice-presidente comercial do veículo, há um movimento pró-CNN, encabeçado pela ansiedade gerada pelo novo player.
“Temos sido recebidos espetacularmente bem”, completa o executivo, responsável pelas negociações do canal com o mercado publicitário e anunciantes. Com quase 30 anos de carreira, Chisco teve sua contratação anunciada em abril de 2019, depois de 20 anos na TV Record, onde, desde 2015, ocupava o cargo de diretor de vendas e desenvolvimento de negócios.
Para Chisco – publicitário de formação, com passagens pela MTV e pela Globosat -, empresas que decidirem associar sua marca à nova emissora contarão com a curadoria da maior marca de jornalismo do mundo, desfrutando de nortes como a verdade e a profundidade no conteúdo.
“Além disso, e mais importante que tudo, é que, na CNN, estamos fazendo um trabalho em que a marca, a empresa e a agência são cocriadoras do projeto desde seu nascedouro. Mais do que oferecer o portfólio na TV linear, os anunciantes estão recebendo propostas e desenhando com nosso time projetos em que são também criadores de plataformas de verticais em áreas como economia, saúde e agrobusiness, entre outras”.
Chisco explica que todo o projeto comercial da CNN já nasceu multiplataforma, e que, em parceria com o time de conteúdo e jornalismo, sua equipe desenvolveu meios de o canal dialogar de maneira direta e clara com o público-alvo de seus anunciantes. “Mais do que vendermos um comercial ou um patrocínio, estamos buscando ver qual a necessidade de impacto, qual o cluster o cliente quer atingir”.
Como parte da imersão necessária para montar um projeto comercial deste porte, o vice-presidente viajou diversas vezes para as sedes da CNN em Atlanta, Nova York e Londres. Para ele, a troca com os americanos foi fundamental para apontar quais caminhos trilhar a fim de alcançar o mesmo sucesso. “Ao adotar os mesmos princípios, nosso objetivo é conquistar os mesmos resultados que eles”, detalha. “Estamos confiantes”.
A VISÃO DO MERCADO
Profissionais renomados da comunicação brasileira comentam a chegada da CNN ao país
“Imprensa forte e independente é fundamental para a democracia e a cidadania. E se faz mais necessária ainda em tempos como os atuais, em que precisamos de um debate sério, produtivo e plural. Por isso, a chegada de uma voz como a CNN deve ser comemorada. Ganham o Brasil, as pessoas e as marcas com mais uma opção de qualidade, que construiu, ao longo da sua história, uma visão madura sobre informação e jornalismo.”
Renata d’Ávila, Chief Strategic Officer (CSO) da FCB Brasil
“No momento em que tantos profissionais excelentes de jornalismo estão perdendo seus postos, todos devemos saudar a chegada da CNN! Uma marca de excelência global gerando empregos no Brasil. Viva a CNN!
Raul Doria, Sócio-Diretor, produtor-Executivo
da CINE
“Um novo veículo de imprensa surgindo sempre é algo a ser celebrado. Imprensa forte, livre, séria e com credibilidade é um pilar fundamental para o sistema democrático e consequentemente para a população. Que este possa ser o caminho a ser trilhado pela CNN no país.”
Luiz Fernando Musa, presidente do Grupo Ogilvy Brasil
“Em um momento onde tudo é notícia e a confiabilidade da informação é pauta, acredito que a chegada oficial da CNN Brasil consolida a importância de fortalecermos ainda mais a credibilidade e a qualidade do nosso jornalismo. Com toda certeza, o mercado ganhará muito, pois a CNN trará um jornalismo opinativo e propositivo, aquecendo a dinâmica do mercado atual. Chega mais um player importante que precisamos ficar de olho”.
Vicente Varela, VP de Data e Estratégia de Mídia da Lew’Lara/TBWA
A chegada de um player como a CNN ao Brasil é muito importante para nossa indústria, pois aquece o nosso mercado dando chance para criação de novos projetos e ativações junto aos anunciantes. Não podemos também esquecer que essa é uma das marcas mais respeitadas do mundo quando se fala de jornalismo de qualidade, o que traz benefícios para além da área de comunicação, mas para a sociedade como um todo.”
David Laloum, presidente da Y & R
“A chegada da CNN ao Brasil, obviamente, é muito bem vista e esperada pelo mercado publicitário. Além de ser uma ótima notícia para o jornalismo brasileiro, corroído nos últimos tempos por redução ou encerramentos de operação. Tudo isso cria um cenário muito grande de expectativa. A CNN foi criada com objetivo de mudar o conceito de jornalismo no mundo, e por aqui certamente não será diferente. Obviamente, os tempos mudaram, mas ainda há muita margem para inovação, principalmente quando falamos de conteúdo extremamente relevante e de qualidade.”
Francisco Rosa, diretor-geral de Mídia e Negócios da Artplan SP
“Vejo a CNN Brasil como uma oportunidade que une credibilidade e independência de um grupo internacional de notícias com a distribuição deste conteúdo em multiplataformas, favorecendo diálogos de alto nível com públicos altamente qualificados. Certamente isso vai movimentar positivamente o mercado publicitário que atualmente busca parceiros com estas características.”
Adeildo Souza, diretor de estratégia de canais da Havas Health & You
“Na era das fake news, ter um veículo com a credibilidade da CNN é um ganho enorme para a comunicação brasileira. Além disso, será ótimo contar com um novo player para aquecer ainda mais o nosso mercado.”
Kevin Zung, COO da WMcCann
“Estamos passando por uma transformação na forma de consumo da TV, em que conteúdos ao vivo, como jornalismo e transmissões esportivas, ganham destaque, em detrimento de conteúdos como filmes e séries, que migram para sistemas on demand de consumo. A chegada da CNN está conectada a esse fenômeno de valorização de transmissões televisas “live”, contando também com a interação dos telespectadores por meio de portais de notícias e redes sociais.”
Fábio Urbanas, head de Mídia da AlmapBBDO
“A chegada da CNN traz ainda mais pluralidade para o cenário de comunicação e conteúdo brasileiro. Estamos cada vez mais conectados, colaborativos e digitais, e a essência dinâmica da CNN tem tudo a ver com isto.”
Gabriel Bernardi, diretor de Mídia, Data e CRM da Jüssi
“A CNN é um dos maiores canais de notícias do mundo e sua chegada ao Brasil é excelente em todos os sentidos. A possibilidade de termos acesso a diferentes pontos de vista sobre os acontecimentos diários, por meio de um jornalismo sério, imparcial e de credibilidade global é o que precisamos cada vez mais. Tenho certeza de que será um marco e todos temos a ganhar com esse movimento.”
Erh Ray, sócio e CEO da BETC/Havas
“A chegada da CNN Brasil é uma grande e aguardada notícia e, com certeza, contribuirá ao fortalecimento da qualidade do jornalismo independente no Brasil. Ter a maior e mais respeitada empresa de notícias do mundo no país, produzindo conteúdo totalmente direcionado aos interesses do público brasileiro, com a mesma seriedade e padrão de produção de jornalismo da base em Atlanta, é um privilégio e reforça a relevância do nosso mercado. Trarão ainda na bagagem toda a experiência globalizada de distribuição de conteúdos multiplataforma. Com nomes como Douglas Tavolaro e Américo Martins na liderança de conteúdo e um casting formado por Evaristo Costa, William Waack, os jovens Phelipe Siani e Mari Palma, entre outros divulgados, a CNN Brasil tem tudo para ser um sucesso. E o mercado publicitário também ganha, pois teremos a principal marca do jornalismo do mundo à disposição de outras grandes marcas.”
Rodrigo Famelli, VP de Mídia da Africa
“Contar com a presença de uma das maiores emissoras de televisão do mundo aqui no Brasil é realmente excepcional. A CNN é referência mundial em telejornalismo e a ABA sente-se honrada em poder ter essa grande empresa como parceira. Esperamos que em 2020 possamos caminhar ainda mais juntos para contribuir com o crescimento do nosso ecossistema”.
Sandra Martinelli, presidente-executiva da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes)
“Segmento de jornalismo qualificado, somos reféns de poucas opções no Brasil. A chegada da CNN expande as possibilidades, com uma equipe jornalística de peso, que aproxima marcas de um público seleto. Estamos ansiosos por essa estreia.”
Márcia Mendonça, head de Mídia da DAVID
“Estamos vivendo uma época de polarizações e os brasileiros cada vez mais questionam a veracidade e a imparcialidade de muitas notícias mesmo com veículos e jornalistas extremamente sérios e competentes que temos no Brasil. Mas quando falamos em CNN, a marca remete a confiança e relevância. Por isso, acredito que a CNN Brasil e seus profissionais possam a vir a ter um papel muito importante para mudar esse cenário e ajudar a reconquistar os brasileiros. Uma transformação que só pode ser benéfica para todo o setor.”
Eduardo Simon, CEO da DPZ&T