Profissionais da agência in-house do Dollar Shave Club, os vice-presidentes criativos Alec Brownstein e Matt Knapp, a sócio da Odysseus Arms, Libby Brockhoff e Corinna Falusi, CCO da Mother de NY, ficaram frente a frente no debate “In-house Vs. Agency” durante o Cannes Lions – que não teve ganhadores.  Cada um defendeu seu ponto de vista e o que parece ter ficado “acordado” ao final, diplomaticamente, é que o trabalho colaborativo frequentemente ainda é a melhor solução para anunciantes. A tendência parece apontar para muitos clientes montando estruturas internas – mas que contratam o trabalho de agências por job, associando o dia a dia insights de quem está “do lado de fora”, com outra perspectiva do negócio.

Lilly, da Odysseus, comentou que muitas vezes é chamada para atender a demandas que as estruturas internas de clientes não dão conta, seja por falta de pessoas ou de tempo. Brownstein, do Dollar Shave Club, defendeu que os sistemas de tomada de decisão de in-houses são mais rápidos, naturalmente, pois não passam pelas diversas camadas de hierarquias das agências mais tradicionais.

“Pelo menos 80% das houses trabalham com agências de fora colaborativamente. Estamos caminhando para o trabalho cada vez mais colaborativo”, comentou Lilly.

Corinna, da Modern, defendeu que as estruturas altamente hierarquizadas e verticalizadas ficaram nos modelos de agência do passado e existem cada vez menos.

Quando o tema entrou na questão financeira, a polêmica aumentou: Brownstein garante que houses economizam um bocado de dinheiro.

“Agências querem ter pessoas incríveis, trabalhando em lugares incríveis, e isso é incrivelmente caro”, brincou.

Lilly chamou a atenção para o fato de que muitas vezes ao economizar dinheiro, clientes acabam abrindo mão da criatividade.

“Pessoas criativas realizam coisas, inspiram, fazem a diferença. Não se pode ‘manufaturar’ a criatividade”, argumentou.

Para ela, uma perspectiva de fora ainda garante o melhor trabalho.

“Se você é agência e cliente ao mesmo tempo, como terá o olhar de fora, o olhar crítico como o que fez com que a Domino’s mudasse sua pizza porque era, afinal de contas, um produto ruim? Foi preciso uma agência de fora para chamar a atenção do cliente em relação ao seu próprio produto”, disse Lilly.

Knapp, do Dollar Shave Club, acredita que o que muitas vezes atrapalha as agências é a necessidade de “construir um portfolio” e de  ganhar prêmios.

“Aqui, o time criativo não trabalha focado em prêmios ou em ter um portfolio para ir para a rua conquistar outros clientes. Trabalha focado em ampliar as vendas do cliente. E está, claro, em busca das melhores ideias para fazer isso”, comentou o criativo.

Quando o assunto é oportunidade profissional, agências ainda ganham das houses como “escola” para jovens profissionais.

“Não temos tempo para ensinar ou formar jovens profissionais. Precisamos de gente aqui que já saiba o que está fazendo. Esse job eu deixo para as agências. Elas formam os caras e depois eu vou lá e contrato”, brincou Knapp.

O grupo procurou não comentar o recente episódio da Pepsi, que ao aprovar uma campanha criada internamente acabou dando um passo errado e foi fortemente criticada pela audiência e os pares do mercado.

“O fato é que qualquer um pode fazer uma bobagem e criar uma porcaria, tanto houses quanto agências”, concluiu Brownstein.