Alê Oliveira

“Embargo à imprensa brasileira é uma decisão infeliz, boba e desnecessária”. A expressão é do publicitário Nizan Guanaes, que representou o mercado brasileiro no júri da competição Titanium Lions. É a segunda vez que o fundador do Grupo ABC participa dessa área do Cannes Lions. Ele  também fez menção |à decisão do Publicis Groupe de não participar de festivais no próximo ano. “Acho errado um grupo de comunicação francês, em um evento realizado na França, tomar uma decisão dessas. É uma baianada. Estamos no mundo das redes sociais e tem coisas que vejo pelo Facebook. Eu me sinto à vontade para falar com o festival que não é esse o modo de tratar a imprensa brasileira”. Confira os principais pontos da sua entrevista

 PUBLICIS

A decisão do Publicis de não inscrever peças no festival no ano que vem foi uma baianada. Se querem resolver um problema com suas margens, entendo que é um problema deles. Achei bobo, porque fazer uma declaração dessas na casa do anfitrião e sendo um grupo francês, não foi de bom tom. Foi uma decisão infeliz. Cannes é um get togheter da nossa indústria, que deve tomar decisões após fazer consultas às suas pessoas. Vivemos em um mundo de RH, por isso achei ruim. Como competidor é uma vantagem, mas essa decisão do Publicis não é um problema nosso. Repito, Cannes é um get togheter da indústria da comunicação. Em minha opinião, há chance desse grupo de agências reconsiderar essa decisão. Eu não deixaria os colaboradores das agências do Grupo ABC fora de Cannes. É o local do ROI da informação. E é por isso não vamos tirar os profissionais das nossas agências daqui. O Publicis é livre para decidir seu caminho. Acho errado um grupo de comunicação francês, em um evento realizado na França, tomar uma decisão dessas. É uma baianada. Como já fiz muitas baianadas na vida, eu até entendo.

EMBARGO

Achei muito infeliz a decisão dos organizadores do Cannes Lions de estabelecer um embargo à imprensa brasileira. Uma decisão infeliz, boba e desnecessária. Estamos no mundo das redes sociais e tem coisas que vejo pelo Facebook de muitas pessoas. Eu me sinto à vontade para falar com o festival que não é esse o modo de tratar a imprensa brasileira, que só tem apoiado esse evento. Disse a eles que isso está errado. Mas espero que Cannes reconsidere isso, assim como o Publicis de não inscrever trabalhos em 2018. A imprensa brasileira ajudou a indústria da propaganda a se consolidar. Nosso modelo, BVs, agências comprando mídia juntos etc, é muito bom. Muita gente diz que isso só tem no Brasil, mas libra esterlina e mão inglesa só tem na Inglaterra, mas são boas ideias. Olha a luz que são os criativos brasileiros no mundo! Esses caras estão fazendo coisas incríveis. “Beyond the Money”, do Miguel Bemfica para o banco Santander, é incrível.  

COMITÊ DE CRISE

É interessante, mas deve ser permanente. O festival é forte. Até o ano passado havia a discussão se ele é melhor do que o SXSW. O Cannes Lions apenas é o mais focado, direcionado e é a grande festa da nossa indústria. Esse festival pertence à indústria da comunicação. Ele é um negócio e a propaganda gosta de negócios. Claro, é um evento privado e tem suas regras. Já conversei com algumas lideranças do Publicis e tenho certeza de que o grupo vai reconsiderar isso.

RESULTADO

Conquistar 99 Leões é incrível.  Tivemos um grupo de jurados muito articulado. Montamos um grupo de Whatsapp que nos deixou ligado o tempo todo. O aplicativo da Faber Castell teve problema; fui buscar uma solução pelo Whatsapp do Anselmo Ramos, da David.  Claro, todo mundo quer ganhar prêmio, mas não como uma obsessão patológica. Queremos que esse grupo continue para articular coisas para a propaganda brasileira. Vamos começar a fazer palestras para destacar clientes inspiradores.

PROFISSIONAIS

E o Brasil tem um grupo de novos profissionais da melhor qualidade. A propaganda tem uma vibe muito boa em um momento no qual a vibe do Brasil é muito ruim. É importante que o veículos de comunicação sublinhem que poucas indústrias no Brasil têm tanta ponta como a propaganda. Estamos entre as três melhores do mundo, mesmo com as condições horrendas de competitividade que temos. O sistema tributário brasileiro é horroroso. O que o governo precisa dizer é que ele vai nos dar do ponto de vista fiscal, regulatório e tributário condições para atravessar essa pinguela até 2018. Deveríamos ter algum tipo de retorno para aguentar todos os esses problemas.