Como as grandes agências trabalham seus perfis nas redes sociais?

Alê Oliveira/Divulgação

Kassu, Luciana e Luchi: agências precisam ser verdadeiras em seus posts

Será verdade que no mundo das agências de publicidade nas redes sociais o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau” se aplica? PROPMARK perguntou em seu perfil no Instagram quais fazem um trabalho bacana em suas redes e diversos nomes foram citados. Nada melhor do que ouvir os representantes de algumas dessas agências para saber a melhor forma de trabalhar o conteúdo em perfis próprios.

A Crispin, por exemplo, faz sucesso. A agência fundada pelos sócios André Kassu, Marcos Medeiros e Vinicius Reis tem uma postura peculiar nas redes, principalmente no Instagram. As imagens vão desde um dos donos com chapéu de palha e violão, passando pela estátua do Borba-Gato levantando uma ponte e o conteúdo de praxe, como a divulgação de trabalhos e conquistas de PR.

Reprodução/Instagram

Marcão e o violão

Para Kassu, as agências, com algumas exceções como a AlmapBBDO e F/Nazca, são meio “caretas” quando falam de si mesmas. “Elas quebram as regras que elas falam para os clientes. Elas usam o logo grande, fazem as mensagens mais óbvias e não arriscam”, explica.

O diretor comenta que a postura despojada da CP+B Brasil nasceu logo no ínicio dos trabalhos. “A gente tinha pouco cliente e muito tempo. A gente teve tempo pra pensar e isso começou a funcionar e engajar, daí fomos ajustando. Hoje mesmo estamos reavaliando todas as redes sociais, qual o papel de cada uma, a gente provavelmente vai entrar no Linkedin, coisa que a gente não fez oficialmente porque a gente não tinha uma linguagem para estar lá”, diz. Para eles, é importante encontrar a voz correta para cada rede.

[INSTAGRAM=https://www.instagram.com/p/BvRU0drFzZh/]

Aliás, quando o assunto é LinkedIn, um dos bons exemplos entre as agências é a Lew’LaraTBWA, que faz sucesso com o Skip Talks. “É uma oportunidade que enxerguei para dar mais visibilidade para as pessoas e práticas da Lew’LaraTBWA. Temos uma equipe muito engajada com causas e temas importantes da atualidade. Cada uma delas quer mudar a propaganda e sabe bem em que direção fazê-lo. Achei que seria interessante fazer com que mais pessoas pudessem vê-las e ouvi-las. Basicamente é um pequeno drops de conteúdo, no formato de vídeo, edição rápida e bastante motion graphics, onde entrevisto profissionais de várias áreas da agência com perfis diferentes entre eles. Divulgamos esse conteúdo semanalmente e o retorno foi ótimo. O nome Skip Talks reflete uma crença nossa, de dar skip no bla bla bla e focar no que realmente importa”, explica Felipe Luchi, sócio e CCO da agência.

O projeto começou há quase um ano e já está na segunda temporada. “A primeira foi com os profissionais mais jovens das equipes então tinha uma questão geracional como pauta. O conteúdo era sobre o que aquela turma, retrato bem definido de seu tempo, quer fazer em propaganda. O que querem que mude? No que acreditam? Vendo os programas todos juntos percebe-se uma diversidade enorme. Fiquei feliz de ver tanta gente legal, cheia de opinião, espalhada pelos mais diversos departamentos da agência. Na segunda temporada, o foco foi as mulheres da criação, uma questão muito relevante na indústria hoje. Como temos uma atuação específica para aumentar o número de criativas e já contamos com 25% da equipe formada por mulheres, achei que seria interessante permitir que mais pessoas fora da agência entrassem em contato com o que elas pensam, quais trabalhos fizeram na agência e o que querem mudar na propaganda. Além de conhecerem os trabalhos de autoria delas”, explica Luchi.

Outra que faz um trabalho elogiado pelos internautas, principalmente no Instagram, é a WMcCann.

[INSTAGRAM=https://www.instagram.com/p/BvJ6alngKc6/]

“De um ano para cá, nosso Instagram cresceu 70,7%. E passamos a investir na criação de pílulas de conteúdo para o Stories, funcionalidade do Instagram que gera uma proximidade imediata com o público. Buscamos mostrar nas nossas redes a mesma preocupação, mesma qualidade e mesmo cuidado com o trabalho que temos para os nossos clientes”, comenta Luciana Padovani, VP de planejamento.

A agência criou quadros nos stories. “Boas & Novas”, por exemplo, tem o objetivo de anunciar as principais notícias sobre os clientes e sobre a agência. Já no “Tá Rolando”, os porta-vozes gravam vídeos espontâneos contando sobre eventos do mercado. “Em “Backstage” mostramos o dia a dia da agência, tema que gera muita curiosidade, e ‘Spoiler’ onde mostramos alguns detalhes das campanhas durante a produção”, descreve a VP.

Cuidados

Perguntado se os posts mais escrachados não são arriscados demais, Kassu afirma que a CP+B Brasil trabalha “numa zona de risco”. “Mas não temos uma liberdade de um Sensacionalista ou de um Chapolin Sincero. Nós não somos isso. Existe uma empresa por trás disso. O que temos é menos layer de aprovação interna, então as coisas circulam mais facilmente”, ressalta.

Para Luciana, a agência precisa ser coerente e transparente com a imagem que quer passar para o mercado. “Sendo assim, a linguagem dos posts, imagens, respostas aos comentários, tudo precisa refletir esse posicionamento. Como o público está cada vez mais engajado e atento, as empresas precisam ter mensagens claras para não serem mal interpretadas”, diz.

Dicas

Segundo Kassu, é preciso seguir a filosofia que, praticamente, toda a indústria de tecnologia diz: fail fast. “Não tem lugar melhor para fazer isso do que as redes sociais da própria agência. O que não pode, por exemplo, é uma agência que teve uma linguagem muito careta a vida inteira querer pagar de engraçadinha. Assim como se a gente quiser ser muito sério não casa”, explica. “O que a gente faz para os nossos clientes, se não fizermos para nós mesmos, significa que eu estou vendendo alguma coisa que eu não coloco em prática”, completa Kassu.

“Eu acho que [as agências] devem ser honestas e transparentes”, comenta Luchi. “O Skip Talks é assim. Não tentamos criar um fato ou emitir vaticínios sobre o presente e o futuro da publicidade. Pelo contrário, olhamos para dentro e vimos que o capital humano da agência era muito rico e verdadeiro”, esclarece o CCO.

Segundo Luciana, a rede social é um lugar sem máscaras. “As agências precisam estar dispostas a abrir as portas e mostrar o que elas realmente são. Só assim é possível abrir uma conversa verdadeira e gerar uma identificação com o público”, finaliza.