Como o fim da checagem de fatos da Meta poderá afetar a estratégia das marcas nas redes
Fundador do Facebook anunciou que plataformas irão adotar as 'notas de comunidade', recurso semelhante ao do X
Mark Zuckerberg anunciou, nesta terça-feira (7), que as redes sociais da Meta irá descontinuar o seu programa de checagem de fatos. No lugar, o fundador do Facebook afirmou que a plataforma irá adotar as 'notas de comunidade', recurso parecido com o que Elon Musk usa no X, o antigo Twitter.
Em um discurso que gerou discussões, sobretudo nas redes sociais, Zuckerberg também falou que países da América Latina possuem 'tribunais secretos' que, de acordo com ele, ordenam empresas para derrubarem posts.
No entanto, se por um lado, existe um quê político na decisão do fundador do Facebook em relação ao fim da checagem dos fatos, por outro, paira a dúvida sobre como as marcas e os profissionais verão as plataformas.
Professor de marketing digital da ESPM, João Vitor Rodrigues vê um agravamento dos problemas de desinformação. "Se mesmo com equipes de verificação de fatos, já vimos inúmeros problemas, incluindo fraudes, golpes, danos a pessoas e personalidades, a partir de agora os financiadores dessas ações poderão fazer prevalecer suas táticas", disse.
Nesse novo modelo, de 'notas da comunidade', os próprios usuários das redes da Meta – Facebook, Instagram e Threads – alertam para publicações supostamente falsas, e apontam a necessidade de melhorar o contexto.
Para o professor da ESPM, as redes poderão se tornar um ambiente inseguro, instável, que representa ameaças para os usuários, mas também para a sociedade de forma geral.
"Pode trazer também a redução da participação das marcas que agem de forma ética em suas estratégias de comunicação e marketing", alertou. "E, consequentemente, é provável que as marcas comecem a abandonar, cada vez mais, os investimentos nas mídias da Meta para evitar associações negativas desses ambientes com seus negócios", afirmou.
Liberdade de expressão e responsabilidade
Fabiana Baraldi, Chief Growth Officer da Jellyfish, disse que embora a intenção de evitar censura seja válida, a decisão traz um grande desafio – "Como equilibrar liberdade de expressão e responsabilidade?", pergunta.
Baraldi disse que, sem mecanismos robustos para checar informações, plataformas podem se tornar ainda mais vulneráveis à disseminação de desinformação. Ela ainda classifica como um 'experimento ousado' a transição para um modelo de moderação comunitária.
"Em tempos onde a desinformação já afeta diretamente democracias, saúde pública e segurança social, precisamos debater os riscos de fragilizar controles essenciais para o ambiente digital. Talvez a própria Meta tenha que fazer testes e análises para encontrar o modelo ideal tanto pra a empresa quanto para as marcas".
Para Mayra Cordeiro, CCO da OMZ, a mudança tornará o ambiente digital instável, exigindo que marcas sejam ainda mais atentas à gestão de reputação. A executiva diz que, sem a verificação de fatos, informações falsas devem se espalhar com mais facilidade.
"Nesse cenário, as marcas precisarão investir ainda mais em monitoramento constante. A responsabilidade por filtrar informações agora recai mais sobre o público, o que aumenta a importância de comunicação rápida e ética para proteger a imagem da marca e fortalecer sua conexão com seu público", disse.
(Crédito: Foto de Thought Catalog na Unsplash)