Como o fim do ano deve afetar os ânimos dos consumidores brasileiros
Insights da Warc apontam quais caminhos as marcas devem tomar para lidar com o período marcado pelas eleições e pela Copa do Mundo
O último trimestre brasileiro será marcado por eventos que influenciam diretamente o comercio do país, dentre eles, as eleições para presidente, governador, senador e deputados federais e estaduais. O resultado das urnas impacta diretamente na vida dos brasileiros e, pensando nisso, a Warc separou dados que apontam qual é o ânimo dos consumidores brasileiros e para qual lado as marcas devem caminhar.
Um ponto levado em consideração para o Spotlight Brazil foi o aumento no custo de vida dos brasileiros nesses últimos anos, que ampliaram as discussões sobre alimentação e desemprego no país.
Segundo um estudo recente da Onze fintech, 74% dos consumidores relataram que as finanças é a principal preocupação, ficando acima de família (60%), saúde (57%) e trabalho (44%).
No meio da atual crise econômica enfrentada pelo país, a WARC apontou que as marcas precisam estar atentas à relevância, abordagens e questões sociais nas suas campanhas.
“Converter sua marca em algo que pode ser transformador para os consumidores também pode protegê-la durante esse período de rápidas mudanças. Use todos os seus pontos de contato para construir uma experiência coesa para os consumidores. Desde o seu conteúdo nas redes sociais e o uso de influenciadores locais, até a criação de experiências imersivas em lojas físicas. Certifique-se de que sua estratégia contenha não apenas ações para apoiar novos hábitos de compra, mas também aquelas que se alinham às causas que você defende”, sugeriu Mirela Dufrayer, líder de marketing da WGSN para a América Latina.
A nostalgia como saída
Os insights da Warc também apontaram que os aumento dos preços trazem um efeito emocional e prático nos brasileiros, uma vez que o momento remete a outros tempos de instabilidade já vividos pelo país, como a hiperinflação nos anos 1980 e 1990.
“O custo de vida está forçando as pessoas a voltarem a alguns velhos hábitos que costumavam ter nos anos 1990”, explicou Daniele Lazzarotto, fundadora e diretora de estratégia da consultoria de branding Cordão.
Segundo as informações apresentadas, uma das formas de combater esse sentimento é retomar a nostalgia que envolve cultura e entretenimento. A comprovação de que está é uma saída é o movimento dos brasileiros em consumirem produtos que os levem para algum momento do passado, como é o caso da linha criada pelo O Boticário, que trouxe o cheiro do chiclete Bubbaloo.
“O Brasil é conhecido mundialmente por ser um país feliz e criativo. Abraçar a nostalgia é uma maneira genuína de os consumidores lidarem com a pressão de uma era desafiadora”, completou Daniele.
Política X marcas
Com a polarização e os ânimos acalorados para as decisões eleitorais deste ano, as marcas passaram a se ver inseridas neste contexto político.
Segundo a Warc, nesses casos as estratégias das marcas precisam garantir a transparência e a segurança do conteúdo, entender o papel dos criadores e influenciadores e o papel que elas próprias desempenham. Um dos exemplos é o Burger King que, em vez de tomar partido, está incentivando os consumidores a se engajarem politicamente, oferecendo descontos para quem mostra o título de eleitor no momento da compra.
“Quando as marcas, geralmente de propriedade de grandes empresas que têm interesses econômicos e políticos individuais, usam sua influência para uma posição sobre a democracia, eles podem criar um tsunami político que pode afetar o curso de um país inteiro – ganhando e/ou perdendo consumidores ao longo do caminho”, apontaram Fernando Ribeiro, Gisele Bambace e Amanda Agostini, da GUT.
Copa do Mundo como símbolo de alívio
O futebol tem o poder de mexer com as emoções das pessoas, especialmente no Brasil, que é conhecido como o país do futebol.
Logo após as eleições, o mundo será imerso no clima da Copa do Mundo do Catar, tendo a seleção brasileira como uma das favoritas ao hexacampeonato. Nesse momento, as marcas que aproveitarem a crença e o otimismo do país, tem maior possibilidade de terem campanhas que ressoem, de acordo com WARC.
“Acredito que vamos vencer, dentro e fora de campo, e que as marcas que jogam com esse otimismo são as que vencerão com consumidores brasileiros. E, mesmo que o Brasil não vença, eu garanto que sua marca não tem nada a perder, desde que fique bem ao nosso lado na torcida e cante junto até o apito final: acredito que o Brasil vai vencer”, apontou Felipe Soalheiro, diretor-geral da Effect Sport São Paulo e fundador da SportBiz.
Mas e a economia?
De acordo com os insights da Warc, o Brasil está se abrindo em termos do que é possível financeiramente para os consumidores com novos players do setor bancário de consumo, que permitem que consumidores com relacionamentos bancários fracos ou inexistentes abram contas adaptadas às suas necessidades.
Segundo dados recentes da GWI, 71% da população brasileira faz compras online atualmente, contra a média global de 58%.
“Os varejistas precisam investir em marketing, porque, caso contrário, eles não terão tráfego para o site. Eles também estão tentando fazer outras coisas para fidelizar, então talvez em vez de apenas ter clientes entrando na loja para pagar o boleto (um sistema de pagamento baseado em vouchers regulamentado pelo Banco Central), eles estão devolvendo algum dinheiro que permite que os clientes comprem outra coisa a um preço com desconto”, afirmou Renato Ribeiro, CEO da iugu, start-up de software de automação financeira apoiada pelo Goldman Sachs.