Para a Black Friday, consumidores se planejam cada vez mais cedo para fazer compra racional

Google e Rcell mostram antecipação de compras e maior comparação de preços; CNC projeta movimentação de R$ 5,40 bi

Consumidores brasileiros aguardam a chegada da Black Friday para ir às compras com preços mais baixos. Marcada para 28 de novembro, a data deve movimentar R$ 5,40 bilhões, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Apesar do crescimento de 2,4% sobre 2024, do ponto de vista macroeconômico, o ambiente combina estímulos e restrições. Os setores de hiper e supermercados (R$ 1,32 bi), eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 1,24 bi) e móveis e eletrodomésticos (R$ 1,15 bi) concentrarão 68% do faturamento previsto. Também ganham relevância vestuário e acessórios (R$ 0,95 bi) e perfumaria e cosméticos (R$ 0,38 bi).

Outro ponto destacado pela CNC é o aumento contínuo das remessas internacionais ao Brasil, mesmo após a implementação da alíquota de 20% para compras de até US$ 50 do Programa de Remessa Conforme — medida que ficou conhecida como ‘taxa das blusinhas’, em referência ao grande volume de itens de vestuário e pequenos acessórios importados por plataformas como Shein, Shopee e AliExpress. O volume segue em alta e amplia a competição com varejistas nacionais em categorias como eletrônicos, vestuário e acessórios, especialmente em datas com forte apelo promocional.

A facilidade de comparação de preços e o dinamismo dos marketplaces internacionais aumentam essa pressão, avalia a CNC.

O consumidor

Do lado do consumidor, a pesquisa do Google com a Offerwise aponta que 60% dos brasileiros pretendem comprar na Black Friday e planejam adquirir, em média, 5,8 categorias. A data reforça o movimento de ‘autopresente’: 79% das compras serão para uso próprio. Além disso, 38% afirmam que pretendem comprar mais itens do que no ano passado, indicando um aumento no volume de consumo planejado. Em tecnologia, celulares lideram a intenção de compra (31%), seguidos de TVs (22%). A decisão é cada vez mais antecipada e madura: 72% dos compradores de celulares e 70% dos de eletrodomésticos iniciam a busca com mais de um mês de antecedência. Boa parte já chega decidida — 53% dos compradores de celulares já definiram a marca, e 31% sabem o modelo. Em TVs, 45% também têm marca definida previamente.

Em categorias de casa e cozinha, a intenção é de 30% tanto para eletroportáteis quanto para eletrodomésticos. A air fryer lidera entre os eletroportáteis (51%). A busca se concentra em micro-ondas (43%), ar-condicionado (37%) e geladeiras (36%). Em beleza e cuidados pessoais, 77% compram para si, e perfumes ficam no topo (79%), com 41% já decididos sobre a marca.

Em moda e vestuário, 38% pretendem comprar, mas apenas 24% já têm marca definida, o que evidencia potencial competitivo da categoria. Frete grátis é o gatilho de decisão mais importante (37%), à frente de preço (36%). A categoria de viagens tem intenção de 12%, com grande foco em hospedagem (59%). Em alimentação, 40% priorizam qualidade, e 78% já sabem exatamente o produto ou modelo desejado.

Os meios de pagamento refletem comportamento híbrido: Pix é a opção preferida por 67%, enquanto o cartão parcelado, cuja preferência cresceu na comparação com 2024, será utilizado por 60%. Além disso, 40% dos consumidores afirmam que devem gastar mais do que no ano anterior, e 48% já estão pesquisando preços e ofertas antecipadamente.

*Essa matéria foi feita em colaboração com a editora-assistente Adrieny Magalhães

Leia a íntegra da reportagem na edição impressa de 24 de novembro.

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