Conteúdo alavanca trilhas sonoras
Para Roth, este ano que passou se iniciou como uma incógnita – e muito ruim em seu início. Melhorou no quadrimestre que antecedeu a Copa do Mundo – segundo ele, “um dos melhores dos 34 anos da Lua” – e voltou a dar uma estabilizada. “Foi um ano contraditório. Diria que nem excelente, mas também longe de ser péssimo. Eu, até por experiência própria nesse mercado e à frente de uma empresa consolidada, esperava isso.”
Porém, mesmo quem “trabalha sério”, como gosta de dizer o executivo, sofreu com alguns problemas de mercado, casos de arrochos de prazo e custos. “É um problema do nosso setor que devemos combater. E muita gente que aceita essa prática está quebrando a cara. Não adianta desvalorizar o mercado para ganhar o cliente do concorrente, pois a qualidade na entrega com certeza não será a mesma de quem trabalha direito, de quem investe”, diz. “Nós, ainda bem, estamos fortes, temos clientes diversificados e um leque que vai bem além da propaganda, prestando serviços de conteúdo para grandes agências e anunciantes”, completa.
Conteúdo, aliás, foi um dos motivos usados por Jair Oliveira, sócio da produtra S de Samba, para explicar a importância que a música ganha cada vez mais no dia a dia dos anunciantes. “Na verdade, sempre teve. Você pega jingles históricos, como das Groselhas Milani, a Bala de Leite Kids (ambos nos anos 80), a Pizza com Guaraná (anos 90), e vê que foram produtos líderes de mercado muito por causa do conhecimento que ganharam com suas músicas”, lembra. “Porém, claro, o mercado ficou mais profissional, existe todo um arranjo por trás de cada trilha”, diz o músico, que traz para a produtora, junto ao seu sócio, Simoninha, e ao técnico de áudio, João Baptista, o “Joãoponês”, também na sociedade, uma expertise musical que vem do berço.
É de Jair, por exemplo, a letra do jingle mais comentado e, provavelmente, viralizado, da publicidade brasileira neste ano, a música do Banco Itaú para a Copa do Mundo de 2014, que virou até hit da torcida nos estádios. Lógico, apoiado em uma consistente comunicação criada pela agência Africa.
Com 16 anos de mercado e uma estreita relação do mercado publicitário – parte que é tocada pela diretora de atendimento, Meg Ribeiro –, 2014, segundo Jair, talvez tenha sido um dos melhores para a produtora, mesmo com recessão econômica. “Vínhamos embalados por campanhas como o ‘Vem pra rua’, da Fiat, que fizemos em 2013, pegamos o trabalho para o Itaú na Copa, e tudo isso trouxe visibilidade. Talvez o ano também foi bom porque tratamos 2014 como uma incógnita. Pois se eventos como o Mundial trazem oportunidades, também não é para todos. Mas conseguimos rapidamente reverter esse panorama em bons trabalhos.”
NOVOS FORMATOS
Entre as operações mais novas, caso da MugShot, “2014 acabou sendo um ano excepcional”, diz o sócio e produtor musical Mauricio Herszkowicz. “Foi o ano que marcou o início da expansão internacional da MugShot, com trabalhos realizados para agências e clientes dos Estados Unidos e da Alemanha. Fechamos 2014 com parceiros estratégicos que representam nosso trabalho em Los Angeles, Berlim e também em Santiago, no Chile”, afirma.
O executivo também destaca os novos formatos da publicidade, que abrem novos leques de possibilidade aos fornecedores do mercado. “Neste ano fizemos muitas campanhas com filmes de 15 segundos, enquanto na maior parte do passado esses filmes eram uma redução do comercial de 30 segundos. Também fizemos muitos ‘TrueViews’ (inserções no YouTube antes do vídeo rodar), o que muitas vezes requer um entendimento diferente da produtora de áudio sobre o que é possível realizar sonoramente. Esperamos que essa pulverização de formatos continue se solidificando, e ficamos felizes, pois ainda há muito para se explorar nesses formatos”, ressalta.
Falando em conteúdo, para Herszkowicz, uma vez que a publicidade ganha cada vez mais contornos de conteúdo, a autenticidade da produção musical pode fazer muita diferença numa campanha. “Nosso entendimento é de que o engajamento do público depende de vários fatores e, entre estes, a música deve ser encarada como um dos principais componentes para criar uma conexão verdadeira.”