Contra o ódio, anunciantes boicotam o Facebook
Depois da Unilever, a Coca-Cola anunciou no fim da semana passada que irá pausar sua publicidade em mídias sociais por, pelo menos, 30 dias. A decisão das gigantes tem um objetivo: forçar o Facebook e outras plataformas a combaterem, de maneira mais enérgica, o discurso de ódio presente nas redes.
“Não há lugar para racismo no mundo e não há lugar para racismo nas mídias sociais. A Coca-Cola Company fará uma pausa na publicidade paga em todas as plataformas de mídia social globalmente por pelo menos 30 dias. Dedicaremos esse tempo a reavaliar nossas políticas de publicidade para determinar se são necessárias revisões. Também esperamos maior responsabilidade e transparência de nossos parceiros de mídia social”, disse James Quincey, presidente e CEO da The Coca-Cola Company, em comunicado.
Outros anunciantes também aderiram ao boicote, caso de Starbucks e Diageo. A crítica central das empresas é que as redes “lavam as mãos” quando se trata de conteúdo com discurso de ódio.
Um post que nega o Holocausto deve ser mantido? Uma publicação que incita a violência contra manifestantes que lutam pela justiça racial não deve ser apagada?
Para o Facebook, se o post for de um político e de interesse público, a resposta é sim. Em breve, a rede diz que irá começar a rotular esse tipo de post. “Permitiremos que as pessoas compartilhem esse conteúdo para condená-lo, assim como fazemos com outros conteúdos problemáticos, porque essa é uma parte importante de como discutimos o que é aceitável em nossa sociedade”, disse Zuckerberg em um longo post publicado na última sexta-feira.
Nos Estados Unidos, o movimento ganhou força após a morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco de maneira covarde.
A decisão dos anunciantes já está doendo no bolso de Mark Zuckerberg, CEO da rede social. As ações do Facebook caíram 8% na sexta-feira passada (26). O resultado? A fortuna do CEO sofreu um golpe de US$ 7 bilhões, segundo o Business Insider.
Um dos movimentos por trás do boicote é o Stop Hate for Profit. Jim Steyer, executivo-chefe da Common Sense Media e um dos organizadores, disse à Reuters que os próximos passos incluem expandir o pedido de suspensão de publicidade globalmente, a começar com anunciantes europeus.
Procurado pelo PROPMARK, o Facebook respondeu por meio de um porta-voz dizendo que “bilhões” são investidos para manter a comunidade segura.
“Nós abrimos para uma auditoria de direitos civis e banimos 250 organizações supremacistas brancas do Facebook e Instagram. Os investimentos que fizemos em Inteligência Artificial nos possibilitam encontrar quase 90% do discurso de ódio proativamente, agindo sobre eles antes que um usuário nos denuncie, e um relatório recente da União Europeia apontou que o Facebook analisou mais denúncias de discurso de ódio em 24 horas do que o Twitter e o YouTube. Temos mais trabalho para fazer e continuaremos trabalhando com grupos de direitos civis, GARM (Global Alliance for Responsible Media) e outros especialistas para desenvolver ainda mais ferramentas, tecnologias e políticas para continuar essa luta”, afirma a rede.