Crianças cobram negociadores da COP28 por combate a crise climática
Filmes fazem parte do projeto "O que importa" e foram produzidos pelo UNICEF e pelo Alana e desenvolvidos pela Fbiz
As reuniões da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas vão ter uma participação diferente este ano. Além dos tradicionais representantes engravatados dos Estados membros da ONU, a organização também apresentou o depoimento de 25 crianças de 12 países.
Segundo dados da ONU, as crianças são as mais impactadas pela emergência climática e representam um terço da população mundial (cerca de 2,2 bilhões de pessoas), sendo que metade delas (mais de 1 bilhão) vive em locais expostos a severos riscos climáticos, especialmente no Sul Global.
Atualmente, no mundo, mais de 1 em cada 4 mortes de crianças menores de 5 anos são atribuíveis a ambientes insalubres e, apesar disso, as crianças não participam nem são levadas em consideração nas agendas e negociações da COP.
Pensando nisso, a organização apresentou um vídeo onde elas contam como suas vidas estão sendo impactadas por eventos climáticos extremos e cobram ações efetivas das autoridades. Os filmes foram produzidos pelo UNICEF e pelo Alana, e desenvolvidos pela Fbiz.
Nos filmes, que fazem parte do projeto "O que importa" ("The important stuff", em inglês), crianças de Madagascar, Somália, Sérvia, Austrália, Paquistão, Cazaquistão, Malásia, Estados Unidos, Barbados, Egito, Emirados Árabes e Brasil expressam suas preocupações e clamam por soluções imediatas dos principais líderes do planeta.
"Quando falamos sobre mudanças climáticas, estamos falando sobre crianças. Precisamos proteger o futuro delas — é simples assim. Os depoimentos poderosos dessas crianças precisam ser a última coisa que os negociadores vão ouvir antes de entrarem nas negociações que determinarão em que tipo de mundo elas crescerão. Só podemos esperar que eles escutem", afirmou Gautam Narasimhan, líder global da UNICEF para questões sobre mudança climática.
As imagens foram captadas com a colaboração dos escritórios locais do UNICEF. No caso do Brasil, a direção foi conduzida por Gabriela Brigagão e Dyego Barbosa Figueiredo, com apoio do Estúdio Dead Pixel. Houve filmagens tanto no Jardim Pantanal, bairro do extremo leste de São Paulo, quanto em Alter do Chão, no Pará. A produtora geral de som é a Mission Music.
"O desafio foi traduzir de fato o propósito de dar voz às crianças. Isso implicou em não fornecer um roteiro para que elas memorizassem e reproduzissem, mas em transformar as próprias reflexões em filmes originais. Além de conseguir fazer as costuras necessárias para obter narrativas representativas de regiões e realidades ao redor do mundo, unindo-as num resultado final que fizesse sentido", completou Carla Cancellara, diretora-executiva de Criação da Fbiz.