Crise afeta mais as mulheres e os jovens, afirma pesquisa da Consumoteca

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Número de jovens com carteira assinada caiu 11% nos últimos dois anos

Geralmente classificados como uma geração criativa e inquieta, os millenials brasileiros estão experimentando uma fase inédita em suas vidas. Para quem nasceu em meados dos anos 80 e 90, esta é a primeira vez que se defrontam com o desafio de encarar de frente um momento de grande crise econômica, pois estas pessoas começaram a aprender o que é dinheiro já depois da estabilização do Plano Real.

Diante deste cenário, a Consumoteca, uma boutique de conhecimento especializada no comportamento do consumidor brasileiro, desenvolveu um estudo que descobriu que os jovens, junto com as mulheres, são os mais afetados pelas dificuldades que o país atravessa atualmente.

Segundo os dados, entre os mais impactados pela crise, 42% têm de 18 a 24 anos. Em seguida vem o grupo com idade de 25 a 29 anos, que representa outros 31% dos prejudicados. Além disso, 55% são mulheres e 45% são homens, informação que, segundo o estudo, demonstra um problema enraizado na sociedade brasileira: o machismo.

De acordo com o antropólogo e sócio-fundador da Consumoteca, Michel Alcoforado,  responsável pelo estudo, na hora de cortar custos, na maioria dos casos, as mulheres são mais lembradas pela empresa. “Ainda existe aquele pensamento de que é melhor demitir Maria do que João porque ela logo pode engravidar, tem que cuidar do filho pequeno ou pode ser sustentada pelo parceiro que ganha bem. Tem machismo mesmo. Ouvimos muitos relatos desse tipo nas entrevistas”, conta. A pesquisa entrevistou 1040 jovens entre enquetes realizadas online e pessoalmente.

Outra conclusão interessante destacada pelo antropólogo é o ensaio da volta dos “jovens concurseiros”. Segundo Alcoforado, as duas soluções mais comuns encontradas pelos millenials que perderam empregos é empreender ou prestar concursos para empregos públicos. De 2014 até o momento, o número de entrevistados pela pesquisa que têm trabalhos fixos com carteira assinada caiu de 55% para 44%.

Como consequência, ante a impossibilidade de empreender por falta de recursos e redução de investimentos no mercado para bancar ideias pretensamente inovadoras, estudar para passar em concursos públicos começa a se tornar uma opção real para a geração famosa por desprezar empregos monótonos e longos. “A ideia de estabilidade está começando a atrair mais esses jovens. Isso não é exatamente uma vantagem para o país, pois podemos acabar desperdiçando o potencial de pessoas criativas que têm capacidade de gerar mais riqueza para a sociedade”, conclui Alcoforado.