Crowdfunding cresce no Brasil

 

O crowdfunding vem ganhando cada vez mais força no Brasil. A ideia, ainda recente no país, busca a colaboração financeira coletiva de pessoas que gostam de uma mesma ideia ou projeto. Em 2012, os sites de financiamento coletivo de projetos ajudaram companhias e indivíduos a levantarem US$ 2,7 bilhões, o que representa um aumento de 81% em relação ao ano anterior, segundo dados da Reuters.

O sistema de crowdfunding, originado nos Estados Unidos como forma de levantar recursos para levar adiante projetos criativos, se expandiu rapidamente como uma fonte de financiamento. O site brasileiro O Pote, por exemplo, plataforma de crowdfunding lançada em dezembro do ano passado por Ana Paula Moreira da Costa e Camila Selva de Biase, está sendo bem-sucedida. Focado mais em projetos esportivos, O Pote está tendo um crescimento expressivo a cada novo projeto. “No Brasil, o crowdfunding ainda é muito novo, mas a tendência é de crescimento, pois vivemos numa época de dividir e colaborar. A nova geração vem com este espírito de participação e compartilhamento de sonhos”, conta Ana Paula. Segundo a sócia-fundadora do site, a seleção dos projetos é bem criteriosa e O Pote procura ir além da viabilização do patrocínio. “A gente tenta dar continuidade aos projetos com parceiros. Não só no online como no offline”, diz.

Nos Estados Unidos já há uma lei que rege o negócio. O presidente norte-americano, Barack Obama, assinou legislação conhecida como “Jobs”, no ano passado, para legalizar o sistema. No Brasil, ainda não existe esse tipo de regulamentação. No mundo, o crowdfunding alcançou a cifra de US$ 2,66 bilhões em 2012, enquanto no ano anterior foi de US$ 1,47 bilhão, segundo pesquisa da Massolution. A previsão para este ano, de acordo com o levantamento, é de levantar US$ 5,1 bilhões para o financiamento de novos negócios e pequenas empresas, além de projetos sociais, categoria mais popular atualmente. A América do Norte representou a maior parte do volume, com US$ 1,6 bilhão no último ano, crescimento de 105% sobre 2011. “O financiamento coletivo nada mais é do que uma vaquinha. Cresceu tanto por conta da internet porque as redes sociais facilitam a comunicação rápida”, diz Ana Paula.

O primeiro projeto do site foi a viabilização do patrocínio de Beto Pandiani, velejador profissional que estava elaborando a 7ª Expedição de Travessia do Atlântico e precisava completar seu orçamento em R$ 150 mil. Em apenas dois meses, acabou arrecadando quase 20 mil a mais do que o necessário. Outro projeto foi da Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), para levantar saldo para ampliação de sua unidade em São Paulo. Além dele, o Grupo Anacã Companhia de Dança arrecadou cerca de R$ 88 mil, antes da data final estipulada. Este foi o maior valor arrecadado mundialmente por uma companhia de dança em todo o mundo. Anteriormente, o recorde era do site KickStarter, que havia conseguido em torno de R$ 60 mil.

Os sites oferecem diversos projetos a patrocinadores ou colaboradores que querem ajudar na realização dos eventos. Com isso, as cotas podem começar em pequenas quantias para pessoa física como US$ 15, ou cotas maiores para empresas. Um ponto importante para fazer o projeto ser bem-sucedido são as contrapartidas oferecidas. “No Brasil, as pessoas ainda esperam muito pela contrapartida”, conta Ana Paula. O investidor recebe uma recompensa não monetária, que pode variar de acordo com o projeto e o valor da doação. Essa contrapartida pode ser a entrada para a estreia do espetáculo que está sendo financiado, a amostra de um produto recém-desenvolvido, um livro ou DVD autografado etc.

Já a Playbook, empresa de crowdfunding da Holding Clube, tem foco em shows musicais, eventos e festas. Alessandro Sophia, diretor-geral da Playbook, concorda que o Brasil ainda não tem essa cultura desenvolvida como nos Estados Unidos. “Este ano pretendemos crescer 50% com base no ano passado”, adianta.

Quase todos os meses, a Playbook tem realizado shows com bandas internacionais. Desde o ano passado, eles fazem a plataforma de shows patrocinados pela marca de uísque Jack Daniel´s e, em junho deste ano, começam com uma nova série de shows. A marca patrocina uma parcela do show e a outra parte é viabilizada por meio de fãs via crowdfunding. A ação também é uma estratégia de engajamento. “Quem participa sente que está ajudando a realizar. A essência do crowdfunding é mobilizar e realizar”, finaliza Sophia.