Curva pra baixo/curva pra cima

Estamos todos acompanhando duas curvas com muita atenção. A primeira delas é um tanto macabra: aquela que apresenta o nível de contaminação e mortes decorrentes da Covid; a outra é uma expressão de alento e de otimismo: a curva do número de eventos e de atividades liberados.

A primeira é aquela que torcemos para que aponte para baixo e não suba mais. A segunda é como um sorriso, que queremos que vá para cima, determinando um aumento contínuo e consistente.

Depois de sete meses, finalmente essas curvas parecem finalmente atender a nossa expectativa, gerando um alento a todos aqueles que tiveram seus negócios interrompidos, muitos deles estando à beira da insolvência.

Embora a gente se sinta aliviado ao ver aquele mapa da Covid no Brasil cada vez mais pintado de azul, que define a queda de casos em todo o Brasil, notícias vindas da Europa e dos EUA preocupam por apresentar uma reversão negativa do quadro de contaminação, que já apresentava curvas para baixo e agora as vê apontar para cima de forma ameaçadora.

O perigo é um relaxamento natural do público que já está farto de máscaras e distanciamento social. O Brasil tem a “vantagem” de estar numa fase posterior à Europa e mesmo os EUA, podendo observar o comportamento pós distensão nesses países e aprender com eles.

Um aprendizado importante é o risco de uma recidiva, como a que está acontecendo em alguns países da Europa e estados americanos. Não dá para abandonar a máscara ainda, nem relaxar com relação aos cuidados. Mas também não dá para reverter totalmente os passos na direção de uma distensão cuidadosa.

À medida em que essas duas curvas se afastam, o mercado se agita com as possibilidades de retomada. Um exemplo foi o evento Expo Retomada, ocorrido duas semanas atrás, marcando a volta das feiras e exposições em São Paulo. Foi muito bom poder se encontrar presencialmente com amigos do mercado do live marketing e de eventos, em geral. Mais do que isso, foi muito bom ver todo o ecossistema que gravita em torno dos eventos ativo novamente. Muitos profissionais e empresas de volta ao trabalho. Era indisfarçável a satisfação de todos em poder voltar à atividade, mesmo com as restrições ainda necessárias.

Foi bom se reunir com players do setor e discutir o novo momento de forma propositiva e pragmática, enxergando meios de potencializar a retomada com segurança. Isso aconteceu em São Paulo, maior mercado brasileiro de live marketing. Mas também em todo o Brasil, a distensão vem acontecendo, suportada pela curva descendente de casos e mortes por Covid.

E não só para os eventos, mas também na área de cultura e entretenimento. Ainda não é hora de se pensar em atividades que provocam muita aglomeração, mas já podemos nos programar para ir a teatros, cinemas, exposições. Pouco a pouco, a vida volta a uma condição que, se ainda não é ideal, pelo menos dá um alento para uma certa normalidade.

A normalidade, sabemos, só virá completa com as vacinas, que já se apresentam viáveis em tempo recorde. Fazendo uma analogia com o surfe, sabemos que essas duas curvas – vistas como ondas – podem proporcionar experiências marcantes nas nossas vidas.

Temos de aprender a surfar essas ondas e tomar cuidado para não levar algumas vacas ou mesmo afetar a nossa saúde com gravidade.

Assim como no surfe, é preciso estudar as marés, analisar cada onda com muito cuidado, mas também com coragem para aproveitar cada movimento e performar da melhor maneira possível.

Talvez seja necessário trocar de prancha para poder aproveitar essas ondas com eficácia. Talvez seja preciso procurar novas praias. Talvez os movimentos e as manobras não sejam as mesmas agora.

Mas, uma coisa é certa, é hora de tirar a prancha do rack e encarar os altos e baixos de um novo momento. E sem abandonar a máscara e o álcool em gel.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br