Da TV para as redes sociais: a trajetória de Flávia Alessandra e Otaviano
Casal conta ao propmark sobre a suas entradas nas redes sociais e como eles conciliam a vida de casado e de parceiros de trabalho
Flávia Alessandra e Otaviano são um dos casais mais carismáticos do cenário artístico do Brasil. Casados a 17 anos, eles se consolidaram na televisão brasileira por meio de novelas e programas de entretenimento.
Atualmente, ambos têm uma presença forte nas redes sociais e lançaram a Agência Family, que tem como foco a gestão de carreira do casal.
Juntos, eles somam mais de 19 milhões de seguidores nas redes sociais e dezenas de campanhas publicitárias, tanto individuais quanto como casal.
Ao propmark, Flávia e Otaviano contam sobre os seus inícios nas redes sociais e como eles conciliam a vida de casado e de parceiros de trabalho. Leia a entrevista na íntegra:
Como começou a relação de vocês com a internet?
O: Começou de forma tímida, se compararmos ao que nós temos hoje em termos de estrutura e pensamento. Mas a gente detectou muito rapidamente que era fundamental a nossa presença para marcar o território digital e potencializar a conexão com aquela grande audiência que estava ali. Nosso grande público, que ali sentado naquele sofá, o maior sofá do mundo, como eu brinco, e perceber com eles o nosso trabalho na TV aberta - porque era assim que eles nos percebiam. A gente não tinha nenhuma geração de conteúdo focado para o digital, nosso trabalho estava na TV aberta. E ali, naquele grande sofá com eles, a gente tinha essa caixa de repercussão do nosso trabalho: eles percebiam como eu apresentava, a novela que a Flávia estava interpretando, ou os programas que a gente estava como convidado. E era muito interessante isso. Só que percebemos também que era preciso acompanhar a evolução, então fomos para outras redes sociais, com o surgimento das novas plataformas, conteúdos e formatos. Contratamos uma equipe. Hoje temos um time multi-habilidoso, gente muito potente que vai da criação à gestão e planejamento das redes como um todo. A gente está em quase todas as redes sociais e tem uma coisa interessante que as marcas, junto com a gente, criaram uma conexão especial para gerar negócios diferentes e temos hoje um resultado muito positivo. Se olhar o nosso histórico de relação com marcas nesses últimos anos, especialmente nas redes sociais, é muito potente. O que demonstra a força e a necessidade de um pensamento muito profissional em cima da internet e das redes sociais especialmente.
F: Eu lembro que a minha relação com a internet, além de ter sido um lugar novo de pesquisa, mas mais próximo com as redes sociais, o meu primeiro encanto foi com a proximidade com o público, porque no início era isso que se tinha. Então, se eu sou de uma época em que se mandava cartas, a rede social trouxe essa proximidade com o fã e o seu ídolo. Eu pude passar a estar com as pessoas mais tête-à-tête, de perto, trocar com elas. E depois dessa base de fãs foi que veio um outro mundo, o de negócios. E aí, sim, acho que teve um reposicionamento de dedicação. De conseguir estar ali para as marcas, para me fazer presente, opinar, para entenderem quem é a Flávia, porque as pessoas me viam muito através das personagens e elas, às vezes, eram distantes de mim. Então, ali eu tinha a possibilidade de ser a Flávia.
Vocês são um dos casais mais conhecidos tanto da internet quanto do universo da televisão. Em que momento vocês começaram a trabalhar as publicidades juntos e como é feito esse trabalho?
O: Desde que a gente se casou, independentemente das nossas individualidades artísticas e comerciais, que já eram muito potentes, como casal, a gente detectou rapidamente que surgia uma nova oportunidade pra gente gerar negócios com essa imagem - dito e feito. Logo que a gente se casou começamos a fazer muitas campanhas. Campanhas offline, nacionais, regionais, eventos corporativos - foi num desses eventos que eu conheci a Flávia. E aí isso foi ficando cada vez maior. Até o momento que a gente entendeu que a publicidade também estava migrando investimentos cada vez maiores para o ambiente digital. Foi quando a gente não perdeu tempo e se preparou para fazer essa migração também. Foi aí que a gente construiu o próprio estúdio, para geração dos conteúdos. Fundamos nossa agência, a Agência Family, que é uma agência de agenciamento, mas que tem um pensamento publicitário, porque tem uma equipe multi-habilidosa que vai da criação, passando ao planejamento, na ponta comercial de produção. Tudo para poder, junto com as agências e com as marcas, gerar um pensamento sobre formato, estratégia e modelos de conteúdo, entendendo nossos milhões e milhões de seguidores. Também indo além, com uma estratégia de mídia e gerando a awareness e branding, que é muito bacana para as marcas com as quais a gente se associa. E o mais interessante é que essa capilaridade que a gente tem hoje de negócios e de relacionamento com marcas é muito grande. Vai de uma grande rede de supermercados a uma grande internacional rede de hotelaria. Vai para a maior rede de harmonização facial do Brasil passando por uma Coca-Cola, de repente, vai para uma marca internacional de lentes de contato, como também para uma marca de relógios brasileiros supertradicional que é a Condor, e assim por diante. O portfólio de marcas que nós temos hoje é muito potente. Além dos próprios negócios que a gente fundou, como por exemplo a U-Treino, que é a nossa mais nova plataforma de treinos online e bem-estar, e é uma startup que a gente está investindo dinheiro do próprio bolso e que já tem marcas incríveis de olho pra gente se associar.
F: Acho que o Otaviono já falou bem sobre a gente, mas o curioso é que a gente se conheceu trabalhando junto. A gente estava fazendo um evento em que nós dois nos apresentamos, eu não o conhecia, ele não me conhecia. Depois dali nos juntamos, casamos e nunca mais nos separamos. Eu não lembro qual foi o momento que a gente passou a trabalhar juntos como casal, mas de fato foi de forma muito orgânica e natural.
Como surgiu a ideia de criar a Agência Family?
O: Lá em 2019, mais ou menos, diante de uma reflexão muito potente que a gente fez sobre a nossa carreira, imagem e negócios. Eu e a Flávia pensamos em três perguntas que ajudaram a elucidar e nos deram a visão de tudo que a gente colocou em prática até hoje. A primeira era: ‘o que queríamos fazer?’; a segunda: ‘com quem queria fazer’; e a última: ‘como queria fazer?’. E essa última pergunta nos levou diretamente à reflexão sobre a nossa gestão de carreira e negócios, que até então era feita por um talentoso e competente agente artístico que é nosso amigo pessoal até hoje. Mas, diante da nossa grande inquietude e com a grande expertise que a gente já tinha, tivemos de tomar as decisões sozinhas e assumir as responsabilidades para que a nossa intuição fosse obedecida. E aí foi quando a gente fechou esse lindo ciclo e fundou a Agência Family. Era ali que se criava o nosso casulo para começar a nos representar, eu e a Flávia. E ali o pensamento começou a ser elaborado. Com estúdio já construído, montamos nossa equipe - que muitas vezes pensa como publicidade para atender alguma demanda de uma marca, para desenvolvermos os formatos, conteúdos e soluções da propaganda. Mas, assim sendo, a gente colocou a Agência Family como a nossa house de proteção e potencialização da nossa imagem, negócios e carreira. E assim estamos até hoje.
F: Eu acho que a Agência Family virou um terreno de realização de projetos, ainda mais agora que eu estou podendo voar para o mundo. A Agência virou esse terreno de semear e de conseguir colher sonhos. Então, ‘ah, eu tenho um projeto que eu sonho em poder apresentar’, ‘ah, tem um outro projeto com Ota para o ano que vem’... e a gente vai lá, semeando. Vamos plantando, ‘por onde precisamos começar? Vamos estar atrelados com alguma marca ou não? Vamos ter alguma agência com a gente?’. Nós conseguimos pensar no projeto, em um todo, para de fato estar realizando e tirar ele do papel. Além de todo o nosso trabalho das entregas, da proximidade com os clientes, de buscando os nossos melhores resultados, tem esse terreno de realização de projetos e realização de sonhos, acima de tudo.
O que vocês levam em consideração na hora de fechar um trabalho com alguma marca?
O: Eu acho que a gente leva uma série de fatores em consideração, mas afinidade e admiração são as duas primeiras coisas que eu olho. Afinidade: o produto, o serviço, a marca em si, tem alguma afinidade comigo? No meu comportamento? Estaria no meu consumo? Estaria no meu dia a dia, no meu cotidiano? Tá, se não, tem admiração? ‘Poxa a marca é incrível, nunca trabalhei com ela, que história linda, adoro o que eles fazem, os produtos que eles lançam, os serviços que eles oferecem, eu acho incrível’. Aí, a partir disso, a gente entra no reputacional, no ambiente histórico dele pra perceber como ela é vista diante do grande público nas redes. Damos uma boa olhada pra isso. Escutamos também outras pessoas, para ter uma segunda opinião. E a gente vai lá entender se ela é uma empresa OK pra gente estar associando a imagem. E o terceiro pilar, é claro, que é a negociação, é a conversa, é o modelo de negócio que sai a partir daquilo. Mas são basicamente esses fatores.
F: É isso! Antes de tudo eu preciso acreditar. Se é uma marca que eu não conheço, e posso ainda não conhecer, pois tem tantas marcas incríveis hoje no mercado, a primeira coisa que eu falo é: ‘me envia o produto?’. Deixa eu saber, testar, experimentar, provar. E eu realmente faço isso. Peço um tempo. Já aconteceu de eu perder vários desses trabalhos, porque eu quero antes conhecer, testar e saber como é em mim antes de estar falando.
Vocês participam da criação das campanhas? Se sim, como é esse o processo?
O: Sim a gente participa efetivamente quando tem a demanda, a necessidade e a liberdade pra que isso aconteça a quatro mãos com a marca, com o cliente. E o nosso time de criação trabalha de maneira colaborativa para que a gente desenhe o melhor formato de conteúdo possível. Não só para as redes do cliente, como especialmente pras nossas redes. Esse é um trabalho de carpintaria de conteúdo, como a gente gosta de chamar, porque as nossas redes têm um comportamento muito claro, a gente sabe o que eles gostam mais ou menos. Então falamos para o cliente deixar que a gente tente algo muito mais próximo do nosso DNA de conteúdo, para que a gente consiga gerar um engajamento ainda maior e mais identificável para a audiência. Hoje estamos buscando cada vez mais uma máxima de que não pode parecer publi nas redes, sabe? Tem de parecer muito mais uma coisa orgânica do que propriamente um merchan de 1980. E a gente está num trabalho de bastante conversa com as marcas, que, às vezes, alguns deles, ainda querem apostar em uma coisa muito tradicional, que nas redes a gente já viu que diminui muito a força, a interação, o engajamento.
F: É esse o processo de envolvimento que a gente tem. Às vezes chega aqui com essa modalidade de publi. De poder desenvolver e dividir com o cliente quais são os pontos importantes que não podemos deixar de falar, mas de fazer com essa nossa cara, com a nossa linguagem, cada vez mais. É esse lugar, né? Ninguém quer mais ouvir: ‘então, você já ouviu falar do produto tal?’. As pessoas querem ver uma história ser contada, querem ver a emoção, querem ter a risada, e as pessoas querem conhecer aquele produto - que já vai ser incrível, porque é um produto que quem está assinando ali embaixo é a Flávia e o Otaviano - ‘Opa, eles só fazem o que eles acreditam’. Então é nessa base.
Qual é a melhor definição da marca Flávia e Otaviano?
O: Nossa é uma pergunta difícil, né? A gente olhar pra gente e definir quais são os nossos principais valores, marca pessoal artística. Mas eu diria confiança, bom humor e família. Talvez os três pilares mais óbvios pra gente, como o casal.
F: Eu acho que acabei respondendo, mas é curioso porque entendemos que somos uma marca também, Flávia e Otaviano. Mas, eu acho que é essa a confiança e é muito fofo ver que tem uma torcida da galera pela gente, sabe? Quando eu tô indo para o aeroporto, para o trabalho, no shopping, as pessoas se aproximam para falar, ‘ah, cadê o Otaviano? Eu adoro vocês como casal, como família’. Tem uma torcida pela a gente mesmo, como um casal, e eu acho que isso é muito especial.