Daniela Busoli: “Ao criar um conteúdo de marca existem desafios e riscos”

Daniela Busoli, CEO da Formata Produções e Conteúdo, é a jurada brasileira da competição Entertainment Lions. É uma competição específica dedicada para ações de música e cinema, por exemplo. Essa área entrou em cena em 2016 e de lá para cá cresceu e passou a englobar novas categorias como esportes e games. Acompanhe aqui trechos do bate-papo com Daniela, e conheça sua visão da área, a partir de uma experiência que, como ela própria descreve, envolveu “um pouco de tudo” na indústria da comunicação (e um pouco fora dela, também), e hoje se concentra na produção de conteúdo.

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Representante brasileira da área Entertainment Lions, Daniela Busoli busca relevância

ENTRETENIMENTO
É a forma de conquistar e mobilizar audiência através de diferentes tipos de conteúdo. Pode ser cinema, teatro, programas de TV, internet, esportes ou eventos. A categoria Entretenimento deverá julgar a melhor interação entre conteúdo e marca. Quanto mais ‘orgânica’, quanto mais aderente ao conteúdo a marca estiver, mais  fortemente ela será absorvida e consumida pela audiência e, portanto, melhor avaliada.

DESAFIOS
Ao criar um conteúdo de marca existem desafios e riscos que precisam ser levados em consideração. Exagerar na entrega da marca ou produto pode causar insatisfação na audiência e, consequentemente, fracasso na iniciativa. Por outro lado, esconder demais a marca ou produto pode ter o efeito inverso e não atingir o objetivo desejado. Há ainda o risco na escolha. Já tive cliente que escolheu o conteúdo errado. É muito importante conhecer o formato que se deseja e medir as consequências do que ele pode gerar. Aprendi que é melhor não fazer um projeto a realizá-lo apenas para agradar o cliente. A experiência, com muitos erros e bons acertos, me trouxe maturidade para não apoiar qualquer iniciativa.

BRASIL
Sim, temos vocação para o entretenimento. Nossa população é continental, somos muito digitais e somos um povo altamente criativo. Consumimos TV aberta, fechada, VOD, mídias sociais e internet como poucos países no mundo. Nossas novelas viajam pelo mundo; nossa publicidade é reconhecida globalmente; e nossos conteúdos estão ganhando cada vez mais espaço graças ao streaming. As novas plataformas digitais ampliaram a distribuição e quebraram a antiga barreira da língua portuguesa, que era considerada fator impeditivo nas vendas internacionais.

RELEVÂNCIA
Comunicação é entretenimento quando ela acerta a mão e consegue mobilizar a audiência sem que essa se sinta ‘invadida’ ou incomodada com a presença da marca. A relevância do conteúdo aproxima e fideliza. O público compreende e reclama quando a exposição de marca é exagerada, mas tambémaceita, apóia e fetivamente consome quando a medida é certa.

PROPAGANDA
Claro, propaganda pode ser entretenimento! Temos muitos exemplos de ações de marca que alcançaram milhões de pessoas e são puro entretenimento. Temos, inclusive, uma marca que fez conteúdo tão bem que não sabemos mais se é bebida ou áudiovisual. Eventos esportivos também são campeões em unir propaganda e entretenimento. Mas cuidado: do spot de 30’’ a um conteúdo relevante para a audiência existe uma longa distância. Uma bela campanha pode ter sérios desafios ao tentar se desdobrar num arco de conteúdo com uma ou mais temporadas. É completamente diferente a forma de criar isso.

CANNES
Vou tentar levar a experiência de conteúdo que adquiri ao longo desses anos e identificar as peças e marcas que conseguiram ultrapassar criativamente a barreira da propaganda tradicional ao conteúdo.

JÚRI
Meu critério será técnico, com olhar de exibidor, distribuidor e audiência.

PRÊMIO
Merece ser premiado quem conseguir a proeza de apresentar o melhor conteúdo, aquele capaz de encantar, divertir e entreter uma audiência, sem que essa audiência fique irritada ou entediada por uma marca estar ali.

CRIATIVIDADE
O mercado de criação de conteúdo brasileiro independente é recente e foi possível graças à implementação da lei do audiovisual, que estabeleceu cotas de conteúdo nacional às TVs fechadas. Antes disso, o mercado era muito restrito, a criação e produção de conteúdo eram concentradas nas emissoras.