DCS encerra operação
Uma das mais tradicionais e criativas agências do Rio Grande do Sul, a DCS fecha as portas definitivamente. A agência do grupo WPP, fundada em 1985, foi uma grande escola de formação de profissionais. Comandada por Roberto Callage e Antonio D’Alessandro, a empresa figurou, nos tempos áureos, entre as maiores do país – segundo ranking do Ibope Monitor –, recebeu prêmios nacionais e internacionais e atuou para clientes de peso, como Olympikus, Azaleia, Tramontina e Vonpar Coca-Cola.
Em 2010, a DCS enfrentou um momento difícil com a investigação da Operação Mercari, que denunciava superfaturamento de notas nos serviços prestados ao Banrisul. Embora os resultados não tenham sido conclusivos (e ainda estão em julgamento), a situação fragilizou a agência internamente.
Meses depois, no final de 2011, Roberto Callage, sócio-fundador juntamente com Antônio D’Alessandro, deixou a operação. Na sequência, a agência perdeu as contas de Grupo Azaleia, Shopping Iguatemi e Lojas Pompéia. Em função disso, viu-se obrigada a adequar a estrutura à nova realidade e reduziu drasticamente a equipe, que já tinha sido de mais de 100 funcionários.
No mesmo período, o publicitário Márcio Callage, filho de Beto Callage, deixou a gerência de marketing da Olympikus para abrir como sócio a DM9Sul, do Grupo ABC, levando junto a conta do Grupo Vulcabras Azaleia, que além da Olympikus detém as marcas Azaleia, Reebok, Dijean e Opanka.
A DCS ficou então sob o comando de D’Alessandro, que tentou reerguê-l,a mas culminou com a decisão de fechar as portas. Decisão que foi comunicada aos funcionários na segunda-feira passada (25), três dias antes do fechamento oficial. Procurado pelo propmark, a agência optou manifestar-se por meio de um comunicado oficial, apenas informando a data que iria encerrar suas operações.
Rede
Desde 2001, o Grupo WPP tinha participação societária na DCS. Em 2005, a fatia da multinacional aumentou para 61% do capital. Na prática, a agência estava vinculada ao escritório da JWT de São Paulo, do mesmo grupo. Mesmo após os percalços, dois clientes importantes permaneciam na carteira de clientes da DCS: a Tramontina e a parte de bebidas da Vonpar Coca-Cola.
A conta da Tramontina passa a ser atendida agora pela JWT. Segundo comunicado emitido pela agência, “o relacionamento entre as duas empresas iniciou-se por meio de apresentações e a sinergia foi imediata, já que ao mesmo tempo em que a JWT buscava clientes que possibilitassem trabalhar uma proposta integrada, a Tramontina buscava um parceiro que tivesse abrangência tanto no Brasil, quanto no exterior”.
O primeiro trabalho para Tramontina, criado pela JWT, já está sendo executado e deverá ser lançado ainda nesse semestre. Segundo Ezra Geld, diretor-geral da agência, “ter um cliente com a potência da Tramontina é um privilégio para a carteira de clientes. Uma empresa que é um marco na indústria brasileira e que está na casa de todos os consumidores”.
A estrutura da JWT ainda está sendo montada em Porto Alegre, mas seu comando será reportado à matriz, em São Paulo. A agência também possui escritório em Curitiba e no Rio de Janeiro, somando mais de 400 funcionários no total. Com a nova operação, deve ser iniciado um trabalho de prospecção no mercado gaúcho.
Já a Vonpar Coca-Cola, há seis anos na agência, informou que está em contato com a JWT, mas não há nenhum contrato definido até então. O anunciante diz que o momento é de avaliar a proposta, a estrutura e os objetivos do projeto.