Deca investe no relacionamento
Quais são as novidades nos produtos da Deca?
Hoje estamos trabalhando muito forte na mistura de materiais e tentando provocar novas sensações e experiências no consumidor de uma forma geral. Temos novos acabamentos e novas propostas de materiais diferentes. Temos, por exemplo, desde uma cuba que imita uma pedra até a imitação de cobre. Recentemente, fizemos uma pesquisa que nos mostrou uma nova tendência de fugir daquele banheiro meio hospitalar, com tudo branco e cromado. Estamos tentando levar um pouco mais de vida para o mercado, dar mais conforto e ir um pouco além neste sentido. Por outro lado, mas caminhando no mesmo sentido, estamos tentando fortalecer esse conceito de sustentabilidade.
Como surgiu esse drive? Foi por conta da crise hídrica que estamos passando?
Esse drive faz parte da companhia há muitos anos, não é um tema recente por conta da crise hídrica. A gente passou dois, três anos, reformulando um projeto nosso, que desencadeou no Pró-Água, em 2013, um pouco antes dessa queda no nível das represas. A gente sempre soube do déficit habitacional do país e, uma vez que a gente venha combatê-lo, automaticamente o consumo de água se torna elevado. Então a gente precisa combater o consumo de água, não porque não está chovendo, e sim, porque tem mais gente que está precisando de água. Foi com essa ideia que nós pensamos em sair da simples venda de produtos economizadores para partir para projetos gestores da água, como este lançado em 2013.
E como funciona, na prática, o projeto Pró-Água?
Ele é um projeto de gestão da água, como bem disse, no qual buscamos, de uma forma ampla, por meio de parcerias, identificar problemas como vazamento de água, por exemplo. Nesses primeiros quatro meses do ano, a gente tem 57 projetos em andamento em todo o Brasil, mas são projetos grandes, como empresas, aeroportos, museus… Quando a gente fala na área residencial, a gente tem de dois a quatro pedidos para que esse estudo seja feito. No início a gente optou por não sair divulgando justamente para ter um controle da execução de serviço. Queríamos dar qualidade ao estudo. Então, agora a gente vem crescendo bastante nesse projeto.
Outro projeto que a Deca está patrocinando é o Disputa de Colégio..
Sim. É uma forma que achamos de levar o tema para dentro das escolas, gerando reflexão por parte dos estudantes sobre a economia da água. É uma forma também de sair do discurso e ir para a prática. E essa ação veio para provocar, é uma competição saudável. Fizemos um projeto com o Masp também. Eles tinham o interesse em trocar um ou outro produto e nós apresentamos o projeto do Pró-Água e eles gostaram. Por incrível que pareça, nós conseguimos um pay back no Masp em menos de quatro meses. Assim, em quatro meses, o que eles investiram na mudança de louças e metais foi pago com a redução na conta de água. A gente acredita que eles extrapolaram os 50% em economia apenas com o projeto.
Em relação às estratégias de marketing da Deca, quais são elas e por onde estão caminhando?
A gente vem trabalhando fortemente em cima dos nossos parceiros. Eu explico por quê.Eu havia trabalhado anteriormente em uma empresa de alimentos e lá a interação com o produto é bem maior. Por exemplo: você vai ao supermercado pelo menos uma vez por mês, ou seja, existe essa interação com a gôndola. Agora, em relação aos produtos da Deca é diferente, você interage com eles todos os dias, mas você vai às compras uma vez ou duas no máximo, quando vai reformar ou construir. A necessidade de trabalhar o relacionamento com toda a categoria é muito grande. Por isso que o nosso foco nesse relacionamento é de extrema importância, desde o engenheiro, passando pelos arquitetos, até chegar aos vendedores balconistas e também o instalador hidráulico. A gente investe, de certa forma, em relacionamento com os profissionais que trabalham com os nossos produtos. Queremos que todos se sintam confortáveis em usar Deca. É importante para nós ter essa relação.
A Casa Cor, no quesito relacionamento, é muito importante?
Sim, muito importante. Inauguramos agora, no dia 26 de maio, a Casa Cor São Paulo, mas já temos outras em andamento pelo Brasil. Essa é uma plataforma muito importante pelo relacionamento com arquitetos e a gente também acaba levando muitos parceiros importantes. A expectativa é das melhores. Passamos por algumas mudanças na gestão da Casa Cor, o evento foi para dentro do núcleo Casa, da Editora Abril, e o que nos tem sido passado é muito legal. É um projeto de muito conteúdo, nós imaginamos que vamos integrar melhor o nosso conteúdo a publicações muito importantes. O nome dos participantes também é excelente. Nossa expectativa é muito positiva em relação aos desdobramentos, principalmente nessa questão de conteúdo. Tem também as praças internacionais, em que temos muito interesse. Das plataformas que temos, a internacionalização é muito importante. A América Latina é muito importante para nós, pois queremos fortalecer, e muito, a nossa presença neste mercado. Entendemos que a Casa Cor é um caminho interessante e importante para isso.
Como você avalia o primeiro trimestre do ano?
De uma forma geral, foi muito interessante mostrar o nosso posicionamento e comprometimento em relação à inovação da marca. Nós tomamos a decisão, pela primeira vez, de não fazer algo que geralmente mais chamava a atenção dentro do nosso estande, que era o uso de água. Então, fizemos um estande sem água. Foi um desafio muito legal. Estamos lançando, em breve, um desafio no qual, em vez de dar design a um produto de uso público – que é uma torneira temporizada –, fazemos o movimento contrário: olhamos o benefício de um produto para uso público e trouxemos para o uso residencial. Em vez de criar design, criamos tecnologia e embutimos dentro de um produto residencial. Então, você induz a pessoa a usar o produto de uma forma consciente, sem precisar abrir mão do design e dos produtos que já existem dentro de casa.
E sobre o mercado, qual é a sua opinião?
Sobre o mercado, podemos dizer que ele não está fácil, mas a gente vem conseguindo atingir os objetivos traçados no início do ano. Muito foi afetado pela baixa da confiança do consumidor, que está fazendo com que muita gente repense muitos investimentos, como a reforma de um imóvel. Nós sentimos um pouco isso dentro do varejo e estamos sentindo a dificuldade no lançamento de novos empreendimentos. Se a gente já vinha vendo esse ritmo de lançamento caindo, isso, claro, impacta no varejo como um todo. Os números da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) mostram isso, essa queda no varejo.
E para o restante do ano? Alguma previsão?
Sob o aspecto da economia, não me parece algo que vai ter uma virada tão rápida. Os estudos que nós temos visto mostram que ainda não chegamos em um ‘turning point’ e a retomada não vai ser na velocidade que gostaríamos. 2015 é um ano para tentar ser mais assertivo, segurar os investimentos e rever os custos. É bom, porque vamos trabalhar bem mais a gestão. O problema é que só se ouviram, até aqui, notícias ruins. Não se veem as pessoas se entendendo. Enquanto não se veem algumas atitudes que podem fazer com que as coisas melhorem, nada poderá ser feito. Estamos ainda numa inércia.
Washington Olivetto recriou uma campanha da Deca de 1971. Como foi essa experiência para a marca?
Foi uma grata surpresa o Washington resgatar esse filme, que ajudou no trabalho de conscientização sobre o uso da água. A gente trabalhou muito a questão da inspiração e da inovação nos nossos produtos, mas, desde o ano passado, começamos a falar um pouco sobre a sustentabilidade. Começamos a ver, dentro do Pró-Água, um discurso de economia, mas também vimos, desde o ano passado, uma série de boas ideias que não eram tão eficientes. Aí começa percebemos que era o momento de divulgar as mais de 300 soluções que temos para economizar. Neste trabalho, junto com a WMcCann, o Washington veio e falou desse vídeo “Pingo”. E, quando ele falou, pensamos em resgatar esse material.