O argentino Chavo D’Emilio assume, no final deste mês o cargo de ecd (executive creative director) da McCann Erickson Miami. Na nova função ele irá trabalhar por projetos para alguns clientes da América Latina, inclusive o Brasil, atendendo anunciantes regionais da agência, como Coca-Cola, Mastercard e Kraft Foods.

Com pouco mais de 15 anos de carreira, D’Emilio já é um dos criativos mais premiados da publicidade argentina. Foram nove Leões em Cannes (sem contar esta edição), sendo cinco de ouro, e mais 17 troféus no Clio e 52 no Fiap, só para ficar em alguns.

Por mais de uma década trabalhou nas principais agências de seu país, e entrou para o grupo McCann há alguns anos. Em 2008 assumiu a TAG Ideation de Buenos Aires, agência lançada pela McCann Worldgroup com foco em publicidade e conteúdo para o público jovem, a fim de atender clientes próprios e da McCann na América Latina. E, em setembro do ano passado, junto com Washington Olivetto, chairman e cco da WMcCann, foi anunciado como um dos seis membros do “Creative Leadership Collective”, grupo lançado por Nick Brien, ceo mundial do McCann Worldgroup.

Apesar de estar ligado à McCann Miami, D’Emilio irá atuar diretamente de Buenos Aires, onde terá seu escritório. “Irei para Miami uma vez por mês, e também visitarei outros países da região, já que nesses projetos regionais irei trabalhar sempre em parceria com a agência local”, explicou.

O criativo disse que esse é um ótimo momento para desempenhar tal função. “A McCann vive um excelente momento criativo, com esse reposicionamento promovido mundialmente pelo Nick Brien. E também está indo muito bem do ponto de vista de negócios na região, sob o comando do Luca Lindner (presidente do McCann Worldgroup para a América Latina)”, afirmou, ressaltando que a criatividade é fundamental para qualquer agência.

“Antes, as grandes redes de agência olhavam para a publicidade mais sob o ponto de vista estratégico, de negócios. Hoje não, estamos em um mundo em que a criatividade faz a diferença”.

Para Chavo, será muito bom trabalhar em projetos com a WMcCann, no Brasil. “Já fizemos alguns projetos juntos, para clientes como a Coca-Cola. Gosto de trabalhar para o Brasil porque é um mercado muito grande, com múltiplas oportunidades de fazer sua marca chegar ao consumidor. E acho que a chegada do Olivetto deu outra inspiração à agência”.

Cannes
D’Emilio elogiou a multidisciplinaridade que hoje faz parte do Festival de Cannes. Primeiro porque isso traduz a realidade da comunicação de hoje sob a ótica dos negócios. “Temos diversas maneiras de chegar ao consumidor e atingi-lo com precisão. E o festival tem acompanhado essa realidade, mostrando como podemos aproveitar esses recursos”. Porém, ao mesmo tempo acredita que o fato de uma peça ser vencedora em diversas áreas acaba tirando um pouco sua identidade.“Às vezes não sabemos se a proposta é ser um trabalho de Cyber, Promo ou de Direct. De qualquer forma, se o trabalho é vencedor, é sinal de que a ideia é boa. E isso sim é o que vale”.

E falando de Cannes, D’Emilio comentou o motivo pelo qual acha que a publicidade argentina tem sido a mais premiada da América Latina na área de Film – a origem do festival – há pelo menos uma década (nos últimos cinco anos a Argentina conquistou 39 Leões com filmes, contra 12 do Brasil). E não credita isso à cultura de cinema do argentino, um dos motivos que sempre é lembrado.

“A Argentina sempre teve cultura de cinema, e nem sempre teve uma boa produção publicitária. O que temos hoje é uma boa cultura em publicidade, graças a criativos como Fernando Vega Olmos, Hernán Ponce, Pablo Del Campo, entre outros. E todas as agências têm criativos que aprenderam com essa geração. Digo com toda certeza que hoje o argentino tem uma paixão enorme por publicidade”, ressaltou, mas com um adendo: “Só perde para a paixão pelo futebol”, completou Chavo, fanático pela publicidade e pelo Boca Juniors.

por Daniel Milani Dotoli – de Cannes