Democracia mista
1. Desde o julgamento do mensalão que os poderes Legislativo e Judiciário demonstram problemas de relacionamento, com aquele, inconformado, querendo sobrepor-se a este.
A Carta Magna preconiza a independência dos poderes entre si (aqui incluindo também o Executivo), o que não é bem assim, pois se os membros do STF (Judiciário) são escolhidos pelo Presidente da República e sabatinados pelo Senado, o princípio da autonomia fica comprometido.
Mesmo assim, prevalece uma grande distância entre eles na maioria dos casos em que devem intervir. A não ser a partir do mensalão, quando alguns membros do Parlamento resolveram insurgir-se contra a Presidência do STF e os demais ministros que condenaram a maior parte dos indiciados.
De lá para cá, o Congresso Nacional tem procurado criar obstáculos à completa independência do Judiciário, culminando agora com a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que submete decisões do STF ao crivo do Parlamento, como, por exemplo, as que dizem respeito a súmulas vinculantes e leis consideradas inconstitucionais pela Alta Corte, aumentando de 6 para 9 – em um total de 11 ministros – o número mínimo do colegiado do STF necessário para declarar a inconstitucionalidade das normas.
Essa proposta ainda tramitará pelos plenários da Câmara e do Senado, mas pelo andar da carruagem, deverá receber o voto de 60% dos congressistas.
Estamos seguindo nesse particular os mesmos passos de outros países da América do Sul, que têm minimizado a atuação do Judiciário, formado por técnicos, quando decide questões provocadas pelo Legislativo e Executivo, formados em sua grande maioria por políticos carreiristas.
Quem perde com isso é a democracia e em consequência o povo, que saiu às ruas contra os que se instalaram no país no século XX, vendo, todavia, nascer agora um novo tipo de regime de exceção, com roupagem civil, porém extrapolando os seus limites.
O pior de tudo é que não temos meios de lutar contra isso. A arma do voto os beneficia, sobrando para os cidadãos a tudo assistir com indignação e revolta.
2. Merece elogios a campanha do Ministério das Cidades alertando para o perigo das motos, embora reconhecendo a grande importância delas no caótico trânsito de hoje nas grandes cidades brasileiras, onde os espaços são cada vez mais escassos.
Com urbanidade, respeito às leis e aos seus limites e principalmente com o reconhecimento de que todos têm o mesmo direito de circular, a campanha poderá ajudar a diminuir os graves acidentes que estão enchendo os noticiários das tevês.
3. O trabalho da equipe de Claudio Ferreira, superintendente de Veja, na produção de Veja Luxo, que começou a circular com a edição semanal da revista de 24/4 (data de capa), demonstra que a crise pode ser mais uma vez vencida com muito trabalho e criatividade.
Ao folhear Veja Luxo, o leitor terá essa sensação, chegando a imaginar que os principais problemas da nossa economia estão superados.
Um trabalho de fôlego, editorial e comercialmente falando, que justifica as recentes pesquisas que apontam o meio revista como a mídia que mais influencia as decisões de compra dos consumidores classe A.
4. Marcio Oliveira, da Lew’LaraTBWA, falando pelo Grupo de Atendimento, enaltece o resultado de inscrições que apresenta o seu novo curso: quarenta profissionais até a última quinta-feira (25).
Segundo seu vice-presidente e coordenador, o sucesso do grupo com esse curso reflete o acerto da inclusão no conteúdo de palestras sobre as mais diferentes áreas de atividades. O maestro João Carlos Martins, por exemplo, falará sobre gestão de pessoas e projetos em uma orquestra. O major Miranda, do Grupo Antissequestro da PM de S. Paulo, abordará o tema negociação, e David Portes, entre outros, discorrerá sobre técnicas de vendas.
5. A edição de aniversário deste ano do propmark, que circulará dia 20 de maio, promete ser uma das melhores dos 48 anos de atividades deste jornal.
O tema principal escolhido pela nossa redação refletirá os 60 anos do Cannes Lions, com o convite já feito a 60 profissionais que de alguma forma se envolveram com uma grande conquista no festival para reproduzirem em imagem gráfica o seu sentimento a respeito.
Será mais uma daquelas tais edições históricas que costumam levar dois ou três dias para a leitura completa.
Além da sua parte comemorativa, a edição reportará normalmente os fatos da semana.
6. Luiz Lara, presidente da Abap Nacional, iniciou a distribuição das cartilhas segmentadas para deputados, educadores, publicitários, jornalistas, pais e mães, junto com exemplares do livro “Somos todos responsáveis”, com depoimentos de especialistas sobre a publicidade dirigida a crianças.
Um esforço da entidade nacional das agências, que serve como exemplo para todos os envolvidos nessa delicada questão, demonstrando que se preocupar é apenas a primeira parte da sua abordagem. É preciso ir além e esclarecer, como fez a Abap na produção desse valioso material didático-informativo.
Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2446 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 29 de abril