Desculpe, eu não sei a resposta!
O que você acha deste negócio de derrubar as estátuas das pessoas ilustres que se revelaram anti-heróis? E sobre a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, qual é a sua opinião? Como surgem as nuvens de gafanhoto que podem invadir o Sul do Brasil, você sabe? Sobre voltar ao trabalho ou ser atropelado pela Covid-19, qual é a decisão correta? A gente vai conseguir pagar as contas? Quando a gente vai voltar ao normal? Nós vamos voltar ao normal? Desculpe, eu não sei as respostas.
E você sabe? Também não, né? Então, parabéns. Este é o primeiro passo para a gente chegar lá. Estamos vivendo um misto de excesso de comunicação, pressão por confinamento e total sentimento de insegurança por não saber o que vai acontecer nos próximos meses. O alívio é que esse pesadelo não é exclusivo seu, ele assola todos os brasileiros. Alguns no conforto de seus lares, empregados e com boletos pagos e outros sem um espaço para chamar de seu, sem trabalho e sem gerar nenhum boleto. Mas todos fomos atingidos sem dó.
Embora esse fato de alguma maneira nos conforte, sempre temos a sensação de que tem gente que está se dando melhor do que a gente, mesmo nessa situação de crise. Ou que tem gente que sempre tem as respostas certas, mesmo em pleno caos. Penso que não. Simplesmente porque não dá para ninguém usar respostas prontas para perguntas que nem sequer sabemos formular direito.
E agora, sem medo de desperdiçar tempo e por ironia da vida, fomos obrigados a parar para pensar e ressignificar as coisas, a partir do que achamos ou não importante para gente. Vivíamos uma cultura pela qual fomos educados a construir valores de negação à vida. Reconheça: a gente vivia meio que correndo atrás do rabo. Por isso éramos uma geração traumatizada por medo de quase tudo. Então por que não aproveitar este break para reorganizar a vida? Por que não mudar a direção das coisas e construir uma cultura que tenha como alvo a plenitude da vida?
Pensando assim a sensação melhora, pois nesse quesito não tem ninguém muito na sua, ou na nossa frente. E tudo bem não saber as respostas ainda. Isso é normal, possível e humano. Precisamos nos acostumar com isso, precisamos usar mais o poder da vulnerabilidade. E agora que sabemos que não temos as respostas certas, temos um objetivo em comum: descobrir os caminhos para chegar lá.
Primeiro é preciso reconhecer que somos muito frágeis em relação à natureza. Então o princípio da colaboração nos fortalecerá e fará toda a diferença nesta jornada. Querer sair desta sozinho pode complicar muito a sua vida.
É preciso pensar soluções diferentes, descobrir novos pontos de partida. Precisamos multiplicar conexões e promover muitos diálogos. A palavra é um dos recursos mais poderosos e abundantes que temos. Mas essas conversas têm que ser com gente diferente da gente, porque ninguém aprende nada novo a partir do que é igual. Por isso, devemos entender mais sobre o poder transformador da diversidade e inclusão.
De nada adiantaria tentar responder a todas as dúvidas do futuro, olhando para o passado escasso que fomos educados e acostumados a engolir. A pergunta não é mais “por que” e sim “para que” estamos aqui. Parece confuso, mas tente responder a essas palavrinhas e você vai perceber que o “porquê” sempre remete ao passado e o “para que” está sempre a serviço do presente e do futuro, que é o rumo que interessa. Então coloque o “para que” em sua rotina sempre que encontrar um desafio pela frente.
O conhecimento é outro destes caminhos que podemos seguir já. E, para conhecer algo, precisamos nos conectar. Porque só pela aproximação podemos entender e validar hipóteses e a partir daí criar novas crenças e lutar por elas. Então não existe outra maneira de você ser uma pessoa diversa e inclusa, se não se predispuser a conviver com as diferenças.
Vamos precisar também de muita informação. Mas temos que cuidar das fontes e da origem dessas informações. Precisamos parar de fazer recortes e de nos guiarmos só por uma visão seletiva, por meio da qual só enxergamos o que queremos ver, ou pior, o que as pessoas querem que a gente veja. Temos que ir mais fundo, investir tempo analisando possibilidades alternativas de informações.
E, se tratando deste novo mundo, tudo é importante; 1% importa e pode significar muita coisa. No brasil, por exemplo, 1% significa dois milhões e cem mil pessoas. Então, quando nosso governo justifica que 1% da banda podre que compõe a polícia não é o bastante para manchar a imagem de uma corporação inteira, ouse discordar, pois é preciso tolerância zero para atitudes racistas ou violentas de uma polícia que é remunerada pela população que deveria proteger. O 1% da população mais rica do brasil ganha quase 34 vezes mais do que toda a metade da população brasileira. Isso é pouco ou muito para você? Somente 1% dos jovens brasileiros fala inglês fluentemente. Este é o tipo de detalhe que mostra de forma gritante que estamos no caminho inverso de ser o país do futuro.
Por isso é importante entender que neste novo mundo pós-covid não basta concordar que vida negras importam. Não basta falar. O seu comportamento observável tem que ser antirracista. Por falar em futuro, eu, por exemplo, tenho 55 anos. Me sinto na minha fase mais produtiva e interessante. Eu quero estar presente nesse futuro. Mas o mundo corporativo parece não concordar com isso, pois, quando analisamos a diversidade a partir da integração das multigerações nas empresas, percebemos que depois dos 45 anos muitas companhias tiram dos colaboradores as possibilidades de desenvolvimento e carreira. Desperdício incrível de talentos, né?
E para você que leu este texto até aqui e já faz parte desta rede de apoio para construirmos um mundo mais diverso e inclusivo, compartilhe o que você já aprendeu. Contribua com ações afirmativas. Eduque, pois educar é cuidar e nutrir todos os dias.
Ronaldo Ferreira Júnior é conselheiro da Ampro – Associação das Agências de Live Marketing e sócio-fundador da um.a #diversidadeCriativa, empresa especializada em eventos, campanhas de incentivo e trade