Dia das Mães divide opiniões entre comércio e governo de SP
Representantes do comércio foram surpreendidos na semana passada com a fala do governador do estado de São Paulo, João Doria, após ter sugerido que o Dia das Mães fosse postergado para a última semana de agosto. A medida teria como objetivo evitar prejuízos aos comerciantes, uma vez que as pessoas estarão em isolamento social, e portanto, não podem ir às ruas fazer as compras para data. O comércio, por sua vez, também está restrito para serviços essenciais.
A sugestão de Doria, no entanto, não foi bem recebida pelas entidades representativas. Em nota oficial, a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) defenderam a manutenção do Dia das Mães tradicionalmente celebrado no segundo domingo de maio, que neste ano, está marcado para o próximo dia 10.
As entidades defendem ainda o início da flexibilização do isolamento a partir do dia 1 de maio, Dia do Trabalhador, como forma de minimizar os impactos negativos para a data no comércio. Vale ressaltar que o Dia das Mães é a segunda mais importante para o segmento, atrás apenas do Natal. “O Dia das Mães foi uma das razões pelas quais sugerimos ao nosso governador iniciar a flexibilização para o Dia 1º de maio. A decisão dele em reabrir o comércio somente em 11 de maio vai levar os comerciantes a terem uma dificuldade em aproveitar essa data”, diz Alfredo Cotait Neto, presidente da Facesp e da ACSP
Nesta segunda-feira (27), no entanto, Doria descartou qualquer possibilidade de antecipar a reabertura do comércio, algo também apoiado pela prefeitura da cidade de São Paulo. Durante coletiva de imprensa, declarou que “não há exceção. Não houve para a Páscoa, não terá para o Dia das Mães. Teremos uma quarentena obrigatória até o dia 10 de maio, a não ser serviços essenciais. Os demais podem atender online”. O governador ressaltou ainda que tem “certeza que todas as pessoas saberão compreender, aquelas que ainda têm suas mães, que é melhor proteger do que colocar em risco”.
De acordo com estimativa das entidades, a queda no movimento das vendas do Dia das Mães pode ultrapassar 90%, caso o comércio ainda se mantenha fechado. Também por meio de nota oficial, a FecomercioSP se manifestou contrária a postergação da data. A entidade categorizou como “superficial” a sugestão do governo. “O ideal seria o poder público focar na injeção de mais recursos às linhas de crédito apresentadas, principalmente ao micro e pequeno empresário, e no detalhamento do plano de reativação da economia paulista”.
A federação declarou ainda que a mudança no calendário afetaria ainda o Dia dos Pais. “Essa proximidade pode atrapalhar o desempenho das vendas das duas comemorações e comprometer até mesmo o faturamento de outras datas já consolidadas no segundo semestre como a Black Friday, por exemplo, já que o poder de compra dos consumidores estaria comprometido com mais de uma comemoração em um curto espaço de tempo”.