Johnnie Walker, carro-chefe da Diageo, deve continuar apostando em campanhas no Brasil

 

Aquele estigma que “uísque é uma bebida de pessoas mais velhas” pode estar com os dias contados. Pelo menos é o que revela uma pesquisa inédita encomendada pela Diageo Brasil para a Scotch Whisky Association, realizada no país pela TNS Research com 900 entrevistados entre 18 e 45 anos. Alguns dos principais dados mostram que 46% dos novos consumidores de uísque têm entre 25 e 34 anos e que 36% das mulheres dessa faixa de idade declaram consumir a bebida.

Já 51% declaram ter consumido uísque na semana anterior à pesquisa – sendo que nas regiões Nordeste e Centro-Oeste esses índices chegavam, respectivamente, a 66% e 59%. Só para constar, Recife, a capital de Pernambuco, há tempos está entre as cidades com maior consumo per capita da bebida no mundo, sendo a número um para a versão Red Label da Johnnie Walker, marca da Diageo que é lider mundial em vendas. Já no Centro-Oeste do país, principalmente em Goiânia e Brasília, o consumo tem crescido em grandes proporções.

Ainda dentro desse grupo de jovens, 50% citam o uísque como bebida favorita, seguida por cerveja (27%) e vinho (10%). E 63% dos apreciadores da bebida preferem misturá-la com gelo. Para os adeptos das campanhas de “beber moderadamente”, outro número interessante: quando decidem por uísque, 58% tomam menos doses de álcool durante a noite. Isso porque 73% afirmam que a bebida é consumida mais lentamente.

Os dados revelam ainda que a bebida geralmente é consumida na presença dos amigos, já que apenas 10% afirmam consumir uísque quando estão sozinhos, 81% oferecem para os amigos quando os recebem em casa e 24% assistem a partidas de futebol com seus colegas tomando doses da bebida – número bem significativo para um país onde a cerveja está diretamente ligada ao principal esporte nacional.

Por fim, o brasileiro está consumindo mais uísque importado, em detrimento do nacional. Em volume, o consumo aumentou 9,1% entre os 12 anos, 18,8% entre as versões oito anos, caiu -0,1% para os chamados “nacionalizados” (malte importado, mas engarrafado no Brasil) e teve queda de 6,6% entre os nacionais. Esses últimos dados são da Nielsen, que estima o mercado de uísque no país em R$ 1,8 bilhão, tendo crescido 8,6% em 2012.

Segundo Alexandre Rodrigues, gerente de comunicação da Diageo, o brasileiro está passando por uma “premiunização” de seu gosto. “Mesmo estando agora em um período de maior instabilidade econômica, o aquecimento econômico dos últimos anos deu mais segurança de emprego às pessoas, que se sentem mais livre para mudar seus hábitos de consumo”, diz. Em relação à Diageo, Rodrigues afirma que, como líder, a companhia se sente “na obrigação de desenvolver o mercado”. “Quando iniciamos o Whisky Festival, uma ação de ativação que fazemos há quatro anos, falávamos com cerca de 200 pontos de venda no país. Esse ano foram 10 mil pontos, bem pulverizados por todas as regiões”.

Para o próximo mês, a companhia lançará uma campanha para Johnnie Walker, criada pela BBH londrina e adaptada no Brasil pela Neogama/BBH. Porém, é bem provável que a marca continue a apostar, nos próximos anos, em ações criadas aqui especialmente para o mercado local, caso da campanha “Gigante”, lançada em 2011 pela Neogama e que foi a primeira campanha institucional da marca criada especificamente para um país.