Diana Zambrozuski fala sobre sua relação com as marcas
Em sua 12ª edição a Brasil Game Show (BGS) recebe a streamer Diana Zambrozuski, cosplayer e gamer que já tem mais de 1,5 milhão de seguidores no Facebook Gaming, e é uma das principais streamers da plataforma.
A gaúcha bateu um papo com o PROPMARK sobre seu relacionamento com marcas, detalhes da parceria com o Facebook, entre outros temas.
Quem cuida dos seus negócios? Você ou tem auxílio de uma agência?
Até o início desse ano eu cuidava sozinha. Respondia os e-mails até com outro nome. É bom porque se não a relação fica muito íntima do contratante comigo, às vezes começam a misturar as coisas, então, eu criava um personagem para responder, mas percebi que não estava dando conta de fazer esse serviço direito. Já tinham outras coisas que eu tinha que focar 100%, não valia mais a pena para eu ter que ficar toda hora me preocupando com os e-mails que precisava responder.
Isso foi por causa do aumento de eventos?
Exato, muita demanda e tem que produzir muito conteúdo, então tive que me dedicar mais ao conteúdo, as lives começaram a aumentar também, até porque chegou o Facebook Gaming, senti a necessidade de colocar uma pessoa ali para cuidar 100% e melhorou super. É muito bom ter alguém que manja só disso cuidando da área.
Hoje quando uma marca te procura, tem alguma preferência por determinada rede?
O Instagram, com certeza. A gente anda fazendo muita ação para o Insta, pois ele é muito nossa vida pessoal, então, realmente é o que a gente indica como pessoa. Eles me veem no Facebook jogando, mas o gamer também tem uma vida por trás. As pessoas querem saber o que a gente consome, o que a gente faz, se a gente viaja, o que fazemos em casa, que produtos usamos… As marcas entram nisso.
Joystick não se come e não dá para vestir teclado, certo?
Exato, temos a Cup Noodles por aqui, a Fini, a Jundiá, a Old Spice… Muitos dizem: ‘tu é gamer, você vai fazer negócios para mouse e teclado’. Não. É muito mais do que isso.
As marcas já entenderam o poder das lives?
O mercado ainda não está enxergando o potencial das lives, tanto é que eles sempre focam no Instagram. Não é sempre que a gente consegue inserir as lives do Facebook na parceria, não é o que as empresas estão se interessando. Mas deveriam porque na live a gente tem muito mais espaço e oportunidade de contar, de falar, de ser mais extenso, pois a gente fica horas e horas ao vivo.
Engaja mais?
Sim, porque as pessoas não estão ali para te assistir por 30 segundos. Às vezes, elas vão passar quatro horas contigo. É uma interação muito próxima.
Quais os critérios para você fazer uma parceria?
Não gosto de fazer nada que fira os meus princípios. Se tem tal coisa que eu defendo não vou querer vir para o meu público e vestir uma máscara e um sorriso e falar o oposto. Gostamos sempre de trabalhar com marcas que sejam legais. A Old Spice, por exemplo, tem um humor muito forte, muito característico, foi muito bacana, pois você pode se soltar, não é aquela marca que vai te dizer ‘vai por aqui, tem que ser mais educadinho’. Fechamos agora com a Jundiá e inserir sorvete no dia a dia e é muito bom.
Como é ser uma mulher nesse mercado de gamers?
Somos minoria no mercado de games, principalmente nos jogos hardcore. Tenho um vídeo no meu canal que eu falo sobre isso. Busquei na história por que as mulheres ficaram pra trás.
A maioria dos personagens femininos ainda são super sexualizados, mas eu faço live há uns cinco anos e todos os dias eu vou escutar alguma besteira no chat, comentários sexistas ou pessoas dizendo que ali não é nosso lugar. No início isso acaba nos afetando, a gente ainda está meio inseguro do que a gente está fazendo e começa a pensar se aquelas pessoas estão certas, pois são tantos e vivem falando isso. Como a gente tá ao vivo, na hora, lendo um comentário, não tem como fingir que você não se abalou com aquilo. Mas à medida que o tempo passa a gente acaba ficando calejado. Hoje em dia é muito difícil um comentário negativo me abalar porque já entendi que o problema não sou eu, são essas pessoas que ainda têm esse pensamento. Eu continuar ali é resistir, estar na linha de frente e abrir mais espaço para outras mulheres.
Se a gente desistir e se recolher, eles vão ganhar.
Como funciona sua parceria com o Facebook Gaming? O público era acostumado com Twitch e Youtube e agora temos esse novo player. Estão aceitando bem?
Eu comecei a fazer lives na Twitch e fiz por lá quase que minha vida inteira. Depois cheguei a participar de uma outra plataforma. Estava deixando as lives mais para segundo plano, pois só o Twitch era a plataforma forte naquele momento. De repente chegou o Facebook Gaming no Brasil, fui a segunda pessoa a entrar oficialmente no programa do Brasil e a primeira mulher. O PlayHard foi o primeiro.
O Facebook revolucionou o meu mercado de lives e de repente elas voltaram ao meu primeiro plano e hoje estamos investindo nisso. Já estou com um setup bacana e o Facebook dá muito suporte e atenção para a gente. Eles viram essa oportunidade. Todo mundo tem Facebook e conhece a plataforma. Existem os grupos onde a gente pode compartilhar a live diretamente ali, divulgar ali, não é só você estar ao vivo e depois acabou, não tem como as pessoas interagirem, como é nas outras plataformas. No Facebook quando acaba a minha live eu ainda posso postar, fazer enquetes e tudo mais.
Como falávamos de comentários tóxicos, nas outras plataformas as pessoas só criam nick e já podem falar qualquer coisa no teu chat. No Facebook a gente sentiu um grande impacto porque lá você precisa ter o seu perfil, você tem sua foto, amigos, família adicionada, seu nome de verdade… Percebemos que reduziu bastante os comentários tóxicos.
Quais seus principais braços de negócio? Você falou de eventos, lives…
São como influencer e gamer. Como gamer conseguimos fazer patrocínios para as lives, conseguir equipamentos que estamos sempre mostrando no dia a dia, como por exemplo a cadeira gamer. Com as lives conseguimos coisas mais gamers em geral, porque as empresas ainda não estão enxergando a oportunidade de inserir produtos normais nas lives também.
Como você enxerga as marcas de fora do universo gamer? Como está o amadurecimento?
Ainda é muito novo. Toda vez que uma marca chega na gente eles estão sempre fazendo sua primeira ou segunda tentativa na área gamer, então, eles ainda não conhecem exatamente o meio. Ainda existe muito esse pensamento de achar que o gamer só consome equipamento gamer. Eles vêm com essa inovação que é trazer o game para esses outros conteúdos também e eles estão sempremeio que metendo a cara agora. Eles aceitam nosso feedback para trabalhar o produto sempre a quatro mãos.
A maior parte das propostas comerciais que recebo são com marcas não endêmicas. Existem dois tipos de streamer, tem o pro-player que joga muito bem o jogo e a galera tá lá pra assistir aquela suber habilidade, o jogo. A webcam dele pode nem existir que o jogo dele é tudo.
Os outros tipos são os do entretenimento, este que me encaixo. Não importa muito que tipo de jogo eu esteja jogando, gosto de variar, a galera vai sempre acompanhar, pra interagir, pra dar risadas e dar uma amenizada no dia a dia. Às vezes as pessoas tem um dia cheio, carregado, com notícias ruins, muitas vezes ela não tem um momento de lazer no dia dela.
Qual a importância de um evento como a BGS?
Venho na BGS há muitos anos, desde que eu era fã e a feira vem evoluindo. A cada ano o evento está cada vez maior e melhor, com mais atrações. Esse ano temos uma grande novidade que é a Nintendo, que nunca tinha vindo.
Usamos a BGS como um grande medidor do nosso público, do nosso reconhecimento do que a gente faz que, às vezes achamos que fica só na internet, mas é na BGS que a gente descobre o quanto estamos impactando.
Estandes como Fanta, SBT… Conseguimos enxergar como as empresas estão percebendo o potencial do mercado gamer, pois é o mercado do futuro. Jogos são parte da nossa cultura desde muito antes da tecnologia. Isso só expandiu mais o mercado.