Dias decisivos
Os próximos dias serão decisivos para o futuro do país. Chegamos a um ponto que pode ser o de não retorno, caso a presidente Dilma Rousseff passe incólume por todos os julgamentos que terá de enfrentar em decorrência de erros cometidos em sua campanha do segundo mandato e durante a atual gestão.
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência
Queremos com isso dizer que continuando no poder, após as seguidas barreiras que tem à sua frente, ganhará forças para levar o país a um confronto ainda maior entre democratas e totalitários, estes claramente em minoria dentre os 204 milhões de brasileiros, mas dotados de uma capacidade de organização política que os primeiros não conseguem atingir.
Um dos motivos que levam os democratas, embora em maior número, a produzirem menor movimentação, é que precisam trabalhar para garantir o seu sustento e o das suas famílias, enquanto os totalitários têm muito mais tempo disponível para sair às ruas, encher as praças e os recintos públicos que a todos pertencem, mas que, diante da força de quem governa, se transformam em propriedades privadas, como tem ocorrido com o próprio Palácio do Planalto, com suas últimas manifestações quase que diárias por uma justiça social que a maioria sequer sabe o que significa.
Esse enredo tem sido recorrente na história da humanidade, quase sempre com final trágico. Porém, enquanto este não ocorre, prevalecem os intolerantes contra os demais, impondo suas regras e rejeitando qualquer forma de pensar que não seja o que pensam e como agem.
Dentro desse tipo de comportamento, escolhem carimbos que padronizam entre si, repetindo-os sem cessar porque, embora anticapitalistas, usam uma das principais ferramentas do capitalismo para se manterem no poder.
O leitor já deve ter percebido e até se espantado com o tom publicitário de alguns slogans e essa é a ferramenta à qual mais gostam de se apegar para suprir a falta de argumentos racionais em defesa das suas cores.
Assim, sua propaganda – seguidora ferrenha do princípio de Goebbels que garantia transformar em verdade qualquer mentira mil vezes repetida – produz palavras de ordem adaptadas a determinados momentos, que se repetem mecanicamente, sem qualquer esforço mental.
A que mais tem predominado é a já tristemente famosa “Não vai ter golpe”, um enorme embuste no seu falso enunciado, porque não se trata de golpe o que merecem os que transgridem as leis, mas sim da aplicação destas, fazendo-se dessa forma justiça.
Bem comparando, é o mesmo que um réu do crime de homicídio bárbaro gritar o tal slogan para os jurados e a plateia presente ao julgamento.
Felizmente para o país e seu povo – o povo todo e aqui incluímos os seguidores de uma minoria totalitária que tem enganado de há muito parte significativa da população brasileira –, as probabilidades de a presidente Dilma Rousseff deixar o poder antes do início da primavera são maiores do que as de continuar até 31 de dezembro de 2018, como tem repetido muito ultimamente.
Como dissemos, há muitas situações na sequência dos próximos dias e semanas, que podem interromper dentro da lei o seu mandato. Fala-se até em eleições gerais em outubro para todos os cargos eletivos, o que pode levar o Brasil a um caos político e jurídico ainda pior.
Sem se falar no absurdo custo que isso representaria para os cofres públicos, hoje extremamente combalidos pelos 13 anos seguidos de governos despreparados para o mister.
Para nós – e que isso possa servir de reflexão para a pessoa de Dilma Rousseff –, a melhor solução seria a renúncia. Achamos difícil que chegue a isso, mas não impossível. Se se detivesse nas consequências da sua permanência no cargo que ocupa, caso ultrapasse todas as barreiras que tem à sua frente, chegaria facilmente à conclusão de que seu gesto seria de grandeza e não de covardia.
Porque não se trata mais da jovem guerrilheira que se perdeu na poeira da História. Trata-se da mais alta figura pública da nação, já entrada nos anos e com maturidade suficiente para saber que teve por duas vezes a sua hora de entrar e agora é chegada a hora de sair, em nome do povo que ela afirma amar.
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Merece palmas, e repetição por outras entidades do trade, a iniciativa da Ampro divulgando o Manifesto Ampro por um novo Brasil (ver matéria a respeito nesta edição).
A mudança de governo, que a maioria da população já se manifestou favorável em diversas pesquisas de opinião a respeito, pode começar por esse caminho tantas vezes já trilhado de entidades representativas de setores produtivos da sociedade brasileira, apoiar os anseios de quem já não mais aguenta a balbúrdia estabelecida na pátria brasileira.
A economia está travada, a inflação não para de subir, o desemprego atinge dez milhões de trabalhadores, os serviços públicos estão servindo precariamente à população, há um quadro desanimador em todo o país, enquanto os responsáveis pelo flagelo que nos assola prosseguem suas boas vidas, indiferentes à sorte dos milhões de habitantes deste país que o que mais desejam neste momento conturbado é paz e segurança, para dizer no mínimo, nas suas trajetórias de vida.
As entidades que representam os diversos segmentos da economia têm não só o direito, como o dever, de se manifestarem, contribuindo para o aumento do coro contra o atual estado de coisas que infelizmente alcançamos.
No manifesto da Ampro, destacamos um parágrafo esclarecedor: “A Ampro entende que o Brasil precisa retomar, urgentemente, o rumo do crescimento e da prosperidade. E, para isso, acredita na força dos empresários, profissionais liberais, trabalhadores e demais brasileiros para que juntos encontremos o caminho, num ambiente de transparência nas relações e respeito institucional, seja no âmbito político, comercial ou da interação entre os atores sociais”.
Senhores empresários e dirigentes do setor da comunicação: Estimulem e assinem mais manifestos como esse da Ampro. Para o bem do Brasil e para o futuro de todos os brasileiros.
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o PROPMARK e as Revistas Marketing e Propaganda