A Abradi (Associação Brasileira das Agências Digitais) faz um balanço positivo de 2014. “Vivemos um momento singular do digital. Economicamente foi um ano desafiador e o setor traz uma perspectiva de crescimento interessante”, disse Anderson de Andrade, presidente da entidade. Segundo Andrade, a previsão de crescimento para este ano é de 20% a 22%, mas este índice pode ter um ajuste para baixo.
A Copa do Mundo tornou 2014 um ano atípico, mas muitas empresas conseguiram bons resultados. “Foi um ano muito bom. Apesar das oscilações em função da Copa e das eleições, mantivemos o crescimento e ampliamos o portfólio de clientes da casa. Devemos crescer 25% em relação ao ano passado. Ficamos acima da meta estipulada”, disse Tiago Ritter, CEO da W3haus. “Mantivemos, com consistência, o crescimento de dois dígitos, apesar de o mercado ter enfrentado um ano mais duro. Nossa estratégia de new business, muito eficiente e criteriosa, trouxe à agência marcas como Comfort (Unilever), Brasil Kirin, Samsung, Cielo, além de renovar contratos de longa data, como Nivea”, falou André Chueri, presidente da Isobar. O ano foi de mudanças para a agência. “Nós nos tornamos um hub global de inovação e criatividade para a nossa rede Isobar. Também mudamos de nome, em linha com essa movimentação global que nos colocou em destaque pelos trabalhos que construímos e que em 2014, especialmente, rendeu excelentes resultados”, disse Chueri.
A Publicis Worldwide também alterou sua área digital. A AG2.Nurun unificou AG2, Razorfish, Digitas e Dialog, simplificando a operação e ganhando em escala.
Entre as conquistas do setor destacadas pelo presidente da entidade neste ano está a licitação da Secom. “O edital traz uma proposta técnica e não de preço. Isso é histórico. Quando você comercializa criatividade, não fecha a conta se for apenas pregão por preço. Na época da economia criativa, isso não funciona”, disse Andrade. Para o executivo, esse tipo de edital já foi bem aceito pelo mercado e deve servir de referência para outras licitações e concorrências. “Também serão selecionadas duas agências, no lugar de uma. Isso traz novas perspectivas. É um processo inovador, mais meritocrático. A descentralização é boa para o mercado”, completou Andrade.
Outro ponto positivo apontado por Andrade foi a aproximação da entidade com a Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda). “A primeira iniciativa a quatro mãos foi trabalhar o ajuste das tabelas dos serviços digitais”, contou.
Para 2015, a perspectiva do setor é continuar crescendo. “Temos muitos desafios. Não temos uma previsão de taxa de crescimento, mas acredito que seja melhor do que deste ano. Até porque, mesmo quando falamos em crise em alguns setores, o digital mantém o crescimento porque é uma estratégia de comunicação que mensura melhor o resultado”, opinou Andrade. “O mercado brasileiro está sempre em crescimento, com players globais se consolidando por aqui. O nosso próprio movimento, de rebrand, passando a usar apenas a nossa marca global, denota isso, ainda mais acrescido ao fato de nos tornarmos hub global de inovação, mais uma prova do crescimento e solidificação da importância do nosso mercado”, explicou Chueri.
O mercado espera as mudanças econômicas no país para poder continuar crescendo no próximo ano. “É importante que o país retome o caminho de crescimento. Tivemos uma economia retraída esse ano e, por mais que o mercado digital cresça organicamente, ele acaba sofrendo as consequências dessa estagnação econômica. Para a W3haus, as perspectivas são muito boas. Devemos crescer em contas que entraram esse ano em casa e trazer mais duas ou três marcas relevantes para o portfólio. Sem contar que vamos completar 15 anos de vida. O que, para o digital, é como ter idade para frequentar o Baile dos Enxutos”, brincou Ritter.
Com a unificação das operações, a AG2.Nurun tem perspectiva de crescer 33% em 2015. “A primeira ação que faremos em 2015 é consolidar a integração das quatro agências”, disse Cesar Paz ao anunciar a nova operação. Com a unificação, a agência atenderá mais de 20 clientes.
Uma tendência apontada pela Abradi é a migração do orçamento de outras áreas para o digital. Além disso, para garantir o crescimento, as empresas precisam parar de separar o on e o offline e focar na experiência. “As agências digitais não podem ficar só no digital e as tradicionais têm de adicionar novas disciplinas do marketing digital. O desafio é grande para ambas”, concluiu.