“Digital-First” e as novas tendências de consumo

A partir de 2020 viveremos o “novo normal”, com profundas mudanças de valores e costumes da sociedade, em decorrência dos impactos do novo coronavírus. A pandemia foi capaz de colocar milhões de pessoas em isolamento, redefinir hábitos de consumo e influenciar comportamentos até então bem enraizados, inclusive dentro das empresas, fomentando a transformação digital.

O termo digital já é um velho conhecido, mas agora se faz cada vez mais presente na nossa rotina e nas relações humanas. O momento é uma oportunidade para compreender os inevitáveis desafios de tornar os negócios mais rentáveis, com uma presença online consistente.

O marketing se transformou com as gerações Y (nascidos entre 1981 e 1995) e Z (nascidos entre 1996 e 2010). São pessoas que passaram a ter contato com o mundo digital desde cedo ou, até mesmo, nem fazem ideia de como é a vida sem a internet. Essas gerações preenchem lacunas da força de trabalho e na sociedade como um todo, influenciando não só a cultura da empresa na qual atuam, mas em todo o mercado.

Justamente por estarem inseridas em um mundo totalmente digital, já pensam em produtos, serviços, processos, estratégias e soluções exclusivamente com uma característica essencial: o “Digital First”. A empresa que adota esse mindset enxerga o digital de modo diferenciado e passa a repensar sua proposta de valor aos clientes, além de remodelar seus processos internos e estratégias de marketing.

Surge um novo consumidor
As profundas mudanças de valores e comportamentos redefiniram diversos hábitos. O “novo normal” já consome de forma diferente produtos, serviços, notícias e conteúdos. O Brasil teve um aumento de cerca de 40% no consumo médio de internet.

Entre os fatores que explicam esse aumento está a busca por entretenimento nas plataformas de streaming e o crescimento do consumo nas redes de varejo online. Só para ter uma ideia, na primeira quinzena de março o ecommerce brasileiro registrou um crescimento de 40%. A alta foi impulsionada pelos segmentos de saúde, cuidados pessoais e supermercados, com insumos de primeira necessidade. Um comportamento semelhante ao dos países que adotaram a quarentena antes do Brasil.

Outro segmento com incremento no índice de procura foi o dos eletrônicos (computadores e smartphones), o que comprova a necessidade de adaptação do ambiente doméstico à rotina do home office e da educação remota. Dados divulgados pela Kantar apontam que a realidade da quarentena de pessoas com filhos é diferente, pois cria necessidades específicas que o ecommerce pode atender em diversos aspectos, tornando esse público propenso a aumentar ainda mais as compras online no futuro.

Segundo especialistas, com as relações ainda mais virtuais, muitas pessoas que estão comprando online pela primeira vez não devem voltar aos centros comerciais físicos tão cedo, mesmo com o início do processo de reabertura em alguns estados brasileiros. Mais um reflexo do “novo normal”.

A pandemia ainda impulsionou as tendências de consumo de produtos locais, estimulando o apoio a cadeia de pequenos e médios empreendedores. Os diversos serviços de delivery têm crescido com força e essa movimentação vai continuar, mesmo quando tudo isso passar.

Uma pesquisa recente da Criteo observou um fator interessante: o valor da estratégia omnichannel. Ao analisar as vendas online nos EUA, no período de 23 a 29 de março, foi constatado um aumento em 91%. Já na análise da semana de 13 a 19 de abril, os dados mostram que as vendas online de varejistas omnichannel, ou seja, que possuem tanto lojas virtuais quanto lojas físicas, dobraram os níveis de faturamento do mês de janeiro, conquistando uma alta de 133%.

Marcas em tempos de pandemia
Do mesmo modo que a pandemia impactou os consumidores, também obrigou um forte movimento de reposicionamento das marcas. Agora, elas precisam se relacionar com um novo consumidor, cada vez mais ativista e defensor de causas.

Enquanto algumas empresas aproveitaram a oportunidade para se mostrar mais humanas, sociais, responsáveis e próximas do público, outras ainda pensam e agem com padrões pré-pandêmicos – e essa atitude cobrará seu preço, essencialmente para aquelas que não souberam gerenciar crises de imagem e de relacionamento.

No contexto de investimento em publicidade, a mídia online vem adquirindo cada vez mais relevância. Hoje, a internet é a principal ferramenta utilizada pelas companhias para impulsionar seus negócios. Mesmo aquelas com marcas já consolidadas se viram diante de uma nova realidade e de novos desafios. Dados da Brand Total apontam que as marcas americanas aumentaram os investimentos em social media, pois concluíram que as pessoas passam mais tempo online, aumentando assim as chances de serem impactadas por um anúncio que pode resultar em vendas.
Certamente a rápida adoção dos canais digitais mudará o jogo, acelerando ainda mais o mundo omnichannel em um novo modelo. Com o mercado consumidor cada vez mais conectado, não oferecer vários canais de atendimentos (integrados entre si) é desconhecer seu público e desperdiçar uma poderosa estratégia.

A marca que souber compreender o comportamento do consumidor, sendo coerente com o objetivo de seu público e que consiga refletir isso em um investimento em mídia inteligente e eficiente, ganhará maior notoriedade e consequentemente, maior o engajamento. Quanto mais próximo do objetivo do cliente, melhores serão os resultados das empresas.

Heraldo Fantinatti atua como New Business Manager for Key Accounts na GhFly