Proveniente da transformação digital, o Big Data é uma das novas tecnologias que auxiliam as companhias dos mais diversos segmentos a otimizarem suas operações. Entretanto, o Big Data, um imenso volume de dados – estruturados, semi estruturados e não estruturados – que impactam os negócios no dia a dia, não se limita ao ambiente corporativo, faz parte de um contexto amplo do cotidiano e, por isso, recentemente tem sido protagonista de uma das séries de maior sucesso da TV Britânica e também do Netflix – Black Mirror.

Cada episódio traz uma história com ambientação e personagens inéditos, interligados apenas por um tema: a tecnologia. A produção mostra o impacto dos avanços tecnológicos em um futuro distópico, apresentado por meio de uma narrativa não linear. Assim como outros conceitos debatidos na série (Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada), fica claro como o Big Data será fundamental no futuro, não só para a condução de empresas, mas também em nossas vidas. Veja três exemplos do conceito aplicado na trama que comprovam como ele chegou para ficar:

Lembranças armazenadas digitalmente

Já imaginou um banco de dados com suas lembranças? Em um dos episódios mais intrigantes da série, The entire history of you conhecemos uma tecnologia que permite registrar tudo o que é visto. Por meio de um chip instalado no pescoço, as pessoas podem armazenar todas as suas lembranças para acessá-las posteriormente, e caso queiram, excluí-las. Levando em conta que um ano possui em média 8.760 horas, imagine a quantidade de dados que uma pessoa de meia idade possui armazenada em seu dispositivo. Aqui encontramos quatro dos cinco V’s que sustentam o Big Data: Volume, a quantidade de dados acumulados durante a vida de uma pessoa é enorme; Veracidade, todos os dados registrados são provenientes de experienciais reais; Variedade, informações referentes a diversos momentos de uma vida; e Valor, dados bem utilizados têm potencial para revelações. O único V não apresentado é a Velocidade, pois esse conceito consiste em analisar os dados no instante em que são criados, sem ter de armazená-los em bancos de dados. Na ficção, os dados passavam por análise somente depois de armazenados.

Um futuro não muito distante

O episódio Nosedive é ambientado em um futuro relativamente distante em as pessoas vivem em função de seus perfis nas mídias sociais, em busca por aceitação e reconhecimento. Cada indivíduo é ranqueado de acordo com seu comportamento, em uma escala de 0 a 5. Quanto maior sua nota, mais privilégios e aceitação social tem. No capítulo é apresentada uma espécie de dashboard com todas as amizades de um individuo na rede social, exibindo desde os amigos próximos até os distantes. É uma clara menção ao Big Data, que no episódio, recolhe todos os dados das mídias sociais de um determinado indivíduo para ajudá-lo a aperfeiçoar sua nota.

Universo virtual que reproduz a realidade

No episódio San Junipero, acompanhamos a história de duas mulheres que se conhecem em um ambiente de realidade virtual e ali vivem um romance. Essa situação seria impossível no mundo real, já que além de morarem em lugares distintos, ambas estão beirando a morte. A cidade de San Junipero é só mais uma entre as milhares que estão alocadas dentro do data center de uma grande empresa de tecnologia fictícia. Todos os habitantes, cenários e interações dentro daquele universo virtual são criados graças ao armazenamento de uma grande quantidade de dados, que quando aplicados, têm o poder de imitar com perfeição a realidade.

Leonardo Santos é CEO da Semantix, empresa especializada em Big Data, Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Análise de dados