Black Friday tem planejamento e regulamentação em 2014, diz Pedro Eugênio, fundador do Busca Descontos

 

A Black Friday já é o dia com maior volume de vendas e receita em todo o ano. Com importância cada vez maior no orçamento de varejistas e portais de e-commerce, a data comercial ganhou um código de ética para auxiliar tanto na autorregulamentação do setor quanto na percepção do consumidor, que ainda mostra alguns sinais de resistência às ofertas, apesar de participar cada vez mais. A câmara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico) e os principais players do setor assinaram nesta quarta-feira (5) o Black Friday Legal, um documento para reger e oficializar as novas diretrizes do evento.

 

“Queremos trazer uma pegada de autorregulamentação para o nosso mercado. O código de ética é essa mudança conceitual, ocupando o lugar onde não existe uma legislação. Precisamos separar trigo do joio, os que estão querendo fazer da forma correta dos que estão tentando levar vantagem em determinados momentos”, comenta Ludovino Lopes, atual presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. O Black Friday Legal demandará uma série de comprovações dos varejistas online e off-line. “É uma iniciativa do ecossistema do comércio eletrônico. Muitos já cumpriam os requisitos que pedimos, mas não é só fazer, é comunicar que está fazendo”, diz.

O evento também serviu como palco de uma discussão sobre a Black Friday, data comercial que ganha proporção cada vez maior e já supera como data única o tráfego e faturamento do Dia das Mães e do Natal, dois dos mais tradicionais momentos de compra. Na primeira edição, em 2010, o faturamento foi de R$ 21 milhões, enquanto em 2013 este montante foi de R$ 424 milhões em um só dia, com ticket médio de R$ 437 por compra, indicador de duas a três vezes maior que a média do setor. “A Black Friday pode passar R$ 1 bilhão de faturamento em 2014. Com certeza ela baterá os R$ 700 milhões, quase dobra em relação ao ano passado”, afirma Alexandre Crivellaro, diretor executivo do Ibope e-commerce.

“A gente está passando por um fenômeno no Black Friday e também no e-commerce como um todo. Como você dá conta de um crescimento exponencial como o que tivemos? Não estávamos preparados para crescer nos primeiros dois anos, mas ficar nu assim foi importante para nos prepararmos de verdade”, diz Pedro Eugênio, fundador do Busca Descontos e sócio do grupo Makazi. “Com o que estamos fazendo, podemos blindar o mercado e separar as boas atitudes do tal ‘black fraude’. Com quatro vezes mais faturamento neste ano, a percepção de ‘black fraude’ não faz sentido. Com o Black Friday Legal, queremos mostrar que a maior parte das empresas está fazendo o certo”, afirma. Em 2013, 75% dos consumidores apontaram experiências boas ou ótimas.

Neste ano, a expectativa é de um crescimento ainda enorme, impulsionado pelas melhores práticas do mercado, maior informação do consumidor e até mesmo pelo calendário: a Black Friday cai no mesmo dia em que as empresas costumam pagar a primeira parcela do 13° salário. “2014 é o divisor de águas para nós, com planejamento, preparação e até um consumidor melhor” explica o fundador do Busca Descontos, que conta que nesta temporada a preparação para a data começou muito mais cedo e afetou toda a cadeia produtiva, de fornecedores a distribuidores, de companhias de mídia a hospedagens web. O marketing também deve ter incremento.

 

“O principal custo nisso é o de geração de tráfego, maior até que operação e logística. Como os varejistas querem mais vendas, proporcionalmente também deve subir o orçamento em geração de tráfego. O Brasil tem um inventário finito, e por conta da alta demanda o preço médio de inserção deve ser maior”, raciocina Gastão Mattos, CEO da Braspag, companhia de operações digitais da Cielo.