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Durante o segundo dia de Fórum E-Commerce 2019, André Fatala, atual CTO do Magazine Luiza, elencou alguns pontos da evolução da empresa e contou como a companhia utilizou a tecnologia para crescer no mercado varejista brasileiro.

Fatala começou sua explanação brincando com uma ação recente da marca: “A Lu ganhou um costume meio bizarro de gerar cupons de mil reais na madrugada”. Na sequência, ele mostrou números que exibem o poder da empresa no mercado do comércio eletrônico. Em 2018, por exemplo, 36% da receita veio do digital, área que, no mesmo ano, cresceu 60% na empresa.

Alguns pontos foram cruciais para a evolução, mas, durante a palestra, o CTO exaltou, principalmente, a evolução do LuizaLabs, o Laboratório de Tecnologia e Inovação do Magazine Luiza. “Sou o funcionário número um”, brinca Fatala. O projeto nasceu em 2013 com o objetivo de construir uma estratégia baseada em APIs (API é o acrônimo de Application Programming Interface ou, em português, Interface de Programação de Aplicativos). Havia a necessidade de trabalhar por projetos e nunca parar os processos para implementar algo novo. “Nem sempre o negócio tem tempo para você parar e refatorar tudo. A galera de tecnologia olha e diz ‘preciso refatorar’, nem sempre é assim”, diz o CTO.

É o que Fatala chama de construção de micros serviços. Há aplicações que só cuidam do cálculo de frete, por exemplo. “Começamos a estorar isso. Todos esses times tinham um objetivo muito claro”, comenta o profissional.

O laboratório ganhou força dentro da empresa e Frederico Trajano, CEO da holding Magazine Luiza, deu novas funções para o LuizaLabs. Funções que extrapolavam o mundo digital. Em 2015, o laboratório começou a cuidar das lojas físicas. Um time com cabeça forte de nativo digital indo atuar no mundo físico foi desafiador. “Digitalizar a loja era a nossa grande missão”, conta. Um dos objetivos era diminuir o tempo médio de venda de um produto que era de 40 minutos. “Muito se fala em transformação digital numa linha disruptiva, mas é preciso ter os pés no chão”, comenta o executivo. Para ele, é preciso pensar com calma em como o digital pode auxiliar o negócio e depois partir para a tal da disrupção. “A Alexa levou sete anos para ser feita”, exemplifica. “Rola um lance muito hollywoodiano em cima de transformação digital, que tudo é uma mágica, mas não é. Definitivamente, não é”, alerta.

Estudando o off com as ferramentas adaptadas do on, a empresa evoluiu. Nasceu o mobile vendas em 2016 e o tempo médio da venda na loja física diminuiu de 40 para cinco minutos. “Se o cara demora menos tempo para vender, ele vai dar mais atenção ao consumidor”, explica. Ouvir o cliente também fundamental. Eles diziam que ir para o caixa era “um saco”. Nasceu o projeto caixa móvel, com os próprios vendedores recebendo os pagamentos no caso de vendas com cartões. “As coisas começaram a se integrar, foi quando vimos a ominicalidade acontecer”, celebra.

Em 2017 vem uma última fase em que tudo virou LuizaLabs. Segundo Fatala, aqui faz mais sentido ainda pensar em micros serviços. “Tínhamos 40 mil SKUs em 2016 para lidar com mais de 5 milhões agora. Tivemos que nos adaptar muito rápido”, conta o especialista.

Para finalizar, o profissional exalta a importância da realização. “Está todo mundo falando a mesma coisa em varejo: marketplace, fulfillment, armazenagem, ominicalidade… a grande diferença é a execução”, alerta. “Não use algo só por modinha. Entenda qual é o desafio e vá adotando as ferramentas”.