O Facebook perdeu, em valor de mercado, US$ 60 bilhões em menos de uma semana, segundo a cotação de suas ações na Nasdaq. A empresa se vê diante de uma série de notícias negativas desde o sábado passado (17), quando surgiram as primeiras reportagens sobre o uso pela Cambridge Analytica de dados de mais de 50 milhões de usuários da rede social.

Mas o estrago pode ficar maior, após duas novidadades no caso. A primeira foi uma recomendação de Colin Sebastian, analista da empresa financeira Robert W. Baird & Co, de que existe o potencial de grandes marcas e empresas de médio porte congelarem os investimentos na plataforma de publicidade do Facebook até que as más notícias cessem.

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Entretanto, ele avaliou que as ações da empresa podem ser interessantes para quem tiver uma visão de médio a longo prazo, já que poucas plataformas têm o alcance e resultados oferecidos pelo Facebook. Da mesma forma, a empresa teria capacidade de fazer crescer seu negócio de publicidade no Instagram, como apontou outra analista de mercado, Jitendra Waral, da Bloomberg Intelligence.

Assim, o  grande desafio da empresa, no momento, é evitar uma fuga de anunciantes de curto prazo, que poderia fazer suas ações derreterem mais nesse momento.

A segunda novidade negativa foi a confirmação de que a Federal Trade Commision (FTC), agência do governo americano de proteção ao consumidor, vai investigar o Facebook por suas práticas de privacidade, além de abrir um inquérito específico sobre a participação do CEO Mark Zuckerberg no caso. Ele já havia sido convidado a prestar esclarecimentos ao Parlamento Britânico, mas o Facebook comunicou nesta terça-feira (27) que ele não vai.

Marketing se defende

Em entrevista ao Advertising Age, Carolyn Everson, vice-presidente global de marketing do Facebook, confirmou que ligou para os 50 maiores anunciantes da empresa no sábado (17), logo após o estouro da crise da Cambridge Analytica. Na segunda-feira (19), ela enviou e-mail a um  grupo maior de anunciantes.

A rigor, até o momento, poucas empresas anunciaram sua saída do Facebook. A Mozilla e a Pep Boys são dois exemplos, já que comunicaram que estão tirando investimentos publicitários da rede por conta da “falta de cuidado com dados”. A Sonos suspendeu a publicidade por uma semana, e existe ainda um movimento chamado #deletefacebook que começa a ganhar força. Elon Musk, CEO da Tesla e Space X, requisitou que as páginas de suas empresas fossem removidas – ele, no entanto, tem histórico de falta de entendimento com Zuckerberg. 

Além de se comunicar com a imprensa e investidores, o Facebook tem como foco falar direto ao consumidor. “Se uma pessoa deleta o Facebook, não é algo positivo. Nós vemos valor na plataforma, assim como centenas de milhões de pessoas todos os dias. Na semana passada, em uma reunião interna, surgiram histórias de donos de pequenos negócios que tiveram suas vidas mudadas para melhor por causa do Facebook. Eu não acho que estamos contando essas histórias bem”, afirmou Carolyn Everson ao Advertising Age.

Como já reportado pelo PROPMARK, Mark Zuckerberg assinou um anúncio com pedido de desculpas em nove dos principais jornais dos Estados Unidos e Europa. Na peça, a empresa de tecnologia diz ser responsável por proteger as informações dos usuários. “Se nós não podemos, não a merecemos”.

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