Desde que foi lançado, em 2011, o Snapchat e seu novo conceito de conteúdo descartável, aparentemente “tosco”, foi ganhando cada vez mais aceitação entre os jovens. Com isso, o aplicativo conseguiu também a atenção das marcas que, na época, já estavam acostumadas com os posts no Facebook, as fotos no Instagram e as piadinhas no Twitter.

Aos poucos, os planos de conteúdo passaram a considerar a produção dos pequenos videos e fotos, que desaparecem em 24h, para o novo perfil das marcas nas redes sociais. Um formato que, aparentemente simples de produzir, exigia uma criatividade maior na hora de pensar algo relevante para o cliente.

Com o tempo, ficou visível a dificuldade das agências em gerar conteúdo para o Snapchat. Ações com influenciadores, coberturas de eventos e alguns memes (ou posts de oportunidade) são saídas interessantes, porém pontuais. Elas não garantem uma presença consistente da marca na plataforma e, muitas vezes, acabam se tornando ações completamente descoladas do restante do conteúdo publicado em outras redes.

Esse já seria um grande problema para o Snapchat, se ele não tivesse outros ainda maiores. Por não ser uma plataforma com boa usabillidade, sempre teve essa aura de que “é coisa da mulekada”, o que, a princípio, não é um problema, mas nem só de millennials vive uma rede social. Além disso, a falta de métricas para que as agências consigam mensurar seus resultados, o que inclusive prejudica a produção de um conteúdo relevante e criativo, faz com que fique ainda mais difícil justificar o investimento, tanto de dinheiro como de tempo, na plataforma.

Em meio a tudo isso, surge o Instagram Stories. Uma nova funcionalidade do Instagram, que se apropria do formato de conteúdo criado pelo Snapchat, mas que traz com ela soluções para grande parte do problemas que a rede social do fantasminha não conseguiu resolver.

No Instagram, as marcas já têm sua audiência formada. O usuário não precisa ver o post com o Snapcode no Facebook ou tentar escrever 5 vezes o nome de usuário na busca só para ver o que vai acontecer, daqui há 2 semanas na festa de lançamento do novo produto,. Agora, ele pode continuar recebendo o “conteúdo do dia a dia” publicado no feed da marca e, quando a festa acontecer, se aprofundar nos pequenos vídeos e fotos no Stories.

A questão das métricas também é outro ponto para o Instagram. Apesar de, historicamente, não ser um plataforma conhecida por sua boa entrega, ultimamente, eles têm mostrado interesse em avançar nessa questão, até para garantir que o investimento das marcas na plataforma seja cada vez maior.

Como usuário, a percepção é que no Instagram eu já sigo as marcas e produtores de conteúdo que me interessam e, por ter uma interface intuitiva, consigo pesquisar e encontrar facilmente novos perfis.

Nas primeiras 24h do Stories, recebi conteúdo de marcas e blogueiros que sigo por lá e que, até agora, não sei se têm Snapchat. São perfis com conteúdos extremamente relevantes para mim, mas que, provavelmente, falharam na difícil tarefa de migrar usuários entre plataformas que não se conversam.

 É claro que esse não é o fim do Snap. Muita coisa ainda vai acontecer e, com certeza, ainda discutiremos muito o assunto. Mas enquanto o Snapchat não arrumar a casa, vai ficar cada vez mais difícil continuar justificando a produção de conteúdo para marcas nessa plataforma.

Guilherme Maia  é Planner da Agência Lema