A série “O Mecanismo”, segunda produção brasileira da Netflix, continua dando o que falar desde que foi disponibilizada aos seus assinantes na sexta-feira passada (23). Dirigida por José Padilha, responsável por produções como “Tropa de Elite” e “Narcos”, a peça fictícia é inspirada na história da Operação Lava Jato, e vem sendo questionada por políticos de esquerda e de extrema direita por inúmeras razões.

Entre ameaças de boicote e até mesmo acusações de que estaria propagando fake news ou produzindo novos conteúdos sobre a vida de políticos que disputarão a presidência, a plataforma tem adotado tom moderado, principalmente, em suas redes sociais. Conhecida por suas respostas repletas de irreverência, preferiu responder apenas quando sua reputação estivesse ameaçada. Deixou sem resposta, pelo menos, por enquanto, as acusações da ex-presidente Dilma Rousseff no Twitter.

Em um de seus comentários sobre a série, Dilma pontuou que “O Mecanismo assassina reputações” e que o cineasta propaga “fake news” na série. A ex-governante se refere a frase “é preciso estancar a sangria”, do senador Romero Jucá, que na série, foi atribuída ao personagem de Lula.

A defesa quanto à série ficou a cargo do próprio Padilha, que em entrevistas a diversos veículos considerou as críticas “bobocas” e que todos os partidos estão envolvidos no grande macanismo da corrupção. “Os bandidos entram na sua casa, estupram a sua esposa, matam seus filhos e roubam tudo o que você tem. Na saída, surrupiam seu isqueiro… A esquerda viu a série e quer debater a cor do isqueiro”, disse o diretor ao site da Exame, nesta terça (27).

Reputação
Por outro lado, quando o ataque é pessoal, a Netflix não tem pensado duas vezes antes de responder. A coluna da jornalista Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (28) trouxe a notícia de que os atendentes da Netflix estão treinados para responder aos clientes que telefonam reclamando da série. Sempre que questionados, afirmam, com algumas variações, que trata-se de “uma série dramática de ficção inspirada em eventos reais ocorridos no Brasil”.

Em outro episódio, desta vez, envolvendo o colunista Pablo Villaça, da revista Carta Capital, a Netflix também se posicionou. Depois que o jornalista anunciou que cancelaria sua assinatura na plataforma e incentivou que seus seguidores fizessem o mesmo, começou a circular na internet uma suposta resposta da Netflix com a seguinte mensagem: “Legal e daí?”. O texto jamais foi enviado pela empresa a Villaça e a companhia foi a público esclarecer que foi vítima de montagem.

Nesta mesma terça-feira (27), as discussões sobre “O Mecanismo” voltaram a esquentar. Desta vez, diante de uma troca de tuites entre o deputado Flavio Bolsonaro e a própria Netflix. Bolsonaro filho disse em seu perfil no Twitter que a empresa estaria interessada em produzir uma série sobre a vida de seu pai, Jair Bolsonaro, pré-candidato a presidência.

A informação foi rapidamente desmentida pela empresa, que ironizou respondendo: “você está louca, querida”. A mensagem já teve mais de 67 mil compartilhamentos e promete ter mais repercussão. Não apenas porque foi notícia nos principais veículos de mídia do país, mas também porque Bolsonaro filho insiste que a Netflix tem interesse na produção, e que tem, inclusive, prints da suposta conversa com a equipe do projeto.