“Nossa, quantos likes, hein?”. Quem nunca ouviu um comentário parecido, seja para uma publicação pessoal ou para quem trabalha com marcas no digital?

Mas e quando o “sucesso” não vem e o post flopa? Como isso afeta o ambiente virtual e a saúde mental dos usuários das redes sociais? Pensando em questões do tipo, o Facebook ocultou o número de likes do Instagram em alguns países, incluindo o Brasil. Agora, a empresa começa a testar a novidade também na própria rede social fundada por Mark Zuckerberg.

Vício? Para alguns, likes se transformaram em remédio (Marc Schaefer/Unsplash)

Recentemente, o Youtube divulgou uma decisão envolvendo números. A plataforma de vídeos do Google revelou que não irá mais exibir para o grande público o número exato de assinantes dos grandes canais.

“Num primeiro momento, é óbvio que usuários, profissionais de marketing, comunicação e mídias, bem como influenciadores, estão receosos que isso possa influenciar no resultado de seus negócios”, comenta Ricardo Celso, head de mídia do Share.

“Os likes não vão deixar de existir, apenas a soma pública deles não será visível a todos os usuários. O dono do post ou administradores da conta terão acesso normalmente”, esclarece.

Números ou relevância?

A atitude do Facebook obrigará marcas e influenciadores a pensarem melhor no seu conteúdo e não apenas nos números que eles geram, conforme opina Julia Fregona, head de estratégia da Bullet.

“Ter milhares de curtidas em um post nos dava a falsa sensação de sucesso, mas sabemos que não necessariamente isso significava um engajamento alto. De agora em diante, será preciso criar conteúdos mais relevantes”, analisa.

Para Rafaela Lotto, head de planejamento e sócia da Youpix Consulting, a única certeza que temos é de que plataformas estão experimentando e testando modelos constantemente.

“Um pouco desse comportamento pode ser, sim, motivado pela preocupação com a saúde mental dos usuários e creators, mas certamente, a maior motivação é o próprio modelo de negócio das plataformas, que depende da interação do usuário”, elucida.

Ambiente insalubre

Para Rafaella, o fato de algumas pessoas considerarem o Instagram uma plataforma que as deixa depressivos e ansiosos, faz com que a empresa se preocupe em manter a audiência imune a um ambiente insalubre.

Rafaela Lotto (Divulgação)

Já no caso do Youtube, há algum tempo é possível observar a não proporção na relação de números de inscritos no canal e views de um vídeo, fazendo com que a qualidade do conteúdo já seja um fator mais relevante na quantidade de views do que os inscritos.

“O Youtube é a segunda maior ferramenta de busca do mundo, o conteúdo visto é aquele que responde ao que as pessoas estão procurando e as pessoas não procuram conteúdo apenas nos canais que assinam”, diz.

“De modo geral, acredito que a ausência dos likes como métrica vai ser boa não só por conta da relação humana do usuário com os conteúdos consumidos nas plataformas, mas também para marcas e influenciadores”, analisa Sabrina Almeida, gerente de conteúdo da Jüssi.

“Existem outras formas de mensurar engajamento e envolvimento e agora, mais que nunca, precisaremos criar conteúdos mais atrativos”, comenta Sabrina.

É preciso calma
Sabrina Almeida da Jüssi (Divulgação)

Mas é válido lembrar que nada ainda é definitivo. Para Vitor Knijnik, sócio fundador e CEO da Snack, o público precisa se acostumar com o fato de as redes sociais mudarem suas configurações o tempo inteiro.

“A gente não pode tratar essas alterações como definitivas. Pode ser que isso seja um experimento de que eles retrocedam na questão da visibilidade dos índices mais populares”, comenta.

Segundo o profissional, quando você retira esses índices visíveis de popularidade, faz com que o julgamento daquelas pessoas seja menos influenciado. Ou seja, ela não precisa reputar aquilo como melhor necessariamente porque muita gente está seguindo e sim porque ela realmente gosta.