Um estudo da Unidade Infantil da Globo aponta que 70% dos pais perceberam um aumento no consumo de vídeos por parte das crianças e deles mesmos. O dado é um dos resultados do material “Passos e Descompassos da Primeira Infância”, disponível na Plataforma Gente.

Focado no universo de crianças em idade pré-escolar, o conteúdo foi desenvolvido pelos canais Gloob e Gloobinho, em parceria com o Coletivo Tsuru e Quantas. A pesquisa foi feita de forma online teve uma fase qualitativa (em julho) e outra quantitativa (em setembro) a partir de entrevistas com mais de mil pais e mães com filhos na faixa etária de 2 a 5 anos, de diferentes regiões do país.

Segundo o levantamento, nove a cada dez desses pais acreditam que as rotinas das casas foram definitivamente alteradas com a pandemia. Dentro deste recorte, 53% afirmam que dias úteis e finais de semana se misturam; 59% concordam que o pijama é o traje oficial do período pandêmico. Além disso, com o cotidiano mantido dentro de casa, vem o sentimento de sobrecarga. Mas ainda assim, 86% se declaram mais felizes por poder usufruir de mais tempo ao lado dos filhos.

Luciane Neno, gerente de Marketing e Plataformas Digitais da Unidade Infantil da Globo, explica o projeto desse estudo. “Partindo do desejo de entender profundamente o nosso público, anualmente, escolhemos um tema para investigar algum aspecto do comportamento infantil. Este ano, pela primeira vez, investimos esforços para compreender melhor as fases e desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar, target do nosso Gloobinho. E principalmente, mergulhar fundo para identificar os efeitos de tantos meses de isolamento nos pequenos e em suas rotinas familiares. Assim nasceu o nosso estudo, que vai percorrer sentimentos, atividades e cotidianos no contexto de restrições sociais/retorno gradativo”, diz.

O material também indica que mais crianças começaram a executar atividades sozinhas, como tomar banho, comer e se vestir. Já no âmbito emocional, pediam por mais atenção.  Houve ainda uma renovação de regras nas casas e os filhos se tornaram, de certa forma, reguladores da rotina. Diante da realidade na qual manhã, tarde e noite tendem a se misturar, a criança da primeira infância se mostra como um organizador do caos, ao imprimir uma ordem mínima na esfera das suas necessidades mais básicas.

A psicóloga Ana Carolina Valentim, consultora durante o desenvolvimento do estudo, conta que diante dessa nova não-rotina, os pais fazem o que é possível. “Esse é um ponto importante, aceitar que somos afetados e vamos lidar com os efeitos que virão e já estão. Viver a aceitação que somos menos a mãe-maravilha e mais a mãe possível. E para essas crianças, a mãe possível é muito mais interessante”, explica

Neste cenário, a pesquisa mostra que 75% dos entrevistados enxergam a TV como um auxílio para conseguirem exercer outras tarefas, sejam domésticas ou profissionais. Ao mesmo tempo, se dizem sempre atentos ao que os pequenos estão assistindo (84%) e tentam organizar atividades mais diversas (79%).

Dentro dessa amostra, 90% das crianças pequenas assistem TV. O tempo em frente às telas gera debate, mas especialistas apontam que outras variáveis devem ser levadas em conta, como qualidade da interação da criança com o conteúdo. Outros dados mostram que 80% dos pais desejam conteúdos que estimulem o “eduteinment” (educação e entretenimento).