Cupons, embalagens e meios de pagamento estão entre as principais aplicações do QR code, que foi criado no Japão em 1994 (Gpoint Studio/ Freepik)

O QR code foi criado para facilitar a classificação de peças automotivas, mas a invenção difundida em 1994 pelo engenheiro japonês Masahiro Hara, da Denso Wave, subsidiária da Toyota, encontrou na propaganda o espaço para desvendar o código de seu sucesso, ao lado dos meios de pagamentos, compras, identificação, autenticação e bilhetes eletrônicos, entre outras aplicações.

O código de resposta rápida – nome que tem a sua origem do inglês “quick response code” – se impôs como uma evolução do código de barras, usado desde a década de 1970. Só que as barras utilizam apenas a dimensão horizontal e podem ter no máximo 20 dígitos. Já o modelo mais comum de QR code possui módulos na vertical e horizontal, e o armazenamento pode chegar a 7.089 caracteres em apenas um deles. O avanço continua. O iQR code, por exemplo, pode ser encontrado em formato retangular e comporta até 40 mil caracteres na versão SQR code, a mais recente e segura. Os modelos FrameQR e FrameQR-K aceitam ainda imagens personalizadas.

Código de resultado
A expansão dos smartphones ajudou a impulsionar o QR code. De acordo com a consultoria Juniper Research, o volume de cupons em formato de QR code resgatados no ambiente mobile deve pular de 1,3 bilhão em 2017 para mais de cinco bilhões em 2022, e os pagamentos feitos por meio dessa tecnologia crescerão 300% nos próximos cinco anos.

Estima-se que as transações adeptas ao recurso ultrapassem meios tradicionais na China até o fim de 2021, impulsionadas por plataformas como Alipay, WeChat e China Union Pay. Nos Estados Unidos, cerca de 11 milhões de famílias devem escanear um QR code ainda neste ano. Em 2018, foram 9,76 milhões.

Cena do videoclipe It’s your life, que escondeu um QR code para lançar o C6 Bank na ação criada pela Tech and Soul em 2019 (Divulgação)

Versatilidade, eficácia, conexão e engajamento entre diferentes mídias decifram os caminhos percorridos pela ferramenta, que ganhou ainda mais relevância como solução criativa e de negócio durante a pandemia da Covid-19. De fácil utilização e entendimento, o QR code direciona os consumidores para marketplaces, garantindo não só a compra a distância como também a entrega de mensagens e serviços capazes de manter a fidelidade dos consumidores.

Linguagem decifrada
Os benefícios vão além de um simples direcionamento para o link de um site. É possível usar o QR code para fazer o download direto de um novo app, inserir um evento no calendário do usuário ou exibir um vídeo, escancarando o segredo para a criatividade. “O QR code é criativo quando ele está a serviço da ideia. Não apenas como uma parte da peça, mas como parte da estratégia”, explica Flavio Waiteman, sócio e CCO da Tech and Soul.

A agência colocou essa premissa em prática para lançar o C6 Bank. Em 2019, escondeu um QR code – no videoclipe It’s your life, do artista Zeeba, com mais de um milhão de views -, que trazia conteúdos e apresentava o app do banco digital. Não faltou inovação também na estratégia desenvolvida para a plataforma de e-commerce Tray, da Locaweb.

Com o comércio fechado para frear o contágio do coronavírus, a Tech and Soul reproduziu um QR code gigante nas portas das lojas, transformando-as em uma extensão virtual dos espaços físicos. Para os lojistas, bastava acessar um gerador de QR code no ambiente da Tray, imprimir e colar nas portas dos estabelecimentos. “O QR code foi peça central para, a partir de uma ideia e execução criativas, alavancar soluções oferecidas
pelas empresas”, sustenta Waiteman.

Portas de lojas reproduziram QR codes gigantes em ação criada para a plataforma Tray (Divulgação)

Sem mistério
O caráter funcional da tecnologia também ajuda. Incorporar informações necessárias e obrigatórias dentro de um espaço físico restrito, de forma harmoniosa, com estética agradável e alinhada ao conceito da marca é um dos principais desafios das embalagens. “O QR code facilita esse processo atuando como uma janela que amplia o espaço, transformando a embalagem em um canal de comunicação e interatividade”, destaca Luis Bartolomei, sócio, CEO e head de criação da CBA B+G.

Da origem ao manual de instruções do produto, o recurso promove “interatividade, levando o público a experiências imersivas, acessos exclusivos, ações de realidade aumentada, ao filme da campanha publicitária e outros elementos muito além do design”, acrescenta Bartolomei.

O conteúdo gerado pela agência para o Creme de Leite Nestlé, por exemplo, levou a audiência a um ambiente online com receitas e dicas de utilização que não caberiam no rótulo. De acordo com dados do gerador de QR code QRTiger, 65% dos consumidores atribuem a impressão de QR code em embalagens ao senso de confiança. A expectativa é que este tipo de estratégia registre uma expansão de 8% nos próximos anos.

Sinal de eficácia
A TV conectada (CTV) estampa outro case. “O QR Code amplifica as mensagens publicitárias na CTV, e o mobile passa a ser uma extensão da experiência”, reitera Vanessa Delgado, vice-presidente de negócios da MetaX Software. Especializada em publicidade e operação para TVs conectadas, a empresa alcança 4,5 milhões de dispositivos no Brasil e 9,6 milhões de usuários, além de gerar mais de 150 milhões de impactos diários em telas grandes.

A ClickBus usou QR code em telas instaladas no Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo, para facilitar a compra de passagens (Divulgação)

Seja para o e-commerce, um app, cupom de desconto ou canal de conversa direta, o QR code entrega a mensagem, potencializando os resultados das ações. “Prova disso é que, em 2021, 100% das ações que realizamos na MetaX para diferentes clientes tiveram a presença do QR code em alguma etapa”, confirma Vanessa.

A TeleHelp é um deles. A empresa de monitoramento emergencial explorou formatos clicáveis de in-app banners na TV conectada para levar a audiência a uma landing page exclusiva, elevando o awareness da marca em regiões estratégicas. Da mídia out-of-home vem outra evidência de interatividade. A chance de materializar os benefícios oferecidos nas mensagens publicitárias é visível na estratégia da ClickBus, que usou telas instaladas no Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo, para gerar downloads do seu app e facilitar a compra de passagens.

Já a ONG Mano Down, que apoia crianças com síndrome de Down, aumentou em quase 400% o número de doações inserindo um QR code nos painéis da NEOOH, que direcionava o usuário ao canal de pagamento. “O mobile é uma das principais ferramentas para ampliar a interatividade entre o público e as mensagens nas telas de OOH”, comprova Leonardo Chebly, CEO da NEOOH.

Do carro à venda de um empreendimento imobiliário, o QR code manda o consumidor diretamente para o e-commerce, mobile ou perfil comercial de WhatsApp. É caminho certo para o ambiente de conversão.