Camila Costa é a principal executiva da operação brasileira da ID\TBWA (Divulgação)

Flexibilização e integração já eram palavras chaves na operação da ID\TBWA. Agora ficaram mais estratégicas ainda. Elas não se limitam mais às squads de desempenho, mas está consolidada em todas as escalas da agência liderada pela CEO Camila Costa.

“Fomos surpreendidos positivamente com o engajamento e a produtividade dos times, mesmo de forma remota”, ela afirma, lembrando que é vital “entender a visão e a necessidade dos seus clientes, consumidores e outros stakeholders” como o primeiro passo antes de propor posicionamentos.

Camila viu uma vantagem nesse momento de trabalho não presencial: “Posso até dizer que temos mais tempo dos clientes nesse formato do que antes.”

Confira os principais pontos da sua entrevista:

Como está sendo a disciplina operacional da agência nesse momento?

Importante pontuar que no ano passado, quando nem tínhamos ideia de que isso estava por vir, a iD\TBWA já tinha mudado seu modelo de organização das pessoas e lugares para “hot desking”. Promovendo cada vez mais a flexibilização e a integração entre os diferentes times, não só nas squads/mesas de performance, mas para quase toda a agência. 

Junto a isso, os testes de home office também já estavam acontecendo para alguns profissionais, e modelos de organização e ferramentas já estavam sendo testados. Isso nos fez ter mais agilidade em mudar a operação. Não que seja fácil migrar mais de 160 pessoas, cada um em um local diferente, com recursos de acesso não padronizados. Mas, sem dúvida, comemoramos de estar melhor preparados para as mudanças que foram necessárias.

A operação continua rodando super bem: acessos de rede por VPN, documentos compartilhados, sistema de delegação de tarefas e aprovações, ferramentas de conferência com os mais variados recursos conectando nosso time a clientes, parceiros e fornecedores.

E o mais importante: aprendizados diários, pesquisas de clima para captar sugestões de melhoria e novas iniciativas para oferecer ao time as condições mais adequadas para que, assim, possam fazer seu trabalho e contribuir com nossos clientes e com a agência da melhor forma possível.

Como tem sido a estratégia para manter os níveis de produtividade?

Além de todos os detalhes operacionais, temos garantido as entregas e a qualidade das interações. Fomos surpreendidos positivamente com o engajamento e a produtividade dos times, mesmo de forma remota. Nossa principal dedicação estratégica tem sido cuidar das pessoas nesse momento.

Sabemos que dando melhores condições de trabalho, disponibilizando as ferramentas adequadas e ajudando na organização de priorização de tarefas, nosso foco precisa estar mesmo em ouvir nossos profissionais e criar dinâmicas para também darmos surporte em frentes além do trabalho.

Profissionais que se sentem bem, produzem melhor.

Qual deve ser o tom das marcas?

Tom de proximidade e empatia com seus clientes. Essa é a única fórmula que vale para todas as marcas neste momento. Não tem receita pronta, cada marca tem seu público, território, objetivo e prioridade. Mas não dá pra se mostrar indiferente ao que está acontecendo. Humor, por exemplo, tem que ser muito cuidadoso.

Quais as recomendações aos clientes?

Ouvir antes de falar. Entender a visão e a necessidade dos seus clientes, consumidores e outros stakeholders deveria ser o primeiro passo antes de se posicionar. Sem dúvida, é fundamental que as marcas estejam conectadas aos seus públicos, monitorando para colher insights reais para suas comunicações.

A produção de comerciais mudou de formato?

Sim. Desde a pré-produção até a pós-produção. 

Como as filmagens presenciais estão restritas, toda a cadeia envolvida em produção está se mobilizando para inovar. Temos um super bom exemplo com a Café Royal para a Febraban, criando uma plataforma de conteúdo no formato de um canal de notícias. Estamos produzindo tudo de forma remota, super flexível, com muito mais agilidade e usando diferentes tecnologias. Também está sendo importante adaptar os perfis dos profissionais envolvidos, escopo de trabalho e investimento a esse momento. E se já era uma realidade as pessoas se tornando produtoras de conteúdo, agora, isso está mais acelerado do que nunca. Estamos tendo a oportunidade de participar com relevância, impulsionar, suportar e profissionalizar esse movimento.

Quais recursos estão sendo utilizados?

Em termos de ferramentas e tecnologia, usamos diversas plataformas para captação de vídeo e de áudio, como Webex e Whereby. Também estamos entregamos kits com computador, fone, microfone e modem de conexão para quem precisa participar das nossas produções, garantindo assim qualidade nas captações. Além disso, entramos de forma remota para configurar e acompanhar as filmagens. Estamos aprendendo muito com esse processo.

Muitas lives estão sendo feitas. Como elas podem ser favoráveis e desfavoráveis – do ponto de vista legal e de brand?

As lives estão sendo um excelente recurso para que os porta-vozes troquem experiências, convidem diferentes especialistas para debater um tema e consigam transmitir as iniciativas realizadas pelas marcas a um número maior de pessoas, com a oportunidade de se abrir para interações, perguntas e respostas. Vejo mais pontos favoráveis. Porém, o único ponto de atenção é não achar que isso substitui outras iniciativas e formatos. E claro, é preciso ter noção de que as pessoas estão interessadas no conteúdo e na troca, não em autopromoção.

Como tem sido o relacionamento e reuniões com diretores e produtoras?

Estamos positivamente impressionados com a flexibilidade e abertura com as produtoras para criar novas dinâmicas de trabalho adaptadas a este momento. 

A agência está sendo envolvida em trabalhos globais?

Sim, temos calls semanais com a TBWA envolvendo diversos mercados. Temos trocado muitas experiências e os ajudado a entender o momento do Brasil, além de adaptar algumas ações globais que estão para desembarcar por aqui.

E como esse tom deve estar conectado com o pós-coronavírus?

Temos que fortalecer o momento de retomada. Precisaremos voltar dando suporte às pessoas e a confiança necessária para a superação deste momento. Voltaremos diferentes e será preciso adaptar qualquer ação e campanha a isso. Teremos que voltar com garra para fazer a economia retomar.

Como está sendo feito o ambiente motivacional para a equipe cuja atividade é muito presencial?

Estamos cuidando ainda mais das pessoas e da cultura da agência, adaptados de forma remota. Na iD\TBWA as pessoas são a grande fortaleza e o ativo mais importante, afinal somos um player de inteligência e serviços de marketing. Estamos realizando: pesquisa de clima com retorno prático, iniciativas de descompressão, momentos online para celebração, conferência com toda a equipe da agência para discutirmos sobre o momento, as medidas a serem tomadas, iniciativas para melhorar nossa atuação no dia a dia. Enfim, temos tentado ouvir e agir da melhor forma possível.

E como esse mesmo aspecto nas equipes dos clientes?

Todos estão se adaptando e genuinamente empenhados em fazer tudo acontecer da melhor forma possível. Posso até dizer que temos mais tempo dos clientes nesse formato do que antes. Sem a necessidade (ou possibilidade) do deslocamento, sobra mais tempo para tratar do que é produtivo.