DNA criativo marca 25 anos da DM9

 

Se a DPZ foi a agência que ficou conhecida na história da publicidade como aquela que reuniu alguns dos maiores nomes da criação brasileira em todos os tempos – só para ficar em três exemplos, Washington Olivetto, Nizan Guanaes e Marcello Serpa – a DM9DDB não fica tão atrás. Por lá, ao longo de 25 anos, além do próprio Serpa, passaram nomes como Tomás Lorente, Erh Ray, José Borghi, Carlos Domingos, Sergio Gordilho, Jader Rossetto, Pedro Cappeletti, Camila Franco, André Laurentino, Michel Lent, PJ Pereira, Fernanda Romano, Sergio Valente, Aricio Fortes… e Nizan, claro, que no dia 19 de setembro de 1989, ao lado de Guga Valente, trouxe a marca DM9 – criada nos anos 70 por Duda Mendonça – para São Paulo e fundou a operação que na próxima semana chega aos seus 25 anos de atividade como uma das agências mais premiadas do mundo neste período. O que justifica ter sempre em seu casting os principais criativos do mercado.

Só em Cannes, o principal festival da comunicação mundial, foram 118 Leões, dois Grand Prix e quatro títulos de Agência do Ano (1997, 1998 e 2009, além de 2005, quando foi eleita a Agência Interativa do Ano). Dois destes Leões estão, um cada, na mesa de seus copresidentes – Paulo Queiroz e Alcir Gomes Leite. Que, apesar de serem os primeiros comandantes da agência que não vieram da criação – Paulo é da área de mídia e Alcir, atendimento –, acreditam e muito no valor do prêmio. “É muito importante. Para uma empresa que promete criatividade, esse valor tem que ser performado. E a questão não é nem o prêmio em si, mas sim o foco da inovação, em fazer diferente”, afirma Leite. “E a gente só deixa os últimos Leões em nossas mesas, para mostrar que precisamos ir atrás de mais”, completa Queiroz.

Segundo Leite, o que eterniza uma empresa é a cultura dela. “E eu e o Paulo somos os guardiões desta cultura, preparando a agência para os próximos 25 anos”, diz, falando que uma das principais características da DM9, além do DNA criativo, é o “talento de equipe”. “Primeiro você escolhe com quem vai fazer e depois o que vai fazer. É mais importante definir com quem você vai fazer história do que construí-la propriamente”, afirma o executivo.

E é aí que podemos voltar aos nomes citados no início do texto e que passaram pela agência em suas duas décadas e meia. Praticamente todos os citados, hoje, são não apenas criativos de renome, como líderes do mercado publicitário. Gordilho comanda a Africa, agência que assim como a DM9 pertence ao Grupo ABC. Erh Ray está à frente da operação brasileira do BETC. Borghi tem sua Borghi/Lowe. PJ Perreira foi fazer história nos Estados Unidos e comanda a Pereira & O’Dell, também pertencente ao ABC. O mais novo desta turma, Fortes, é hoje o número um da criação da Ogilvy & Mather no Brasil. “Desconheço alguém que tenha uma posição de destaque aqui que tenha se dado mal na profissão”, ressalta Queiroz, brincando com a analogia entre DM9 e DPZ. “Não é a toa esta nossa veia criativa. Nós somos ‘netos’ da DPZ e ‘filhos’ da W/Brasil”, diz, citando por último a agência fundada por Olivetto após sair da DPZ, e de onde Nizan saiu para fundar a atual DM9.

Quer dizer, atual, mas moderna. “E temos esta modernidade por termos em nosso quadro profissionais como o Marco Versolato (vice-presidente de criação), o responsável por tudo que sai daqui de dentro”, diz Leite.

“O modelo tradicional das agências de publicidade foi criado pelos Mad Men dos anos 1950, e isso mudou. Por isso fazemos algo hoje que sempre foi uma marca do Nizan – nos associarmos a pessoas talentosas”, afirma Queiroz.

Além de Versolato e dos dois copresidentes, outros sete profissionais formam hoje um board interno que é responsável pela cara da DM9. “Temos o Marcelo Passos, cria da casa, que foi para a Africa, voltou e representa hoje o que há de mais moderno em um profissional de atendimento; o Adrian Ferguson, nosso VP de mídia que trouxe da Wunderman uma experiência digital; a Laura Chiavone chegou ao planejamento e trouxe uma mudança no pensamento contemporâneo, nos ajudando a construir alguns conceitos para a agência do futuro; a Duda Lomanto, nossa diretora de RH, que entende de gente e define o que somos; o Rodrigo Leoni, nosso VP financeiro; a Lana Pinheiro, à frente do PR”, afirma Queiroz. “E, mais recentemente, o Igor Puga, que chegou à agência para dar empreendedorismo e lucro na área digital”, completa.

Queiroz diz que a DM9 entrega hoje ao Grupo ABC três itens importantes: o primeiro, clientes, tendo conquistado recentemente contas como Walmart, a parte digital do McDonald’s, BRF, produtos dentro da Johnson & Johnson e linhas do Itaú; o segundo, que é justamente preparar um time pronto para a sucessão dentro da agência; e, por fim, construir uma base sólida para o futuro da publicidade. “Do mesmo modo que Nizan voltou à agência (ele se afastou em 2000 para fundar o iG) em um período difícil, em 2002, e preparou o Sergio Valente para ser seu presidente, cargo onde ele ficou por oito anos, até assumir a direção de comunicação da TV Globo, e nós também, com anos de casa, assumimos o comando em 2013, temos aqui gente preparada para isso”, afirma Queiroz, com a autoridade de quem está na DM9 há 23 anos – e Leite, 19 anos.

Porém, quando o executivo fala de base para o futuro da publicidade, cita projetos como a Academia de Líderes, programa de educação continuada destinado aos publicitários da rede para que desenvolvam competências de gestão e liderança. Cerca de 50 executivos da DM9 participam de aulas ministradas por profissionais da Kienbaum, empresa alemã referência global em consultoria de gestão de negócios e recursos humanos.

Já com o objetivo de treinar jovens talentos que estão saindo das principais universidades de comunicação de São Paulo e aprimorar seus conhecimentos, a agência lançou o 9º semestre, inicialmente com foco na criação, mas que se estenderá para as demais áreas. Os pilares do projeto são democratizar a inclusão de formandos no mercado; preparar talentos em escala; promover renovação no mercado; e dividir conhecimento e aprender a cultura da DM9.

“Eu digo, rasgando seda mesmo, que este é um dos lugares mais sensacionais para trabalhar nesta profissão. Aliás, eu não, o mercado acaba de dizer”, afirma Leite, se referindo à pesquisa do Grupo Consultores que apontou a DM9 como a agência de melhor percepção no mercado brasileiro. “Fora que posso garantir que somos parceiros estratégicos dos nossos principais clientes. E quando eu falo em parceria estratégica, significa que eles não abrem uma loja, não lançam um produto sem nos consultar”, diz.

“Nos estabelecemos no eixo da criatividade mas melhoramos em função do tempo. Nossa principal marca é ser contemporânea. Participamos das grandes guerras da cerveja, do telecom, da compra de mais de 15 bancos pelo Itaú, que está conosco até hoje. Lançamos a internet no Brasil, com o UOL. Quando conquistamos a Honda, a montadora vendia 50 mil motos por ano. Saiu daqui vendendo 100 mil por mês. Essa empresa tem um conjunto de valores que são inegociáveis. E valor só é valor quando dói. É algo que está acima de sua vontade. E nossos valores são sentido de urgência, gerência, gestão, união e, como já foi dito, criatividade”, afirma Queiroz. “E lembramos todo dia que não somos uma agência local, como muitos gostam de dizer de suas empresas. Somos global, somos DDB, que adquiriu a DM9 quando esta já era um cachorro grande. E dentro da DDB, somos a operação mais criativa, temos o Versolato em seu board mundial de criação e respondemos por um dos cinco maiores faturamento da rede”, conclui o executivo.