O pacote para realizar a campanha do Partido dos Trabalhores em 2002 foi fixado pelo publicitário Duda Mendonça em R$ 25 milhões. Desse montante, Mendonça e sua diretora financeira Zilmar Fernandes da Silveira, afirmaram à CPMI dos Correios no início desta tarde que foram pagos R$ 14 milhões com recursos do próprio PT. A diferença foi quitada em 2003 pelo empresário Marcos Valério, sócio da SMPB e da DNA, com um depósito de aproximadamente R$ 10 milhões na conta da empresa offshore batizada de Dusseldorf nas Bahamas, de Mendonça e, segundo ele, aberta com orientação do Bank Boston. “Os depósitos foram feitos por Marcos Valério”, resumiu Mendonça. “Ele nos orientou a proceder dessa forma”, completou Mendonça.  Os sócios Mendonça e Zilmar também admitiram ter recebido dinheiro do empresário Marcos em uma agência do Banco Rural em São Paulo, aproximadamente R$ 1 milhão. Mendonça coordenou a campanha do presidente Lula na eleição de 2002. Parlamentares da CPMI, como a senadora Heloísa Helena (PSOL/AL), estranharam a operação. “Estranhamos a operação, mas tínhamos que ser pagos. A orientação foi do Sr. Delúbio Soares”, acrescentou. “O Sr. está afirmando que a campanha do presidente Lula foi paga com recursos de origem desconhecida? Isso é muito grave!”, obsevou a senadora alagoana. “O Sr. não desconfiou de nada e nem comentou com o presidente, de quem o Sr. é conselheiro, que estranhava a forma do recebimento dos recursos?”, acrescentou Heloísa. O senador César Borges (PFL/BA) também seguiu essa linha de raciocínio. Mendonça explicou à CPMI dos Correios que a Duda Mendonça Propaganda não tem nada a ver com as atividades da CEP (Comunicação e Estratégia Política), exclusiva para marketing político. “Desde o início separei as coisas. Na agência de publicidade o modelo é outro. Na política os procedimentos são outros”, afirmou Mendonça, enfatizando que faz questão de abrir seus sigilos bancário, telefônico e fiscal para provar sua idoneidade. Mendonça disse não conhecer Marcos Valério. “Soube que ele esteve no comitê no encerramento da campanha, mas não falei com ele”, relatou Duda. “Estive com ele algumas vezes, uma delas para um café na SMPB em um intervalo do congresso do PT em Belo Horizonte”, disse Zilmar. O motorista David Rodrigues Alves, que afirmou ter recebido dinheiro no Banco Rural para entregar a Mendonça e Zilmar, não é reconhecido pelos publicitários. O sócio de Marcos Valério. Cristiano Paz, em seu depoimento à CPMI ontem (10) também não reconhece Rodrigues Alves, que afirmou à CPMI que entregava dinheiro sacado no Banco Rural a ele na sede da SMPB em Belo Horizonte. O depoimento de Zilmar e Mendonça continua na CPMI dos Correios.