“É o momento das entidades empresariais repensarem o seu papel”
Até que ponto o escândalo da Lava Jato vai afetar a confiança dos brasileiros nos empresários? A questão veio à tona durante o Exame Fórum 2017, que aconteceu nesta segunda-feira (04), em São Paulo, e que reuniu lideranças empresariais, sociólogos e autoridades políticas. Durante a série de debates, o sócio das lojas Riachuelo, Flávio Rocha, revelou que a omissão dos empresários fez florescer, em primeiro lugar, o grande fator de perda da competitividade e que é preciso ter uma posição pró-ativa.
“Constato o estrago da nossa omissão, mas agora que saímos da toca, vejo com muito otimismo as perspectivas futuras. Vejo o empresário saindo de sua zona de conforto e assumindo um papel mais didático. Com a barriga no balcão vemos a beleza do funcionamento das engrenagens do livre mercado, tanto no processo de formação de riqueza, quanto no processo de distribuição de riqueza”, afirma Rocha.
Ainda segundo Rocha, é fundamental que os empresários tenham uma posição pró-ativa. “É o momento das entidades empresariais repensarem o seu papel. Embaixo desse mesmo teto há personagens com visões completamente diferentes. O empresário de conchavo quer o governo inchado. Ele quer uma teta para saciar o seu apetite. Se queremos realmente virar a página, construir um país em torno da democracia e, resgatar o papel da sabedoria e do livre mercado, temos que resolver este conflito na classe empresarial”, revela.
Flávio Rocha (a esquerda) debate sobre o papel do empresariado
O sócio das lojas Riachuelo, que foi candidato a Presidência da República pelo PL em 1996, relembrou o período político da década de 80 e revelou que a experiência lhe trouxe um jogo de cintura que a vida privada não tem. “Foram oito anos de grandes aprendizados. Mas hoje, estou muito mais preparado para contribuir com esse novo ciclo político da cadeira empresarial. E quando falo do protagonismo político do empresário, talvez seja mal interpretado, mas o protagonista das mudanças daqui para frente será o indivíduo, o empreendedor, as empresas”, diz Rocha.
O debate terminou com a reflexão de que a população brasileira não foi educada para entender como funciona o capitalismo. “Muitas vezes o consumidor acredita que o preço do tomate sobe pela ganância do produtor. As escolas preparam as pessoas para uma utopia socialista, enquanto deveria ensinar o capitalismo e o funcionamento do mercado. Este agora é o desafio mais importante do empresário. Ser didático”, finaliza Rocha.