Editorial: Acredite no Brasil

1. O publicitário Sergio Reis, que já ocupou a Secom no governo de Fernando Henrique Cardoso e é o principal responsável pelas gloriosas campanhas publicitárias do antigo Bamerindus, sugere que o mercado não descuide da crise econômica que o país todo atravessa, mas dê a sua colaboração através de uma campanha tipo “Acredite no Brasil”, para estimular os players a não desistir.

A ideia não é nova, aconteceu outras vezes em meio a sucessivas crises, tanto políticas como econômicas, que vitimaram o Brasil e que de certa forma contribuíram para elevar o ânimo do orgulho nacional.

Um dos expoentes desses movimentos da iniciativa privada foi uma campanha assinada pela Salles Publicidade, dos irmãos Mauro e Luiz, onde se destacava o famoso anúncio “O Brasil é maior que o abismo”, para se contrapor ao noticiário da mídia que reconhecia estar o país à beira do abismo.

Em virtude das dificuldades que hoje todos enfrentamos e cuja maior origem são os desmandos do atual governo federal em suas diversas esferas, aos quais se juntam gigantescas falcatruas, torna-se difícil reunir forças vivas da nação em torno da ideia de Sergio Reis, mas não impossível.

É bom lembrar, neste momento dramático de quebra de confiança em algumas importantes instituições, da resposta daquele passarinho que carregava água no bico para apagar o incêndio na floresta: “Pode não resolver, mas faço a minha parte”.

Se todos decidirem fazer a sua parte, a campanha sai. E pode até não resolver, pois a solução que o momento hoje exige ultrapassa os limites de uma boa campanha de levantamento do moral público, mas com toda certeza não será em vão.

Ela quem sabe reduzirá o estado de desânimo que se apoderou da população brasileira, ainda por cima castigada pelas crises hídrica e energética, além das chuvas torrenciais que se de um lado são bem-vindas por amenizar a falta d’água, do outro em certas regiões brasileiras causam estragos incalculáveis com as enchentes. Tudo o que não deve ser feito é o país prosseguir paralisado diante do cenário que vivemos e que a nós cabe modificar.

Esperar por milagres é exigir muito dos deuses e divindades.

2. O último boletim de auditoria do birô inglês ABC aponta as seguintes porcentagens da participação financeira (investimentos publicitários) nas plataformas digitais dos seguintes títulos, tomando-se por base o universo de 100% da receita de cada um: How It Works: 21,8%; Total Film: 16,8%; Wired: 14,1%; BBC History Mag: 10,4%; GQ: 9,4%; Vanity Fair: 8,6%; BBC Top Gear Mag: 7,2%; Men’s Health: 5,6%; BBC Good Food: 4%; The Economist – UK: 4%; Vogue: 3,8%; Cosmopolitan: 3,2%; Glamour: 1,1%; Good Housekeeping: 1,1%; e Marie Claire: 0,8%.

3. Fernando Chacon, nº 1 do marketing do Itaú, conta uma história engraçada sobre alunos de uma faculdade, todos socialistas e que não gostaram da primeira aula com um professor neoliberal. Este, percebendo o conflito ideológico com a classe, propôs na abertura da aula seguinte, prestigiando a ideologia deles, o seguinte critério de atribuição de notas: como eram 40 alunos naquela classe, todas as notas das provas seriam sempre somadas e divididas por quarenta, cabendo a cada qual a nota média resultante dessa divisão.

A classe rebelou-se, com destaque para os mais estudiosos, e não aceitou a proposta do mestre, que por sua vez pensou em ter contribuído para um melhor entendimento deles sobre o socialismo.

4. O editorialista agradece as inúmeras manifestações de apoio à nossa Carta Aberta à Presidente Dilma, publicada neste espaço, em nossa última edição.

*Presidente da Editora Referência, que edita o jornal propmark e as revistas Propaganda e Marketing