Editorial: Adeus 2014
A grande decepção foi a Copa do Mundo, que não gerou o volume de negócios que dela se esperava, não só devido ao fracasso da seleção brasileira (levando-se em conta, nesse particular, que boa parte desses negócios ocorreria com o Brasil chegando à final e, logicamente mais ainda, sendo campeão do mundo), como também pelo desequilíbrio da nossa economia.
Outro fator que influenciou bastante o pífio resultado para o mercado foi o encaminhamento das campanhas eleitorais na disputa para a Presidência da República. Elas se desenrolaram no pior clima possível, havendo mesmo quem o considerasse o pior de todos desde a redemocratização do país. A baixaria rolou solta, preocupando os grandes investidores da área da comunicação do marketing, que se limitaram ao mínimo indispensável para o atingimento das suas metas.
Segundo previsões de Orlando Marques, presidente da Abap, em entrevista concedida ao propmark na edição anterior (15/12), o mercado publicitário nacional deve crescer entre 6% e 8% este ano, o que significa, não tendo sido descontada a inflação nesses números, um eventual empate com 2013 e a possibilidade de, até mesmo, o registro final de um déficit, já que poucos levam em conta uma inflação em torno de 7%, segundo os dados oficiais.
Como se sabe, os números que produzem esses dados espalham-se por todos os segmentos econômicos, gerando uma média que pode ser injusta para a comunicação do mercado. Quem lida com números e custos neste mercado, bem sabe que se a inflação do país fosse calculada somente levando-se em conta esses dados, o resultado seria superior aos 7% da média nacional.
Como 2014 já é praticamente página virada, vamos todos torcer para que o ano novo seja melhor, embora as previsões até aqui se revestem de grande pessimismo. Está nas mãos do novo governo a ser empossado dia 1º – e esse novo fica por conta do nosso otimismo – um destino melhor para todos, economicamente falando. Se o pacote de maldades que está para ser anunciado for exagerado, corremos o risco de um sofrimento maior em 2015.
Caso, porém, a equipe econômica dos capitalistas – uma vez que Dilma II rejeitou os socialistas nessa pasta – decida planejar o conserto das finanças públicas no mínimo a médio prazo, a possibilidade de um ano melhor em 2015 aumentará.
Nunca como desta vez, a pressa será a grande inimiga da perfeição.
Espera-se do futuro ministro Levy o corte com faca afiada nos gastos de governo, evitando-se jogar toda a carga da recuperação sobre a iniciativa privada.
Todos sabemos que esta não pode trabalhar no vermelho e, portanto, o repasse ao consumidor será inevitável. Daí a nossa expectativa para que essa carga seja bem distribuída por todos os setores da nação e, se possível, com peso maior sobre os diversos graus de governo do país.
A derradeira esperança reside inclusive no rigoroso breque à corrupção desenfreada que atingiu o lado oficial da nação. Sem ele, não haverá remédio capaz de curar nossas feridas econômicas.
2. A propósito, alguém precisa explicar a Graça Foster, já que ela confessou em coletiva à imprensa não saber o significado da expressão “esquartejamento de concorrências”, que esquartejar é transformar um todo em pedaços, como vinha ocorrendo a favor do cartel das empreiteiras “disputando” as concorrências da Petrobras. Com o esquartejamento, todas ganhavam, facilitando o propinoduto que viria a seguir.
Simples assim.
3. Nosso colaborador Francisco Madia de Souza acaba de lançar a versão 2015 do seu “Marketing Trends”, registrando as mais importantes tendências do marketing para os próximos anos, tendo por base as informações publicadas e divulgadas em todo o planeta no ano passado e neste 2014, que muitos gostariam tivesse acabado bem antes.
O livro é editado pela M. Books e dividido em capítulos que facilitam a análise do leitor, com temas instigantes como “o pior cego é o que finge ver”, “sindicatos de mentira”, “o labirinto Brasília” e “já vi esse filme antes”, provavelmente o mais notório de todos.
4. Ainda sobre o nosso quadro econômico deste ano, a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) distribuiu na última semana um comunicado informando que 2014 fecha com uma queda de 1,7% na produção do setor, prevendo que em 2015 o mercado do segmento se retrairá em menor escala, com queda estimada em 1,1% na produção.
No comunicado, a Abigraf faz um registro da palestra de Roberto Duailibi, um dos sócios-fundadores da DPZ, sob o título “Quem falou em sociedade sem papel?”.
Sempre bom palestrante, Duailibi lembrou grandes previsões que não se confirmaram, como a de Bill Gates em 2004, afirmando que o problema do spam seria resolvido em dois anos.
O propmark destacou duas relevantes frases da apresentação de Duailibi: “Os leitores são a essência do nosso negócio. Sempre tivemos obstáculos. A indústria da comunicação sempre foi perseguida, desde os fenícios”; e “Eu aprendi que sempre que entramos o Natal com desconfiança, transformamos o ano em criativo e próspero”.
5. Texto da mensagem de Festas e Ano Novo da Fenapro: “2015 vai ser um ano melhor: Para quem acredita no que faz / Para quem trabalha sério / Para quem tem consciência que a propaganda é atividade ética, honesta, elaborada com base em princípios e valores morais e profissionais / Tendo sempre como objetivo obter resultados concretos para o anunciante, para o consumidor e para ela mesma / Como atividade cada vez mais valorizada / Geradora de progresso e que muito contribui para o desenvolvimento do país / É nisso que acreditamos”.