Editorial: Saco cheio

Não é o do Papai Noel, que este ano, assim como no Natal de 2015, diminuirá suas entregas. Falo do saco cheio do povo brasileiro com a sua classe política, que, desrespeitando até mesmo um momento de luto nacional com a tragédia da Chape, realizou sessões no Congresso para legislar em causa própria.

A condução foi desse senhor Renan Calheiros, que possui 11 inquéritos contra si em Segunda Instância e acaba de virar réu em um deles.

Calheiros é o retrato bem acabado de uma classe política que deslustra grandes antepassados. O Brasil piorou muito nesse quesito, provavelmente devido ao nosso baixo nível de exigência na hora do voto.

É preciso que se mostre ao eleitor, através de campanhas elucidativas, que nada têm a ver com o horário político eleitoral, a importância do voto de cada um de nós.

Os brasileiros não têm dado o devido valor às suas escolhas, talvez por minimizarem cada um o seu voto, acreditando que uma andorinha só não faz verão. Daí decorre que a soma de todos os votos dos que assim pensam produz resultados deploráveis.

Graças a isso, nosso sofrimento com a classe política não tem fim.

Os que nela se encontram, em sua grande maioria, pouco se incomodam com a situação dos seus eleitores, chegando a ultrapassar até mesmo esse absurdo de votar contra a vontade popular, em um dia de grande sofrimento para os verdadeiros patriotas, que atingiu até mesmo povos de outros países, em virtude das circunstâncias que cercaram o indigitado desastre aéreo.

Enquanto as hienas riam das suas maracutaias e do enfrentamento arquitetado contra o Poder Judiciário e os procuradores públicos, o povo colombiano, por exemplo, iniciava o desenho de uma grande homenagem às vitimas do acidente aéreo, que viu-se horas depois emocionar-nos às lágrimas.

O que move grande parte dos nossos parlamentares federais, tanto da Câmara como do Senado, que os tornam incapazes de perceber que o Brasil está mudado e já não tolera mais tanta desfaçatez?

Só nos resta torcer para que essa mudança de percepção do povo brasileiro atinja rapidamente o processo de escolha dos seus representantes políticos.

 

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Ainda sobre o desastre, a comparação que procuraram fazer com o que vitimou o time italiano do Torino, em 1949, tem muito pouco a ver. Agora que as coisas começam a ficar mais claras, não resta dúvida sobre alguns pontos essenciais: contratou-se uma companhia aérea de uma única aeronave, o que por si só é pouco recomendável. Em seguida, o fato dessa aeronave ser pilotada pelo dono da “companhia aérea”, recrutando auxiliares de bordo para trabalhar naquele voo, já é outra situação reprovável. O sujeito tudo tentaria, como tentou, para aumentar a lucratividade daquela viagem, chegando ao cúmulo de abastecê-la sem folga para uma emergência que o obrigasse a levar mais tempo que o previsto em voo.

A troca de palavras entre o piloto-empresário e a funcionária da torre do aeroporto de Medellín seria cômica se não fosse trágica.

Reproduzida pela mídia no dia seguinte, o que se viu foi o impossível: um querendo aterrissar por falta de combustível (que ele não abasteceu por economia), mas mantendo uma calma que é recomendável para todos os momentos de todos os pilotos do planeta, mas não naquelas circunstâncias. E a moça da torre, não tendo sido devidamente alertada para a gravidade da situação, dando preferência a outra aeronave que ironicamente vazava combustível.

No fundo, dois irresponsáveis brincando com a morte (dos outros), sem se dar conta do que estava a um passo de ser inevitável.

Outro detalhe muito estranho para um país como o Brasil, que possui razoável malha aérea, boas companhias de aviação e inúmeras possibilidades de se conseguir, tendo em vista a importância daquele voo repleto de atletas e jornalistas, condições financeiras melhores do que a que foi acertada com a desconhecida LaMia: qual teria sido o motivo da preferência por esta?

Além disso, há ainda a questão da Convenção de Chicago, que obriga a aeronave de qualquer rota comercial, a sair ou chegar no seu país de origem. Querem outra? O plano de voo da LaMia previa uma escala em Bogotá para reabastecimento do combustível e o piloto-empresário ignorou essa escala técnica.

Os especialistas em aviação dizem que para uma aeronave cair há que haver uma coincidência de fatores negativos. Um só, ou mesmo dois, dependendo das suas características, não bastam para a sua queda.

Pelo relato desse acidente, houve motivo de sobra para provocar o trágico desfecho, ficando claro para nós a irresponsabilidade do piloto-empresário.

É necessário, porém, que se investigue a fundo as razões da contratação da LaMia para esse fretamento. Pode ser que apareçam outros “erros”, porém conscientes. No submundo do futebol não seria de se estranhar, mesmo que muitos inocentes tenham pago com a vida por um negócio que pode ter virado negociata.

 

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Fundada em 1951 e iniciando-se como uma pequena escola de propaganda livre, a ESPM completou 65 anos, com unidades fixas em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, frequentadas por cerca de 12 mil alunos em seus diversos cursos, nos quais prevalecem o marketing e suas disciplinas.

A tradicional escola teve em Rodolfo Lima Martensen o seu primeiro presidente e um dos fundadores, sendo depois gerida sucessivamente por Otto Scherb, Francisco Gracioso, Luiz Celso de Piratininga Figueiredo, José Roberto Penteado e, desde 21 de novembro, por Dalton Pastore, que criou um novo slogan para a entidade: Perenidade e Excelência.

A ESPM é conduzida por uma Assembleia Geral de notáveis do mercado, que elege de dois em dois anos os Conselhos Deliberativo e Fiscal dentre os seus integrantes.

 

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Nosso colaborador bissexto Emmanuel Publio Dias deixou a vice-presidência corporativa da ESPM, na qual voltará a lecionar a partir do próximo ano. No seu dia a dia, Emmanuel Dias passará a fazer parte da SPG&A Assessoria de Comunicação, pertencente à família de Luiz Sales e ao publicitário Alex Periscinoto.

Ele já prepara o projeto do Young Lions 2017, que desenvolve há anos em parceria com o PROPMARK, levando jovens profissionais ao Cannes Lions através de seus trabalhos eleitos por um júri de ex-Youngs, que anualmente escolhe um número de vencedores de acordo com as cotas de patrocínio cooptadas no mercado.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda