Editorial: Só se vive uma vez
A verdade é que a exacerbada divisão de opiniões quanto ao que poderia contribuir para solucioná-la, caminha no mesmo passo da incapacidade das pessoas que foram colocadas nos altos postos da nação sem estarem preparadas para tanto.
Percebe-se com clareza agora, que por não saberem distinguir o certo do certo, já que o certo do errado é mais fácil, condenam o Brasil a passar vergonha mundo afora e seus cidadãos a sofrerem todo tipo de dificuldades que até há pouco tratava-se de um destino inimaginável.
Em meio à confusão de propostas, pairam duas que se referem à mesma pessoa: a presidente da República deve renunciar ou ser legalmente impedida de prosseguir o seu mandato, ou a presidente deve cumpri-lo até o fim, o que por sua vez redunda também em no mínimo duas possibilidades: acabará acertando com o passar do tempo, o que hoje é algo remoto, ou completará o seu ciclo com erros ainda maiores, impedindo, dessa forma, a continuação do ciclo lulopetista a partir de 2019.
O leitor apartidário percebe e deve concordar que poucas saídas nos restam para o retorno do país ao mínimo de normalidade na sua economia e idem na política.
Diante desse cenário, cabe-nos, aos cidadãos que nenhuma culpa têm por todo esse quadro caótico e de pouca ou nenhuma esperança, a não ser eventualmente terem apertado o botão do sim das urnas eleitorais a favor da atual presidente da República, mais por boa fé em sua grande maioria do que por ideologia ou qualquer outro tipo de interesse pessoal, fazer do nosso dia a dia uma luta constante para o aperfeiçoamento e melhor rendimento do nosso trabalho.
São situações como a do nosso atual cenário político e econômico, que acabam revelando novos e grandes talentos nos mais diversos segmentos da atividade humana, contribuindo de forma natural e sem grandes traumas, para uma nova etapa da vida nacional.
Temos que pensar, cada um e cada qual, que só se vive uma vez e, por isso, não devemos pôr a perder parte importante das nossas vidas por uma escolha que não passou de uma ilusão para os que nela apostaram.
Os mais recentes índices de aprovação da presidente da República, em queda livre, são o retrato fiel do grande erro cometido. E que não se cometa outro para repará-lo, pois o resultado tem tudo para ser ainda pior.
O que mais se lamenta, contudo, é o tempo a ser perdido (uma boa parte já foi) e o sofrimento infringido a dezenas de milhares de pessoas e suas famílias, em um país que tinha tudo para continuar dando certo e que hoje oferece no curto prazo poucas esperanças de uma vida melhor.
2. Nos últimos dias, a imprensa estrangeira, dos mais diversos países do planeta, tem se ocupado da nossa péssima situação econômica, com severas críticas ao atual governo brasileiro.
O controle da mídia, volta e meia objeto de lembrança por parte de grupos ou pessoas ligadas ao círculo do poder, nada poderia fazer contra esses comentários que pipocam no jornalismo das mais diversas partes do mundo, deixando claro que não se trata de implicância, ou outro tipo de motivação, o que diariamente se lê na mídia nacional.
Trata-se, pura e simplesmente, do exercício da razão na maneira de olhar ao redor e comentar, além de registrar. A mania de perseguição revelada por certas autoridades não pode comprometer a liberdade de expressão e de opinião que constituem o sustentáculo da imprensa livre.
Como se costuma dizer diante de qualquer situação adversa, quem não deve não teme. Mais que nunca em nosso país, o aforismo está sendo usado revelando a perplexidade que se apossou da grande maioria de brasileiros que se conformariam até com a mediocridade de alguns figurões da República, mas não com a sua inegável desonestidade.
3. Para a corrente de pensamento que julga a mídia tradicional coisa do passado e com os dias contados, a notícia da operação de venda e compra do Financial Times é o oposto da sua pregação.
Disputado por poderosos grupos internacionais de mídia, o jornal Financial Times acabou sendo adquirido por US$ 1,3 bilhão pelo japonês Nikkei, que superou a oferta do concorrente alemão Axel Springer.
Como curiosidade, o valor da operação é cinco vezes maior que o pago por Jeff Bezzos ao adquirir o controle do Washington Post em 2013.
4. A quem interessa manter Henrique Pizzolato preso na Itália, evitando, através de conchaves políticos internacionais, sua extradição para o nosso país?
Nossas fontes garantem que Pizzolato, uma vez no Brasil, poderia se transformar em nitroglicerina pura no caso de delação premiada.
5. Do nosso colaborador bissexto e leitor assíduo do propmark, Emmanuel Publio Dias: “Tão sintonizados, seu último editorial e o lúcido artigo do Dalton Pastore (propmark, 20/7), que poderiam ser lidos em sequência, como se fossem um só.
Abordando vertentes do mesmo problema, vocês relembram e enfatizam o papel da comunicação, seja para o aprimoramento da cidadania, seja para o desenvolvimento de mercados, valores e marcas.
Na sua privilegiada condição de profissional experiente e líder de classe, Dalton Pastore nos relembra que já passamos por outras crises, diferentes em qualidade e profundidade, mas com o mesmo efeito deletério de retirar do povo, do consumidor, do empresário, o desejo de agir, reagir, empreender. E o papel fundamental da publicidade para a retomada.
Muito bom ler estes dois artigos, justamente na semana em que duas das maiores marcas de nosso mercado (Sadia e Perdigão) voltam a disputar a preferência do consumidor, utilizando exatamente as armas da comunicação”.
*Presidente da Editora Referência, que edita o jornal propmark e as revistas Propaganda e Marketing