Se você, estimado leitor, não conheceu de perto o genial Alex Periscinoto, não sabe o que perdeu. Se o conheceu muito pouco, ainda assim, perdeu muito, embora nesse caso podendo se vangloriar de ter tido contato com um dos maiores gênios da publicidade brasileira.

Figura humana exemplar, modesto para a grandiosidade do seu talento, Alex Periscinoto deixará saudades em todos os que tiveram a sorte de conviver um pouco mais com ele, bebendo da sua sabedoria e do seu inacreditável talento para resolver ou mesmo criar peças e campanhas publicitárias dos clientes da AlmapBBDO.

Tivemos a sorte de conviver muito com ele, não apenas por força do PROPMARK, como também dos eventos que eram (alguns ainda são) promovidos pela Editoria Referência, como a Semana da Criação e outros.

Alex Periscinoto, nessas apresentações, não tinha roteiro. Ia em frente como quem sabe (e como ele sabia!) o que está falando e o que vai falar na sequência.

Suas palestras não tinham lugares vazios. Ao contrário, via-se o auditório, seja lá onde fosse, lotado e ainda com muitos interessados em pé, aplaudindo o mestre dos mestres.

Suas histórias podiam ser verdadeiras ou até folclóricas, mas encantavam a todos. Fui testemunha presencial de muitas delas e garanto aos nossos leitores deste editorial que jamais houve uma que deixasse de agradar, sempre com um lado cômico que atraía multidões.

Entre suas muitas virtudes, ressaltava a modéstia, o jeito de se perguntar “será que estou certo”, sempre que discorria sobre determinado assunto, geralmente ligado à carreira que abraçou e só largou quando suas forças físicas esgotaram-se.

Mesmo assim, no repouso do seu lar, junto com sua mulher, recebia alguns amigos saudosos do brilho dos seus olhos e do vigor do seu espírito.

Fui um deles e me encantava sempre que conversávamos, mesmo sobre assuntos repetidos. Ele sabia buscar um jeito de contar de forma diferente um “causo” que fazia parte do seu currículo profissional, ou de um imaginário fantástico que seu cérebro e memória privilegiados guardavam com carinho, para a próxima conversa com um ou mais amigos.

Lembro-me bem quando o Festival de Cannes, ainda controlado pela SAWA, o convidou para ser o primeiro jurado brasileiro a integrar o corpo de juízes que teriam a missão de escolher os melhores filmes publicitários dentre todos os inscritos no Festival (até então o Festival somente julgava filmes). Isso se deu em 1973 e, a partir daí, nenhum brasileiro mais deixou de ser convidado pelos organizadores do famoso evento publicitário, pois sabiam que a escola deixada por Alex formava alunos em todo o mercado publicitário brasileiro.

Nada mais apropriado sobre ele nestes primeiros dias em que não mais o temos do que repetir apropriadamente a frase tão brasileira e tão própria para personagens como Alex: “Morre o homem, fica a fama”.

Leve para a galáxia em que você agora reside, meu querido mestre e amigo, seu incomensurável talento e o seu cativante humor, que faziam as pessoas que pouco o conheciam acreditar que se pode ser grande sem abandonar, por um minuto que seja, a alegria de viver.

O que posso dizer a você, meu querido amigo, neste final de artigo, é que eu tive a sorte de conhecê-lo e aproveitar dos ensinamentos contidos em suas famosas histórias, por muitos e muitos anos.

Fique com Deus, que saberá também rir das suas histórias maravilhosas, verdadeiras ou criadas pela sua superior capacidade de imaginar.

Só posso lhe dizer neste momento ainda de dor que você fará falta, muita falta mesmo. A todos os que o conheceram e o admiraram por tudo isso que aí em cima está escrito e muito mais que não pude presenciar, mas que sem dúvida causaram a mesma boa impressão que as suas histórias que eu conheci me causaram. Sem falar do seu trabalho realmente criativo, brasileiramente criativo, que muito contribuiu para o desenvolvimento colossal da Almap- BBDO neste país de tão poucos Alex.


Ainda encontra-se aberto o prazo para inscrições de trabalhos no Colunistas São Paulo 2020. Os interessados podem procurar a Nanny Lima, aqui na Editora Referência, que ela os atenderá como sempre.

O Colunistas é a mais completa demonstração da qualidade dos trabalhos publicitários brasileiros, através das suas diversas seções e respectivos júris, que julgam com o olhar local, algo ainda impensável em muitos concursos publicitários, cujos jurados comparam regiões do Brasil com Nova York.


Imperdível a matéria sobre o aniversário de São Paulo, mostrando a diversidade (inclusive na propaganda) da cidade, que completa 467 anos nesta segunda-feira, 25.

São Paulo, no setor publicitário, sempre produz trabalhos vencedores não apenas nos concursos espalhados pelo mundo, como o próprio Colunistas, mas no movimento de vendas dos anunciantes, razão primeira de qualquer peça ou campanha publicitaria.


Também imperdível nesta edição a matéria sobre as iniciativas das agências para manter o bem-estar e a saúde mental dos seus funcionários durante a pandemia que, se Deus for mesmo brasileiro, como dizem, fará diminuir e cessar antes de qualquer outro lugar do mundo. Assim seja.