Os players do mercado publicitário brasileiro, onde se incluem agências, meios, produtoras, prestadores de serviços, entidades representativas das diversas classes que formam esse vasto mercado e por fim os anunciantes, para quem todos os acima descritos trabalham (ou querem trabalhar), além do grande público consumidor brasileiro, um dos mais apaixonados do planeta pela propaganda com a qual se defronta diariamente, todos, enfim, sabem que o retorno ao trabalho nos seus lugares de origem antes da pandemia não será o mesmo.

As mexidas nos lugares de trabalho que a pandemia os obrigou a fazer, onde a mais importante foi o home office, que agradou a funcionários pela comodidade de trabalhar em casa protegendo-se do risco de aumentar o número de vítimas do coronavírus, despertaram na cabeça dos dirigentes de empresas desses diversos segmentos a oportunidade sempre procurada da diminuição de custos, que será ainda maior se as atuais sedes das grandes agências, por exemplo, forem devolvidas aos locadores.

Já afirmamos em editorial anterior que, passada a pandemia e seus efeitos devastadores, pode não ser nada agradável o que sempre se caracterizou na publicidade como a força do trabalho em equipe, principalmente na criação, onde as ideias brotam aos borbotões. Também não será agradável para os representantes dos veículos e dos fornecedores em geral apresentarem suas novas ideias ao pessoal das agências através de meios eletrônicos.

Mas, em época ainda de forte retração econômica, que não se sabe quando terminará em nosso país, podendo inclusive piorar – e muito – como efeito dessa pandemia, o bom proveito da qualidade oferecida pelo trabalho em equipe pode pela primeira vez na história da propaganda mundial, onde as grandes marcas desse mercado se consagraram não apenas pela qualidade do seu trabalho criativo, mas também pela grandiosidade das suas sedes (vide os cinco últimos anos em São Paulo), ser relegado a um plano inferior.

A verdade é que estamos atravessando um momento de muitas dúvidas, em que o melhor para determinado segmento desse vasto mercado pode não servir de estímulo para outros segmentos desse mesmo mercado. Os próprios anunciantes têm percebido essa contradição e preferem deixar a escolha para o comando dos seus prestadores de serviços.

A propaganda pode não ter mudado na sua essência e obrigação de oferecer o melhor em comunicação publicitária aos seus clientes anunciantes, mas a pandemia ofereceu aos seus financeiros a oportunidade da incansável e obrigatória redução de custos e aí reside a grande dúvida deste momento.

O governo de São Paulo, que tem sido um dos mais atuantes no combate ao mal que a todos aflige, até porque João Doria, em boa hora escolhido pelos eleitores para governar os paulistas, tem origem e verve publicitárias, muito provavelmente devido ao seu tradicional e sempre reconhecido pioneirismo, vai liberar nos próximos dias, senão o estado, ao menos a sua capital, para o retorno que, salvo algumas exceções, muito se aproximará do que éramos antes da pandemia.

Vamos torcer para que uma vez mais acerte e possa proporcionar à atividade publicitária de São Paulo uma volta à normalidade, senão em busca de melhores resultados financeiros para os players desse negócio que fez e faz o país muito admirado lá fora, mas ao menos proporcionando a recuperação imediata do segmento em todas as suas possibilidades e principalmente na manutenção de um elogiável trabalho criativo no produto final das agências.

A crise sanitária não poderá ceifar esse galardão do nosso mercado, que levou décadas para ser reconhecido não apenas lá fora, mas também dentro do Brasil. Acreditamos inclusive que a própria atividade publicitária, fortalecida logo após o seu retorno pleno ao trabalho, prosseguirá se esforçando para que a marca São Paulo seja sinônimo de publicidade de boa qualidade e que realmente funciona, além de encantar e provocar não raros aplausos dos consumidores.


Elogiamos o governador paulista João Doria no texto ao lado pelos cuidados que tem com a comunicação das etapas de atuação do combate ao coronavírus pelo seu governo e faz-se acrescentar também aqui o seu esforço pessoal e da sua equipe para chegar até nós a matéria-prima necessária à produção da vacina, contra esse que já podemos chamar de mal do século, embora ainda a ser completada a quinta parte dessa sequência de cem anos.

Temos acompanhado de perto o trabalho de Doria e sua equipe, com relação principalmente à questão que essa grave epidemia sanitária nos trouxe, percebendo o seu elogiável esforço no combate ao mal, acumulado com a sua preocupação em reduzir ao máximo o número de vítimas do mesmo.

Lembramos dos primeiros momentos de discussões ao vivo na tevê sobre os melhores caminhos a serem trilhados, inclusive alguns com a presença do governador de São Paulo e do presidente da República. Acreditamos hoje que o bom senso de João Doria tenha se imposto, afastando das reuniões quem ali estava apenas para marcar presença.


Nossa matéria de capa desta edição do PROPMARK traz um especial sobre out of home, retratando um movimento para o pós-pandemia. Como mostra a matéria assinada pela editora Neusa Spaulucci, “a mídia OOH foi a que mais sofreu com o isolamento social provocado pela Covid-19. Apesar disso, levantamento realizado pelo PROPMARK junto aos principais players do segmento aponta que as empresas mantiveram a atividade com mensagens de utilidade pública e criaram projetos que envolvem alta tecnologia para quando tudo passar”.


Não poderíamos deixar de registrar matérias sobre as conquistas e movimentação nas agências: Africa ganhou a conta de Petlove (líder no setor de e-commerce pet no Brasil); David conquistou Toyota; F.biz e Y&R formaram joint venture para atender a conta de Visa; Grupo Artplan se reposicionou e passa a chamar Grupo Dreamers; Wunderman Thompson ganhou a mídia de Duracell (esta semana foi uma das mais movimentadas da quarentena em termos de quantidade de novos negócios, troca de contas, para as agências de publicidade no país).


Também imperdível a matéria sobre o aumento da presença de mulheres nas câmaras que analisam ética no Conar. Apenas mulheres foram indicadas para o Conselho de Ética desse importante órgão da propaganda brasileira, na cota pertencente à Abap: Priscila Menezes (Artplan), Andrea Hirata (Leo Burnett), Priscila Ceruti (dentsumcgarrybowen), Carol Escorel (Talent Marcel), Laura Esteves (DPZ&T), Luciana Rodrigues (Grey) e Juliana Vilhena Nascimento (F.biz), que passam a integrar o colegiado das oito câmaras de análise de peças publicitárias.


Imperdível a entrevista com Carolina Pires, diretora de marketing, produto e vendas da Lupo (cliente da WMcCann), que está ativa na produção de produtos para o combate da Covid-19, como máscaras especiais, e afirma que teve de rever toda a estratégia de lançamento do ano por causa da pandemia.


Roberto Duailibi, o D da antiga e sempre admirada DPZ, tinha e tem razão, ao não parar de repetir, desde aquela época, que a propaganda é a profissão mais feminina que existe.